Prefeito de Iporá é alvo de operação por fraudes em licitações que ultrapassam R$ 5 mi

Prefeito de Iporá é alvo de operação que investiga fraudes em licitações que ultrapassam R$ 5 milhões

Advogado de Naçoitan Leite disse que ele colabora com a investigação. Polícia cumpre 14 mandados de busca e apreensão contra seis pessoas e oito empresas.

1 de 2 Prefeito Naçoitan Leite, Iporá, Goiás — Foto: Murillo Velasco/DE

Prefeito Naçoitan Leite, Iporá, Goiás — Foto: Murillo Velasco/DE

O prefeito de Iporá [https://g1.globo.com/go/goias/cidade/ipora-go/], Naçoitan Leite (sem partido), foi alvo de operação por suspeita de fraudes em licitações, na manhã desta quarta-feira (27). A Polícia Civil de Goiás (PC-GO) cumpre 14 mandados de busca e apreensão, além de Iporá, no oeste de Goiás, em Goiânia [https://g1.globo.com/go/goias/cidade/goiania/], Aparecida de Goiânia [https://g1.globo.com/go/goias/cidade/aparecida-de-goiania/], Trindade [https://g1.globo.com/go/goias/cidade/trindade-go/], Santo Antônio de Goiás [https://g1.globo.com/go/goias/cidade/santo-antonio-de-goias/], Cezarina [https://g1.globo.com/go/goias/cidade/cezarina/] e Palmas, no Tocantins.

Ao DE [https://g1.globo.com/go/goias/], o advogado de Naçoitan Leite, Thales José, disse que conversou com o prefeito, que “está absolutamente tranquilo, quanto a essas investigações”.

> “Não existe nenhuma irregularidade ou coisa parecida. Ele está à disposição da
> Deccor, do Poder Judiciário e do Ministério Público para qualquer informação e
> esclarecimento”, afirmou Thales José.

A operação chamada de “Ato Falho” é coordenada pela Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor) e apura os empenhos destinados para empresas. Segundo a polícia, foram identificados sobrepreço nos contratos, que causaram um prejuízo ao patrimônio público de mais de R$ 5 milhões.

O DE [https://g1.globo.com/go/goias/] tentou contato com a Prefeitura de Iporá, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

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O delegado da Deccor, Bruno Barros Ferreira, afirmou que foi possível identificar o envolvimento de quatro empresas, que se organizaram para concorrer no processo fraudulento.

Segundo Bruno Barros, um dos investigados pertence a um grupo de empresários que já foi investigado e denunciado pelas mesmas práticas ilegais no município de Iporá.

O DE [https://g1.globo.com/go/goias/] não conseguiu contato com a defesa dos outros suspeitos até a última atualização desta reportagem.

Além de Naçoitan Leite, segundo a polícia, são investigadas outras cinco pessoas, incluindo agentes públicos de Iporá, e oito empresas. A investigação abrange 37 procedimentos de dispensa de licitação realizados pela Prefeitura de Iporá, em 2021, que resultaram na assinatura de contratos na área da Saúde com quatro empresas diferentes.

POLÊMICAS ENVOLVENDO NAÇOITAN LEITE

No ano passado, o prefeito de Iporá, Naçoitan Leite, chegou a ser preso por invadir a casa da ex-companheira.
[https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2023/11/23/prefeito-nacoitan-leite-e-preso-por-atirar-contra-ex-e-o-namorado-em-ipora-diz-policia.ghtml]
Na época, Leite foi investigado por efetuar pelo menos 15 disparos contra a ex e o namorado, e depois fugir. As vítimas não foram atingidas.

Segundo a ex-companheira, o crime foi motivado pela recusa de Naçoitan em aceitar o fim do relacionamento de 15 anos. Na ocasião, ela contou que eles estavam separados há dois meses. A mulher disse que dias antes do ataque, o prefeito já havia ido à residência dela para intimidá-la. Após o crime, ele trocou de veículo duas vezes e fugiu, sendo considerado foragido.

