Negociação da Fazenda busca evitar distorções na PEC das Igrejas

A Fazenda negocia para evitar “distorções fiscais” na discussão da PEC das Igrejas na Câmara dos Deputados. A proposta, que visa ampliar a imunidade tributária de organizações religiosas, aguarda o envio de uma emenda aglutinativa pelo Ministério da Fazenda, de Fernando Haddad, para possíveis ajustes no texto a fim de evitar distorções fiscais.

O deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), bispo da Igreja Universal e sobrinho do fundador, Edir Macedo, esteve reunido no Ministério da Fazenda para discutir a proposta com o secretário-executivo da pasta, Dario Durigan. Além dele, o relator do texto, Dr. Fernando Máximo (União-GO), e outros deputados também estiveram presentes, incluindo a senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

A PEC das Igrejas propõe uma ampliação da imunidade tributária para instituições religiosas, isentando o patrimônio, a renda e os serviços dessas entidades necessários para sua atuação. A equipe econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva estuda a extensão dessa imunidade em relação aos tributos sobre o consumo de bens e serviços.

Enquanto isso, o Congresso Nacional ainda está em processo de analisar a regulamentação da reforma tributária. O Senado Federal se dedica às últimas audiências públicas para discutir o Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 68/2024, que institui a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), tributos que compõem o Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) dual.

Sem a regulamentação da reforma tributária aprovada, a Fazenda está analisando quais bens e serviços serão considerados isentos, com previsão de conclusão das mudanças ainda para esta segunda-feira (25/11). A emenda aglutinativa busca harmonizar as propostas já apresentadas para facilitar a tramitação da PEC das Igrejas no Legislativo.

A discussão da PEC teve início em 13 de novembro, sendo suspensa devido a um incidente envolvendo explosivos próximo ao Supremo Tribunal Federal. A Fazenda trabalha para evitar distorções fiscais na proposta, garantindo uma imunidade tributária equilibrada para as instituições religiosas.

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Ministro da Fazenda anuncia isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil

Ampliação da isenção do IR é anunciada à revelia do Congresso

O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil. A cúpula da Câmara dos Deputados demonstrou desagrado com o momento escolhido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para anunciar a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR), para quem ganha até R$ 5 mil. A expectativa do Palácio do Planalto é apresentar uma proposta para discutir o tema ainda neste ano ao Congresso Nacional.

“Honrando os compromissos assumidos pelo presidente Lula com a aprovação da reforma da renda, uma parte importante da classe média, que ganha até R$ 5 mil por mês, não pagará mais imposto de renda”, disse o ministro durante pronunciamento. A ampliação da isenção do IR é uma das promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para compensar a perda de arrecadação em decorrência da ampliação da isenção, a equipe econômica do governo Lula indicou que quem recebe acima de R$ 50 por mês pagará mais impostos. Com isso, a medida funciona como compensação à ampliação. “A nova medida não trará impacto fiscal, ou seja, não aumentará os gastos do governo. Porque quem tem renda superior a R$ 50 mil por mês pagará um pouco mais. Tudo sem excessos e respeitando padrões internacionais consagrados”, explicou Haddad.

A medida, apesar de popular, foi alvo de críticas por parte de nomes da Câmara dos Deputados. Vale destacar, que apesar do anúncio, a mudança ainda precisará do aval do Congresso Nacional. Um dos pontos de críticas dos deputados diz respeito aos reflexos gerados no mercado financeiro, com a alta do dólar logo após a divulgação da medida. A moeda norte-americana fechou a R$ 5,91 nesta quarta-feira (27/11), a máxima histórica da moeda, com valorização de 1,80%.

Embora a medida não tenha sido bem recebida pelo mercado financeiro, o governo Lula espera aprovar a ampliação no próximo ano. “A reforma da renda ao mandamento constitucional que o Executivo deveria enviar a reforma da renda ainda este ano, portanto, ele está enviando para um debate que estará feito no ano de 25”, explicou o líder do PT na Câmara, Odair Cunha (MG).

Nesta quarta, os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), respectivamente, estiveram com o ministro Haddad e o presidente Lula para discutir as medidas de contenção de gastos que têm sido trabalhadas pelo Planalto. A expectativa é de que o Executivo apresente uma proposta de emenda à Constituição (PEC) e um projeto de lei complementar (PLP) para discutir uma contenção de gastos. É esperado que as matérias sejam discutidas antes de 20 de dezembro, que é o início do recesso parlamentar.

Lira já sinalizou que as votações da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária (LOA) só serão realizadas após a votação da PEC e do PLP da contenção de gastos do governo. O Planalto espera gerar uma economia aos cofres públicos de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos. Sendo R$ 30 bilhões em 2025 e os outros R$ 40 bilhões em 2026.

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