A dengue continua sendo a vilã do período chuvoso em Goiás, apesar de ter perdido força. Na primeira semana de janeiro foram 578 casos notificados da doença no estado. Destes, 108 tiveram diagnóstico confirmado após testes laboratoriais. Os números são altos, embora sejam 90% menores comparados ao mesmo período do ano passado.
Os municípios com mais casos são Anápolis, Goiânia, Rio Verde, Inhumas e Formosa. Pelo critério de proporcionalidade à população, os índices mais elevados estão em Mairipotaba, Ouro Verde de Goiás, Britânia, Campinaçu e Inhumas. As informações são do painel de indicadores de dengue da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO).
Uma pesquisa feito em dezembro do ano passado apontou que a cidade de Jaupaci tem o maior risco de infestação da doença em Goiás. Na prática, o dado obtido no 4º Levantamento Rápido de Índices para o Aedes aegypti/Levantamento de Índices Amostral (LIRAa/LIA) de 2022 aponta que a maior parte dos imóveis fiscalizados na cidade apresenta focos do mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Neste ano, não houve morte causada por dengue. A estatística do ano passado, no entanto, colocou os dados goianos na vice-liderança nacional de óbitos causado pela doença. Um boletim do Ministério da Saúde informou que o primeiro lugar foi ocupado por São Paulo (248), seguido de Goiás (154) e depois Paraná (108). O total no País chegou a 987 óbitos, considerado o maior da série histórica, superando o ano de 2015, quando 986 brasileiros perderam a vida em decorrência do vírus transmitido pelo mosquito.
A doença no Brasil apresenta ciclos endêmicos e epidêmicos, com epidemias explosivas ocorrendo a cada quatro ou cinco anos. Desde a introdução do vírus no país, em 1981, mais de sete milhões de casos já foram notificados. Nos últimos anos, os profissionais têm observado observado elevado número de casos, aumento da gravidade da doença e de hospitalizações, de acordo com um informe da Fiocruz Minas.
Em maio do ano pasado, a Fiocruz divulgou que uma nova cepa da dengue mais disseminada no mundo infectou um homem morador de Aparecida de Goiânia, de 57 anos de idade. Foi o primeiro caso no País e o segundo na América do Sul. A linhagem apresenta sintomas mais graves, mas não estaria relacionada ao boom de casos da doença que matou centenas de pessoas no estado.
Recomendações
As autoridades da área da saúde alertam a população dos perigos causados pelos imóveis desabitados por longos períodos. O coordenador de Dengue, Chikungunya e Zika da SES-GO, Murilo do Carmo, destaca que nos imóveis fechados há um aumento de 60% no número de focos do Aedes. Ele orienta os moradores a fazer uma vistoria minuciosa pela casa e eliminar toda e qualquer possibilidade de criatório antes de seguir viagem.
Entre as medidas que inibem a reprodução em grande escala do mosquito estão a vedação da caixa d´água, o recolhimento e acondicionamento do lixo no quintal, a cobertura de cisterna e de todos os reservatórios de água. Murilo do Carmo acentua que o Aedes aegypti tem a capacidade de se reproduzir nos lugares mais inusitados. Um criadouro muito comum do vetor é o recipiente de degelo das geladeiras. “Ao viajar, mesmo que por poucos dias, as pessoas devem fazer a limpeza desse compartimento”, informa.