Dias depois, o prefeito se apresentou à polícia e alegou amnésia
[https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2023/11/23/prefeito-nacoitan-leite-e-preso-por-atirar-contra-ex-e-o-namorado-em-ipora-diz-policia.ghtml].
Apesar disso, ele declarou estar à disposição da Justiça. Na audiência de custódia, foi determinada a prisão preventiva, e ele foi levado algemado e uniformizado para o presídio.

2 de 2 Naçoitan Leite, prefeito de Iporá, após prisão em Goiás — Foto: Diomício Gomes/O Popular

Naçoitan Leite, prefeito de Iporá, após prisão em Goiás — Foto: Diomício Gomes/O Popular

Ainda no cargo de prefeito, a Câmara Municipal chegou a abrir um processo de cassação, que foi arquivado com a soltura de Naçoitan.

Leite tem um histórico de polêmicas, incluindo declarações contra o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes, além de tentativas de impedir blitze e casos de cassação eleitoral.

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Suspensão de Home Care em Goiânia resulta em morte de bebê de 1 ano, diz família. Dívida de R$ 4 milhões impacta atendimento.

Bebê de 1 ano morre após serviço de home care da prefeitura ser suspenso, diz família

Empresa diz que serviço foi suspenso porque os repasses estão atrasados há mais de 5 meses. Maria Ayla Pereira Silva morreu 14 dias depois de completar 1 ano.

Maria Ayla Pereira Silva, de 1 ano, morreu após serviço de home care da prefeitura ser suspenso, em Goiânia, Goiás — Foto: Acervo pessoal

Por ter nascido com uma síndrome rara, que provoca insuficiência respiratória grave, a bebê Maria Ayla Pereira Silva dependia de oxigênio quase o tempo todo. A família entrou na Justiça para que ela recebesse tratamento em casa, pago pela Prefeitura de Goiânia. Depois de quase um ano, conseguiram. Mas o serviço, chamado de Home Care, foi suspenso após uma semana de uso, porque a empresa não estava recebendo a verba pública. A menina morreu 14 dias depois de completar 1 ano.

“Ela teve uma parada cardíaca. Eu tentei. O que eu pude fazer, eu fiz, mesmo sendo leiga nesse sentido. Porque a gente treina, mas não sabe como um profissional, né? Eu tentei, reanimei, só que ela não respondia. A gente correu com ela para a maternidade, mas não adiantou”, lembra a mãe, Andréia Silva Oliveira.

A Transmedica Home Care, empresa responsável pela assistência domiciliar de pacientes que necessitam de cuidados específicos e que é uma extensão da rede de saúde pública, informou, por nota, que por conta de um atraso de mais de cinco meses nos repasses financeiros da Secretaria Municipal de Saúde, não está conseguindo dar continuidade nos serviços. A dívida ultrapassa R$ 4 milhões.

“A interrupção dos repasses da Secretaria Municipal de Saúde comprometeu gravemente a capacidade da empresa em manter suas operações, especialmente os atendimentos contínuos a pacientes de alta complexidade. O impacto dessa situação na vida dos pacientes e na sustentabilidade da empresa exige uma ação rápida e eficaz das autoridades competentes”, afirmou a empresa.

O DE entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia em busca de um retorno sobre a situação do Home Care na capital, mas não houve retorno até a última atualização da reportagem. À TV Anhanguera, a Prefeitura disse que “trabalha para colocar o pagamento de todos os serviços em dia, inclusive o de Home Care”.

Criança morre após uma semana de suspensão de atendimento em Goiânia, diz família

Maria Ayla Pereira Silva nasceu no dia 12 de outubro de 2023, com síndrome de Moebius. Por conta disso, a menina passou a maior parte do tempo de vida internada em hospitais de Goiânia. A mãe, Andréia Silva Oliveira, precisou pedir uma licença no trabalho para acompanhá-la quase que em tempo integral.

