Quadrilha usava jatinhos para fraudulência em licitações de R$ 1,4 bilhão

Quadrilha Usava Jatinhos para Fraudulência em Licitações de R$ 1,4 Bilhão

Uma megaoperação da Polícia Federal desmantelou uma quadrilha formada por empresários e servidores públicos que atuavam em todo o país, fraudando licitações e superfaturando obras públicas. A organização criminosa, liderada por Alex Rezende Parente, movimentou aproximadamente R$ 1,4 bilhão, parte dos quais provenientes de emendas parlamentares e contratos firmados com órgãos públicos apenas em 2024.

Alex Rezende Parente, sócio-proprietário das empresas Allpha Pavimentações e Serviços de Construções Ltda., Larclean Ambiental, Rezende Serviços Administrativos Ltda., FAP Participações Ltda., e Qualymulti Serviços EIRELI – ME, era o responsável por coordenar a execução das fraudes em licitações, negociar diretamente com servidores públicos e organizar o pagamento de propinas. Seu irmão, Fábio Rezende Parente, também sócio-proprietário de várias dessas empresas, atuava como executor financeiro da organização, realizando transferências bancárias e pagamentos de propinas.

Ele utilizava contas bancárias em nomes de terceiros, como a da empresa fantasma Bra Teles Ltda. Lucas Maciel Lobão Vieira, ex-coordenador estadual do DNOCS na Bahia, facilitava a aprovação de contratos do esquema e atuava nos bastidores em favor da Allpha Pavimentações enquanto ainda trabalhava no DNOCS. A quadrilha ajustava editais, eliminava concorrentes e negociava pagamentos de propina.

O dinheiro da corrupção era transportado em jatinhos entre os municípios onde eram feitos os contratos e Brasília. Em Campo Formoso, na Bahia, o esquema recebeu quase R$ 50 milhões em recursos públicos nos últimos dois anos. As obras públicas superfaturadas incluíam um trecho de asfalto em Campo Formoso, que custou R$ 45 milhões e foi entregue em péssimo estado.

Investigação

A Polícia Federal encontrou documentos que mostram que o grupo atuava em pelo menos 14 estados e acumulava mais de R$ 820 milhões em contratos. Durante as buscas, os policiais apreenderam R$ 3 milhões em espécie, 23 carros de luxo, 3 iates, 6 imóveis e jóias. Além disso, 15 pessoas foram presas preventivamente e outras duas seguem foragidas. A PF também cumpriu 43 mandados de busca e apreensão e ordens de sequestro de bens nos estados envolvidos.

O esquema funcionava a partir das emendas parlamentares, que usam recursos do orçamento da união. Deputados federais e senadores destinam verbas a estados, municípios e autarquias através dessas emendas. No entanto, o delegado Tiago dos Santos Souza destacou que, até o momento, não há evidências de participação direta de políticos na atuação criminosa, pois a destinação das emendas é uma conduta lícita prevista na legislação brasileira.

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Ex-secretário investigado por desvio de R$ 10 milhões na Saúde se entrega à polícia em Goiânia

Investigado por desvio de R$ 10 milhões na Saúde, ex-secretário executivo da pasta se entrega à polícia

Ao todo, quatro pessoas já estão presas por suspeita de participação no desvio. Investigados na operação são suspeitos de peculato e associação criminosa.

Quesede Ayres Henrique, secretário executivo na secretaria de saúde de Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/Carlos Costa

Considerado foragido e investigado por um suposto desvio de R$ 10 milhões na Saúde de Goiânia, o ex-secretário executivo da pasta, Quesede Ayres, se entregou à polícia. Ao todo, quatro pessoas já estão presas por suspeita de participação no desvio durante o contrato entre um convênio e a secretaria.

Quesede se entregou na quinta-feira (19). O DE não conseguiu contato com a defesa do ex-secretário até a última atualização desta reportagem.

A Polícia Civil informou que Ayres permaneceu em silêncio durante o interrogatório e que passará por audiência de custódia na tarde desta sexta-feira (20). Os investigados na operação são suspeitos de peculato e associação criminosa.

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A Saúde da capital goiana enfrenta uma crise há quase dois meses, com inúmeros pacientes à espera de UTI e falta de atendimentos em unidades de saúde. Ao todo, a operação “Speedy Cash” teve como missão cumprir cinco mandados de prisão e 17 de busca e apreensão em Goiânia e em Anápolis.

Wilson Pollara, ex-secretário municipal de Saúde de Goiânia, segue foragido. A Polícia Civil tentou cumprir um mandado de prisão expedido contra ele na última terça-feira (17), mas sem sucesso.

Ao DE, o advogado Thiago Peres, que representa Pollara, disse que ele está em São Paulo desde a semana passada para fazer consultas médicas e iniciar o tratamento para um câncer no rim, diagnosticado no início deste mês. Disse ainda que não teve acesso aos autos e que irá se manifestar logo que acessar a íntegra do processo.

INVESTIGAÇÃO

Operação investiga corrupção na Secretaria de Saúde de Goiânia

A polícia detalhou que a investigação apura os crimes de peculato e associação criminosa que teriam sido praticados em um convênio de 2024 feito entre a Secretaria Municipal de Saúde e uma associação privada sem fins lucrativos.

Este contrato seria voltado à aquisição de equipamentos para serviços de saúde móvel, palestras e pesquisas sobre acessibilidade e avaliação do microbioma intestinal em pacientes com Doença de Crohn grave submetidos ao transplante não mieloablativo de células-tronco hematopoéticas.

A investigação ainda revelou que os R$ 10 milhões que foram transferidos da secretaria para a associação durante o convênio foi gasto muito rapidamente, em apenas 17 dias, entre 20 de agosto e 05 de setembro. Esse gasto teria sido por meio de transferências via PIX, TED e TEV, além de saques em dinheiro. A velocidade do desvio deu origem ao nome Operação Speedy Cash, indicando o uso indevido dos recursos públicos.

PRISÃO DE SECRETÁRIO

O então secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, foi preso em 27 de novembro deste ano, em uma operação do Ministério Público de Goiás (MP-GO). Segundo os promotores, o secretário executivo, Quesede Ayres Henrique, e o diretor financeiro da Secretária Municipal de Saúde de Goiânia, Bruno Vianna Primo, também foram presos durante o cumprimento de três mandados de prisão temporária e oito de busca e apreensão. A ação investigava pagamentos irregulares em contratos administrativos e supostas associações criminosas na pasta.

Sobre a prisão, a defesa de Pollara informou na época que iria se manifestar formalmente após ter acesso ao processo (leia a nota na íntegra ao final do texto). Wilson e os demais investigados foram soltos no último dia 7 de dezembro.

NOTA DA DEFESA DE WILSON POLLARA

A defesa de Wilson Modesto Pollara informa que ainda não obteve acesso aos autos e que, tão logo esteja de posse dos elementos informativos referentes à operação deflagrada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), emitirá um posicionamento formal e fundamentado. Diante do histórico de Pollara, que registra mais de cinco décadas de exercício da medicina e de cargos públicos na área de saúde sem máculas, marcadas por notória contribuição técnica, social e acadêmica, a defesa reafirma seu compromisso com a verdade e com o pleno respeito ao contraditório e ao devido processo legal, certa de que a inocência de seu cliente será devidamente reconhecida no curso das apurações.

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