O biólogo Guilherme Malafaia, do Instituto Federal Goiano, está sendo investigado por supostamente ter fraudado 34 estudos acadêmicos. De acordo com as informações, Malafaia teria utilizado e-mails falsos de cientistas para validar os próprios trabalhos, sem o conhecimento desses profissionais. Os estudos em questão foram publicados entre os anos de 2019 e 2024 na revista Science of the Total Environment (Stoten), que é direcionada para pesquisas ambientais. Após as denúncias, os artigos foram “despublicados” e outros 13 estão atualmente sob análise, conforme divulgado pela plataforma Retraction Watch.
A quantidade de artigos científicos cancelados e despublicados coloca Guilherme Malafaia na lista dos 30 pesquisadores com mais estudos anulados, ocupando a 21ª posição de acordo com o Retraction Watch. A revista Stoten, na qual os artigos foram publicados, faz parte do grupo editorial Elsevier, especializado em conteúdo científico, técnico e médico. Uma investigação conduzida pela Elsevier em maio deste ano revelou que Malafaia teria fornecido informações falsas durante o processo de submissão dos artigos, incluindo e-mails de cientistas para revisão dos trabalhos.
Pelo menos três cientistas indicados por Malafaia afirmaram não possuir conhecimento dos endereços de e-mails apresentados pelo pesquisador brasileiro. Entre os profissionais que se pronunciaram estão Michael Bertram, Olga Kovalchuk e Graham Scott. Malafaia teria criado e-mails falsos com os nomes desses cientistas para se passar por revisores dos próprios estudos, comprometendo assim o processo editorial. A revisão por pares é fundamental para a validação de trabalhos acadêmicos, pois consiste na avaliação e aprovação do estudo por especialistas que não possuem relação com o autor da pesquisa.
Em nota, a editora responsável pela revista Stoten informou que uma das revisões de um dos estudos publicados por Malafaia era fictícia, sendo enviada sob o nome de um cientista conhecido sem o seu consentimento. O pesquisador nega todas as acusações e alega ter sido vítima de um hacker que teria invadido sua conta. Em uma carta aberta de 28 páginas, Malafaia relata ter recebido alertas de tentativas de acesso não autorizado à sua conta de e-mail. Além disso, o Google teria identificado suas credenciais em mais de 23 sites da dark web.
A situação envolvendo Guilherme Malafaia e a fraude nos estudos acadêmicos tem gerado repercussão no meio científico e acadêmico. A defesa do pesquisador afirma que ele possui provas para sustentar a sua versão dos fatos. As investigações continuam em andamento e os desdobramentos desse caso podem impactar a credibilidade e a integridade do trabalho acadêmico realizado não apenas por Malafaia, mas por toda a comunidade científica. É fundamental que casos de fraude e má conduta na pesquisa sejam acompanhados de perto e devidamente investigados para garantir a transparência e confiabilidade da produção científica.