Com a ajuda da Defensoria Pública de Goiás (DPE-GO), Andréia lutou para que a filha conseguisse o direito de receber o tratamento gratuito em casa, e conseguiu em outubro deste ano. A casa da família foi equipada com um berço e uma cama especial, aparelho de oxigênio e outros equipamentos.

Por uma semana, a menina pôde estar em casa, com o irmão e a família. E era acompanhada por médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e uma equipe técnica de enfermagem. No dia 22 de outubro, a família foi comunicada da suspensão.

“Para mim foi desesperador. Angustiante, né? Porque foi quase um ano de espera para poder trazer minha filha para casa. E quando finalmente a gente tem essa oportunidade de estar com ela em casa, eu perco esse amparo para cuidar dela”, explica a mãe.

Maria Ayla Pereira Silva, de 1 ano, morreu após serviço de home care da prefeitura ser suspenso, em Goiânia, Goiás — Foto: Acervo pessoal

No dia 23 de outubro, a Defensoria Pública se manifestou sobre o caso, pedindo ao Prefeito Municipal e ao Secretário Municipal de Saúde esclarecimentos a respeito do assunto. “Estamos aguardando seu retorno sobre as providências que serão tomadas para resolver a questão do atendimento home care dos pacientes”, cobrou o órgão.

Mas nenhuma atitude foi tomada. No dia 26 de outubro, a menina teve uma parada cardíaca, chegou a ser reanimada pela família e levada ao Hospital Célia Câmara, que fica a 1km da casa onde morava. Mas não resistiu e morreu.

> “Suspenderam alguns e outros não. Então, eles estão tendo que escolher quem eles vão salvar. Isso é muito triste porque a gente, que é mãe, quer o melhor para os nossos filhos, apesar das condições deles, desabafou Andreia.

DÍVIDA DE R$ 4 MILHÕES

Segundo a Transmedica, atualmente, a falta de pagamento totalizou mais de R$ 4 milhões em dívidas acumuladas, resultando em:

Suspensão parcial dos serviços de atendimento domiciliar;
Impacto direto na saúde dos pacientes atendidos, que dependem da continuidade do tratamento para recuperação ou estabilização;
Desmotivação e insegurança entre os profissionais de saúde envolvidos nos cuidados, devido à incerteza quanto ao recebimento de seus salários e à manutenção dos seus empregos.

Transmedica informa a suspensão dos serviços domiciliares à menina com síndrome rara, em Goiânia — Foto: Acervo pessoal

A empresa ressalta que a paralisação dos serviços afeta diretamente a qualidade de vida dos pacientes atendidos, uma vez que muitos deles dependem de tratamento contínuo e assistência especializada.

Para a solução do problema, a Transmedica recomenda uma reunião de urgência com representantes da Secretaria Municipal de Saúde para um plano de regularização dos repasses. Na visão da empresa, é preciso que haja a implementação de um plano de pagamento escalonado, para que a empresa possa retomar os serviços gradativamente.

CRISE NA SAÚDE

Goiânia vive um caos na saúde pública. Além dos problemas relacionados ao Home Care, durante a gestão do prefeito Rogério Cruz, três maternidades públicas suspenderam os atendimentos eletivos várias vezes ao ano por falta de recursos públicos. Além disso, nas últimas semanas, pelo menos cinco pessoas morreram à espera de leitos de UTI em Goiânia.

Nesta quarta-feira (27), o secretário de Saúde Wilson Pollara, o diretor financeiro, Bruno Vianna, e secretário executivo de Saúde, Quesede Ayres, foram presos suspeitos de pagamento irregular em contratos administrativos e associação criminosa na secretaria.

Em meio à crise, a superintendente de Gestão de Redes de Atenção à Saúde, Cynara Mathias Costa, foi nomeada como nova secretária municipal de Saúde da capital.

Rogério Cruz, prefeito de Goiânia, em coletiva de imprensa ao lado da nova secretária Municipal de Saúde — Foto: Diomício Gomes/O Popular

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