A mente de um criminoso é um mistério para a população em geral, que fica “em choque” com a repercussão de crimes como homicídios, estupros e etc. Neste mês, dois casos ganharam chamaram muita atenção dos cidadãos goianos. No último dia 12, por exemplo, um homem de 62 anos matou duas pessoas e feriu outras duas durante um ataque com armas de fogo, em Ipameri. Quatro dias depois, uma mulher de 28 anos matou a avó, de 69 anos, em Pontalina. A idosa foi asfixiada com um cinto e depois teve o corpo queimado pela neta, por achar que ela era o ‘pivô’ dos problemas da família.
Mas afinal, o que leva uma pessoa a cometer esse tipo de crime? Pensando nisso, o Diário do Estado entrevistou especialistas para tentar entender a mente de um criminoso. Para o psicólogo forense, Leonardo Farias, uma das motivações do criminoso pode ser um surto psicótico.
“Ele não tem noção da realidade, assim como uma pessoa que não tem nenhum problema de ordem psíquica. Eles não planejam o crime porque estão em delírio e alucinação, devido a essa condição eles não têm capacidade de planejar. Agem de maneira impulsiva, de maneira imediata”, explicou.
Mente de um Psicopatia
Já para o também psicólogo forense, Shouzo Abe, os crimes podem estar relacionados à psicopatia (transtorno de personalidade antissocial), distúrbio caracterizado por uma pessoa que não se importa com regras, valores e nem com a vida alheia. Ele diz que esse tipo de pessoa prioriza a si, não medindo esforços para realizar os desejos.
“Quando a pessoa não se importa com a vida do outro, já temos um alerta que essa pessoa precisa ter um monitoramento, a fim de proteger uma pessoa ou até mesmo uma comunidade ao redor. Não é uma doença que incapacita a pessoa de discernir os seus atos, ele sabe o que está fazendo, ele planeja o que está fazendo. O problema é que ele vai passar por cima de qualquer coisa para realizar o seu desejo”.
Diagnóstico
Ainda de acordo com Shouzo, o diagnóstico de psicopatia é algo complexo, assim como a mente do criminoso. Ele diz que é preciso um olhar específico e que o comportamento de um psicopata pode ser percebido ainda na infância.
“Não é simples diagnosticar um psicopata. Não é simples reconhecer um psicopata na sociedade. Porém, eles estão por aí. Não podemos diagnosticar uma criança como psicopata, porque somente após os 18 anos que esse diagnóstico pode ser feito. Cabe a sociedade e as autoridades entenderem melhor como são essas pessoas. Além disso, também é preciso investir em políticas públicas para que se tenha tratamentos e acompanhamentos. Afinal, só a prisão não vai mudar essas pessoas”, concluiu.