Estudos recentes levantaram preocupações sobre os efeitos neuropsiquiátricos decorrente do uso prolongado da pílula anticoncepcional oral combinada, método de contracepção amplamente utilizada por inúmeras mulheres em todo o mundo. Além da eficácia para evitar uma gravidez indesejada, os contraceptivos hormonais oferecem uma variedade de benefícios.
No entanto, os efeitos colaterais associados aos medicamentos podem ser mais comuns do que se imaginava. Uma pesquisa dinamarquesa publicada no JAMA Psychiatry, incluindo mais de 1 milhão de mulheres, encontrou uma associação significativa entre o uso de contracepção hormonal e o uso de antidepressivos, bem como o primeiro diagnóstico de depressão.
Adolescentes apresentaram uma taxa mais alta de primeiro diagnóstico de depressão e uso de antidepressivos. Outras análises identificaram preocupações sobre o uso prolongado de levonorgestrel – hormônio presente em muitos contraceptivos – associado à ansiedade e problemas de sono, mesmo em mulheres sem históricos de complicações.
A associação dos contraceptivos com transtornos de humor ainda é incerta, mas estudos mostram incidências. “Tudo indica também que existe uma relação de dose/dependência do efeito”, diz Alexandra Ongaratto, médica ginecologista e Diretora Técnica do Instituto GRIS.
Outro estudo, publicado no American Journal of Psychiatry, encontrou quase o dobro de risco de tentativa de suicídio e mais de três vezes o risco de suicídio entre mulheres que tomam contraceptivos hormonais.
Alexandra adverte sobre lacunas de conhecimento significativas, tornando difícil tirar orientações definitivas. “Cabe ao médico individualizar a escolha do método mais adequado para cada paciente.”
Em meio a essas descobertas, é fundamental que as mulheres tenham conhecimento dos possíveis efeitos neuropsiquiátricos ao considerar o uso de contraceptivos hormonais. Consultar um profissional de saúde e tomar decisões informadas sobre a contracepção é crucial para garantir a saúde e o bem-estar geral das mulheres.
“A pesquisa sobre o tema continua evoluindo, e é essencial que a comunidade médica e científica continue investigando os riscos e benefícios dos anticoncepcionais hormonais, fornecendo informações cada vez mais precisas e desenvolvidas para ajudar as mulheres a tomarem decisões assertivas sobre sua saúde reprodutiva”, finaliza Alexandra.