STF pode derrubar lei que evita “golpe do baú” contra idoso em união estável

A regra de separação obrigatória de bens para união estável de idosos a partir de 70 anos de idade pode deixar de valer em breve. A medida serve para evitar os famosos “golpes do baú” por interesse financeiro. Um julgamento sobre o assunto avaliará se a determinação é inconstitucional. Na semana passada, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou uma súmula a respeito do regime para esse tipo de arranjo e também de matrimônios, assim como o Supremo Tribunal Federal (STF), mas ainda cabe análise do mérito na Corte.

“A súmula 655 estabelece a separação obrigatória de bens para pessoas maiores de 70 anos que registram uma união estável,  seguindo o que já havia sido determinado para o casamento em circunstâncias semelhantes. O artigo 1641, no parágrafo II já trazia essa determinação expressa para o casamento. A ideia é de proteção patrimonial”, explica o presidente da comissão de direito de família da Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO), Christiano Melo. 

Neste regime, os bens adquiridos por cada um após o casamento são considerados comuns ao casal. Se se separarem, serão partilhados de forma igualitária entre os dois, independente de quem contribuiu para sua aquisição, ou seja, o que cada um possuía antes da união permanece de posse exclusiva das partes. Aqui, se um dos cônjuges morre, o outro não se torna herdeiro automaticamente e tem direito somente à metade dos bens adquiridos durante o relacionamento.

O questionamento da obrigatoriedade ocorreu em um processo judicial julgado pelo Tribunal de São Paulo (TJSP) que foi encaminhado ao STF.  A reclamante alegou que se trata de discriminação contra os idosos porque  fere a dignidade da pessoa humana e a igualdade. Outra justificativa é que a súmula anterior se limitava ao casamento, o que excluiria a união estável do regime. Em primeira instância, a viúva conseguiu o direito à herança do falecido companheiro. No entanto, os desembargadores revisaram a decisão e a excluíram da partilha de bens.

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Mauro Cid confirma ao STF que Bolsonaro sabia de trama golpista

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava ciente de um plano para um golpe de Estado. O ex-ajudante de ordens foi ouvido pelo ministro Alexandre de Moraes na última quinta-feira, 21, para esclarecer contradições entre sua delação premiada e as investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF).

De acordo com informações apuradas pela PF, a investigação revelou a existência de um plano envolvendo integrantes do governo Bolsonaro para atentar contra a vida de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes. Contudo, os advogados de Mauro Cid negam que ele tenha confirmado que Bolsonaro estava diretamente envolvido na liderança do suposto plano de execução.

Após prestar depoimento por mais de três horas, o advogado de Cid, Cezar Bittencourt, declarou que seu cliente reiterou informações já apresentadas anteriormente. A advogada Vania Adorno Bittencourt, filha de Cezar, declarou ao Metrópoles que Bolsonaro sabia apenas da tentativa de golpe.

O ministro Alexandre de Moraes validou a colaboração premiada de Mauro Cid, considerando que ele esclareceu omissões e contradições apontadas pela PF. O depoimento foi o segundo do tenente-coronel nesta semana, após a recuperação de arquivos deletados de seus dispositivos eletrônicos pela PF.

Bolsonaro indiciado pela Polícia Federal

No mesmo dia, a Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. O relatório foi entregue ao ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso no STF.

Entre os indiciados estão os ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno, além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O grupo é acusado de crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, atuando em seis núcleos distintos.

Bolsonaro, em resposta, criticou a condução do inquérito, acusando Moraes de “ajustar depoimentos” e realizar ações fora do que prevê a lei. As investigações continuam em andamento, com implicações graves para os envolvidos.

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