Em Brasília, Caiado apresenta proposta alternativa à PEC da Segurança Pública

O governador Ronaldo Caiado apresentou um projeto alternativo à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública durante encontro do Fórum Nacional dos Governadores, nesta terça-feira, 10, em Brasília (DF). O texto visa assegurar a autonomia dos estados para executar políticas públicas na área, indo de encontro à proposta elaborada pelo governo Lula, que recebeu duras críticas de Goiás.

“Respeitem a autoridade dos governadores. Não admito que uma PEC venha retirar prerrogativas de direitos”, ressaltou.

“É um absurdo que nós, governadores, sejamos tutelados pelo ministro da Justiça e pelo governo federal, sendo que nós assumimos todos os gastos. Temos uma prerrogativa constitucional, é direito concorrente meu como governador tomar as decisões. Não posso admitir que venha uma autorização de Brasília dizer o que eu tenho que fazer na polícia. É inadmissível”.

Alternativa à PEC da Segurança Pública

Elaborada em conjunto com a Procuradoria-Geral do Estado de Goiás, a PEC alternativa foi entregue aos governadores e ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Caiado também afirmou que vai trabalhar em diversas frentes, buscando apoio do Congresso para a iniciativa.

“Enfrentarei esse debate, trabalharei em todas as bancadas”, enfatizou.

As sugestões já haviam sido antecipadas aos governadores no último encontro do Fórum, no dia 28 de novembro. O posicionamento de Caiado foi reforçado pelos pares.

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, afirmou que “não concorda que os estados fiquem sob a tutela do Ministério da Justiça”.

“Nós estamos jogando o nosso tempo fora, o tempo de estarmos cuidando das questões básicas, para discutir segurança pública no meio de uma tempestade perfeita entre decisões e legislações que foram mal colocadas”, declarou o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro.

“Estou alinhado àqueles que defendem que os estados possam legislar concorrentemente”, afirmou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que vê em Goiás um exemplo de sucesso na área.

De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública, o estado obteve queda expressiva nos homicídios (56%), nos latrocínios (88%), no furto e roubo de veículos (80%) e a transeuntes (-88%) nas comparações de 2018 a 2024.

Encaminhamento

O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que vai estudar as propostas e a possibilidade de criar uma legislação complementar.

“São propostas louváveis que merecem atenção, mas eu diria que grande parte delas devem ser tratadas por meio de legislação infraconstitucional”, afirmou.

O anfitrião do debate, governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, pediu que o texto consolidado seja devolvido aos governadores. A próxima reunião deve ocorrer em fevereiro de 2025.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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