Prestes a completar dez anos e com o julgamento iminente, o caso Valério Luiz voltou ao noticiário por outro motivo. Um gol foi dedicado pelo narrador esportivo Romes Xavier ao acusado de mandar matar o comentarista (Valério Luiz), Maurício Sampaio, na cabine de imprensa que leva o nome do jornalista assassinado em 2012. Para o filho e advogado do repórter, trata-se de mais uma das ações para tentar ganhar apoio.
“Não tem nada novo quanto a audácia. É claro que os meios de ação do Sampaio diminuíram. Ele foi identificado oficialmente pela Polícia Civil e pelo Ministério Público como mandante do crime, responde pela acusação formalmente e perdeu o cartório. Isso tira dele parte do poder e influência de antes, mas ainda as tem muito”, diz. Valério Luiz Filho considera a situação triste, ainda mais por ter ocorrido com quem, segundo ele, “deveria ter um mínimo de consciência da própria classe”.
A indignação do advogado foi a mesma de ouvintes da rádio onde era transmitida a partida entre Aparecidense e Atlético no último sábado (12). Foram eles quem informaram Valério Filho da dedicatória. Ele afirma não saber qual tipo de relação a diretoria do Atlético mantém com a equipe do Romes Xavier, mas que haveria um favorecimento estranho da opiniões deles a favor dos diretores do clube a ponto de ”defenderem o indefensável”.
“É uma decepção porque quando aconteceu o assassinato, a gente lembra de todos conosco, da comoção, são pessoas que até nos ampararam naquele momento, mas o tempo vai passando e esse tipo de coisa vai acontecendo. Não é função de jornalista dedicar gol ou puxar saco de dirigente, falar que que é bom ou ruim. Função de jornalista é comentar o jogo, informar, ser imparcial, ser independente. É da minha desconfiança de que isso faz parte de um movimento que sempre existiu, de tentativa de penetração dele em alguns setores da imprensa para ter apoio”, acredita.
Júri Popular
O julgamento de Sampaio está marcado para daqui menos de um mês, em 14 de março. O júri popular decidirá se ele realmente foi o mandante do assassinato de Valério Luiz. Segundo a acusação, uma das últimas críticas do jornalista teriam motivado o crime. Ele teria se referido à provável saída de Maurício da diretoria do Atlético com a metáfora “quando o barco está enchendo de água, os ratos são os primeiros a pular fora”.
“Nossa expectativa é que o Tribunal de Justiça possa propiciar um ambiente para que o julgamento aconteça a contento e que possamos apresentar as provas para os jurados porque se isso acontecer, eu tenho convicção da condenação de todos eles. Atualmente é possível que condenados no júri saiam presos. Existe controvérsia quanto a isso e, se isso ocorrer é provável que eles entrem com habeas corpus para responder aos recursos em liberdade”, aguarda o advogado.
Outras quatro pessoas são acusadas de envolvimento no crime: Urbano de Carvalho, acusado de contratar policial que teria matado Valério, Ademá Figueiredo, cabo da PM acusado de executar o cronista, Marcus Vinícius Pereira Xavier, açougueiro, que teria participado do planejamento do crime e Djalma da Silva, policial militar denunciado por atrapalhar as investigações.
A reportagem entrou em contato com o número de telefone da página de Romes Xavier no Facebook, mas não obtivemos retorno.