Na última quarta-feira,3, uma iraniana de origem curda foi açoitada com 74 golpes pela polícia moral do regime do Estado islâmico por “violar a moral pública” e lhe aplicaram uma multa por não usar véu em público. “A condenada, Roya Heshmati, encorajou a permissividade (ao aparecer) vergonhosamente em locais públicos movimentados em Teerã”, disse o site Mizan Online. “Sua pena de 74 chibatadas foi executada de acordo com a lei e com a sharia por violar a moral pública”, escreveu o site do Judiciário do país.
Roya Heshmati e uma crítica da obrigatoriedade do hijab, foi punida depois de ter publicado em abril do ano passado uma fotografia que mostrava uma rua de Teerã, a capital do país, com a cabeça descoberta. Roya ficou detida por 11 dias e teve laptop e celular confiscados. Inicialmente, a iraniana foi condenada a 13 anos e nove meses de prisão, multa de o equivalente a R$13 mil e 148 chibatadas. Mas a pena acabou revista.
Roya removeu o seu véu quando chegou ao tribunal para ser punida e teve de ser contida para que os oficiais pudessem colocá-la novamente.
O juiz afirmou durante conversa com a iraniana que ela poderia deixar o país se quisesse viver de uma forma diferente. “Este país pertence a todos. Deixe a lei fazer o seu trabalho, continuaremos a nossa resistência”, retrucou Roya, que garantiu ter tirado o véu ao sair do tribunal.
Uma foto compartilhada nas redes sociais mostra os ferimentos dolorosos que o chicote deixou em suas costas. O regime informou que a punição foi cumprida porque Roya estava “encorajando a permissividade” no país.
No Instagram Roya postou que “não cedeu”: “Mantive a minha postura e não usei o hijab”. As postagens foram localizadas por autorizadas e retiradas do ar.
As autoridades iranianas instalaram câmaras de vigilância em locais públicos para monitorar as violações e fecharam empresas que infringiam as regras. O Parlamento do Irã também discutiu um projeto de lei que iria endurecer as penas para aqueles que violam o código de vestimenta.
Todas as mulheres no Irã são obrigadas, por lei, a cobrir o pescoço e a cabeça desde da Revolução Islâmica de 1979.
As chibatadas por violação do código de vestimenta são incomuns no Irã, embora as autoridades iranianas tenham reprimido cada vez mais aquelas que desafiam as regras depois de a prática ter aumentado durante os protestos antigovernamentais, que começaram no final de 2022.
Essas manifestações foram desencadeadas pela morte, em setembro de 2022, de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos que estava sob custódia da polícia da moralidade e havia sido detida por uma violação do rigoroso código de vestimenta para mulheres da república islâmica.