Pouco mais de dois meses após ter conseguido arquivamento de dois processos criminais, o padre Robson será novamente investigado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO). A Justiça goiana autorizou os promotores a utilizar provas de um Procedimento Investigatório Criminal (PIC 02/2018) relativos a 2018 sobre supostos desvios milionários da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe). A apuração agora será na esfera cível.
De acordo com o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Jurídicos, Marcelo Azevedo, a corte do Tribunal de Justiça de Goiás não considerou as provas ilegais e não impediu que sejam utilizadas em outras esferas jurídicas.
“Diante do reconhecimento explícito, pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, da licitude das provas produzidas, válido foi o seu compartilhamento para a instrução de investigação cível, na tutela de interesses difusos e coletivos”, afirmou na peça.
Além disso, o documento destaca que o compartilhamento dos elementos colhidos pelo MP-GO se mantêm válidos mesmo que os processos criminais tenham sido arquivados. A defesa de Padre Robson recorreu da decisão alegando que as provas são ilícitas e que o fato de a juíza Placidina Pires, que determinou os arquivamentos, ter impedido o uso é um reconhecimento disso.
“O que o TJGO falou é que o Ministério Público não está impedido de, com outras provas e com outros elementos, investigar, se identificar algum ilícito, a Afipe. Falou que o Ministério Público não está impedido de investigar a Afipe desde que obtenha outras provas que não a do PIC 02/2018. Isso não foi derrota para o Padre Robson”, frisa o advogado do religiosos, Pedro Paulo Medeiros. À época, o MPGO chegou a apelar a instâncias superiores, mas todos os pedidos foram negados.
Relembre
A investigação do padre Robson começou em 2019, quando o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) fez um pente fino nas contas da Afipe, instituição que o sacerdote presidia. As suspeitas sobre ele começaram após a Operação Vendilhões, em agosto de 2020, na qual foi apurada uma extorsão do padre Robson por hackers. Eles teriam exigido dinheiro para não divulgarem um relacionamento amoroso do religioso, que pagou quase R$ 3 milhões oriundos da Afipe em troca do silêncio.
Além do desvio de dinheiro da construção da nova Basílica, o MP goiano identificou acordos de propina para desembargadores do TJGO. O valor pago aos desembargadores para regularizarem um processo de compra de fazenda pela Afipe seria de R$1,5 milhão. Com a descoberta, todo o processo do MPGO foi encaminhado para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).