Saiba por que o Telegram preocupa autoridades no Brasil

As eleições de 2018 marcaram o Brasil com a propagação de desinformação por meio de mídias digitais. Os aplicativos de mensagem ganharam papel central na guerra de discursos políticos, que quatro anos depois, ganharam um novo personagem: o Telegram.

O mensageiro causa tensão entre autoridades devido à falta de moderação que permite o cometimento de crimes eleitorais e penais já tipificados e outros ainda sem previsão legal, por isso pode ser banido no País.

O risco de proibir o aplicativo exalta os ânimos pelo medo de se tornar um tipo de censura dos meios de comunicação. A possibilidade foi levantada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que alega várias tentativas frustradas de contato com a empresa e a ausência de escritório no Brasil – o aplicativo russo está sediado em Dubai.

A medida também vem sendo cogitada pelo governo alemão com o aumento de disseminação de grupos com discurso de ódio e antivacina. No cenário brasileiro, o cerne da questão envolvendo o Telegram é a dificuldade em estabelecer o mínimo de diálogo para manter uma parceria contra o espalhamento de notícias falsas e extremismos, a exemplo do que já ocorre com os principais nomes do segmento, como Whatsapp, Facebook e Twitter.

Atualmente, a Polícia Federal e Ministério Público Federal realizam investigações nas áreas criminal e cível, respectivamente. O temor é pela repetição do cenário eleitoral do último pleito presidencial, principalmente considerando o crescimento do mensageiro entre os usuários que saltou de 15% em 2018 para 53% dos smartphones no país neste ano, de acordo com o MobileTime e o Opinion Box.

Sem contato com as autoridades brasileiras ao menos para esclarecimento sobre ferramentas de moderação, detalhes sobre outros tópicos possivelmente não ocorrerão e se torna impossível aplicar sanções em caso de algum tipo de violação, como multa.

Bloqueio

O objetivo do bloqueio no Brasil seria obrigar o fundador da ferramenta, Pavel Durov, a conversar com autoridades brasileiras sobre a moderação no mensageiro apesar de o aplicativo alegar permitir a circulação de conteúdos em prol da liberdade de expressão.

A atuação do TSE deve ganhar respaldo ou reforço do Legislativo federal, pelo menos se depender do presidente do TSE, Luís Roberto Barroso.  “Na volta do recesso parlamentar, vou levar o tema aos demais ministros. Qualquer posição nessa matéria deve ser institucional, do tribunal, e não do presidente. Pessoalmente, no entanto, acho que o ideal seria o Congresso Nacional cuidar disso”, declarou ele.

Sem controle

Falta de moderação ajuda a espalhar fake news por causa dos inúmeros grupos no Telegram com temas sensíveis à Justiça e pelo fato de alguns deles estarem sob comando de pessoas banidas de aplicativos populares.

É o caso de do blogueiro Allan dos Santos, um foragido ativo no mensageiro onde possui um canal com mais de 120 mil seguidores. Ele divulga notícias de extrema direita e de cunho conservador e está sendo acusado de integrar o Gabinete do Ódio responsável por atacar adversários do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais.

O próprio Bolsonaro tem um canal no Telegram com mais de 1 milhão de inscritos no qual publica conteúdo e  vídeos diariamente. Os filhos dele também estão presentes no aplicativo: o senador Flávio Bolsonaro tem 92 mil seguidores, o vereador Carlos Bolsonaro  contabiliza 69 mil e o deputado Eduardo Bolsonaro possui 52 mil.

Alternativas

O Twitter, Facebook, WhatsApp e TikTok foram procurados pelo TSE, PF e MPF para responder ao mesmo questionamento sobre o funcionamento dos mecanismos internos de controle. Todos se dispuseram a colaborar.

O processo de tentar limitar ou moderar o conteúdo, no entanto, pode ser frustrado. Os usuários tem procurado opções de plataforma para migrar, da mesma forma como o Telegram agora reúne “ex-Whtasapp”, com destaque vai para Reddit e Gettr.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Policial Militar é indiciado por homicídio doloso após atirar em estudante de medicina

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou que as câmeras corporais registraram a ocorrência. O autor do disparo e o segundo policial militar que participou da abordagem prestaram depoimento e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações. A investigação abrange toda a conduta dos agentes envolvidos, e as imagens das câmeras corporais serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
 
O governador Tarcísio de Freitas, de São Paulo, lamentou a morte de Marco Aurélio por meio de rede social. “Essa não é a conduta que a polícia do Estado de São Paulo deve ter com nenhum cidadão, sob nenhuma circunstância. A Polícia Militar é uma instituição de quase 200 anos, e a polícia mais preparada do país, e está nas ruas para proteger. Abusos nunca vão ser tolerados e serão severamente punidos,” disse o governador.
 
O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Claudio Silva, avalia que há um retrocesso em todas as áreas da segurança pública no estado. Segundo ele, discursos de autoridades que validam uma polícia mais letal, o enfraquecimento dos organismos de controle interno da tropa e a descaracterização da política de câmeras corporais são alguns dos elementos que impactam negativamente a segurança no estado. O número de pessoas mortas por policiais militares em serviço aumentou 84,3% este ano, de janeiro a novembro, na comparação com o mesmo período do ano passado, subindo de 313 para 577 vítimas fatais, segundo dados divulgados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) até 17 de novembro.
 
O Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp) do MPSP faz o controle externo da atividade policial e divulga dados decorrentes de intervenção policial. As informações são repassadas diretamente pelas polícias civil e militar à promotoria, conforme determinações legais e resolução da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP).

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Isso vai fechar em 0 segundos