Zika dispara em Goiás e casos em 2022 já são 66% de todo o ano passado

Proliferação Aedes Aegypti

Os casos de zika em Goiás nos primeiros quatro meses deste ano já correspondem a 66% do total confirmado em todo o ano passado e a quantidade de notificações da doença é maior que a metade dos registrados em 2021. A doença causadora de microcefalia em fetos de gestantes infectadas pôs o mundo em alerta após publicação de um estudo que sugere a possibilidade de nova epidemia.

Ainda não há confirmação de gestantes com o vírus em 2022 no estado, porém, são 10 pessoas doentes até 2 de abril, segundo dados do painel de indicadores do site da Secretaria Estadual de Saúde (SES). A maioria é de Monte Alegre de Goiás (3), seguido de Campos Belos (2), Novo Gama (2), Goianira (1), Goiás (1) e Goiatuba (1). No passado foram 15, ao todo. As notificações somam 85 contra 158 do ano passado com Luziânia sendo líder acompanhada de Goiânia, Campos Belos, Trindade, Aparecida, Monte Alegre de Goiás, Goianira, Senador Canedo, Vianápolis e  Morrinhos.

A SES Goiás alerta os municípios goianos desde outubro do ano passado sobre aumento de casos e necessidade de controle do inseto em meio ao período de chuvas. “É importante que os gestores municipais priorizem ações de controle sanitário, como a limpeza urbana, visitas dos agentes de saúde aos domicílios e aplicação de fumacê nos locais específicos”, afirmou à época a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim.

Em 2016, um surto de zika no Brasil chamou atenção para o risco de transmissão pelo mosquito Aedes Aegypti, o mesmo que leva dengue e chikungunya. A dificuldade em conter o avanço dessas enfermidades em toda a América (exceto Canadá e Chile) e Ásia levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a criar um plano de combate que inclui febre amarela na lista.

A ameaça de disseminação desenfreada dessas doenças ameaça a vida de 4 bilhões de pessoas no mundo. A ideia da entidade internacional é ajudar autoridade sanitárias a monitorar riscos e prevenir, detectar e responder pandemias. De acordo com cientistas norte-americanos,  novas variantes dos vírus causadores dessas doenças podem desencadear avalanche de casos no mundo conforme divulgado no periódico científico Cell Reports.

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Restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos faz descoberta de cemitério de africanos escravizados

A restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Jaraguá, culminou em uma importante descoberta arqueológica: um cemitério com mais de 200 anos. Durante as escavações para a implantação de um sistema de drenagem, os arqueólogos encontraram ossadas que, segundo especialistas, são possivelmente de africanos escravizados e negros libertos.

A obra, iniciada em abril deste ano, é realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), com um investimento de R$ 3,5 milhões. A conclusão está prevista para 2025. A descoberta das ossadas aconteceu em novembro, quando 35 ossadas foram exumadas sob o calçamento externo, e centenas de outros túmulos foram identificados.

Importância Histórica e Cultural

“É uma descoberta importantíssima para a história de Jaraguá e do estado de Goiás, pois nos permite resgatar a memória histórica de um período significativo para a formação cultural”, ressalta a secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes. Este achado reforça a importância da preservação do patrimônio material e imaterial, conectando-nos com as raízes de nossa história.

Além das ossadas, os trabalhos também revelaram, com a remoção do piso de madeira, 56 campas funerárias numeradas dentro da igreja. Segundo os arqueólogos, há cerca de 150 sepultamentos nas laterais, no fundo e no pátio frontal da igreja. “Tem um sepultamento atravessado embaixo da escada da igreja, então quer dizer que aquela escada não é tão antiga, não é a original da construção. Em alguns locais a gente encontrou sobreposição de esqueleto, ou seja, existia o uso contínuo dessas covas”, conta o arqueólogo Wagner Magalhães.

A equipe agora enfrenta o desafio de extrair o máximo de informações possíveis sobre os esqueletos, que estão em péssimas condições de preservação devido ao solo úmido do local. As ossadas retiradas serão estudadas em laboratório para obter informações sobre sexo e faixa etária. Posteriormente, será feito um levantamento histórico com base nos registros de batismo e morte.

“Foi um trabalho surpreendente não só porque é inédito, mas é uma coisa que está mexendo com a memória. Quem eram essas pessoas? Apesar de não ter a história completa, a gente tem uma ideia do que aconteceu ali”, ressalta a arqueóloga Elaine Alencastro.

Educação patrimonial

Após o trabalho de curadoria da equipe arqueológica, a Secult, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Goiás, vai oferecer uma ação de educação patrimonial na igreja. “Todas as nossas obras já possuem tapumes educativos que contam a história do edifício, mas, com essa descoberta, vamos montar uma estrutura na igreja para que todos possam conhecer mais sobre essa história que ficou escondida durante tantos anos”, adianta a superintendente de Patrimônio Histórico e Artístico da Secult, Bruna Arruda.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi construída em 1776 pela irmandade de negros de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Nessa época, era comum a construção de igrejas específicas para a população negra. “Essa igreja foi dedicada aos pretos e foi construída por eles, e a população africana teve um papel importantíssimo até para a formação da cidade de Jaraguá. Então o que a gente tem aqui é um pouquinho da nossa história e traz também um pouco da história do início das minas de ouro, desses povos que trabalharam lá”, explica Wagner Magalhães.

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