Lei de desconto em multas ambientais: até 50% para infratores que investirem em preservação

O Diário do Estado divulgou recentemente que o governador Romeu Zema, do partido Novo, sancionou uma lei que possibilita descontos de até 50% em multas ambientais já aplicadas a infratores que decidirem investir em programas de recuperação e preservação. A medida, publicada no Diário Oficial, estará disponível para aqueles que aderirem em até seis meses, podendo chegar a 70% de desconto para pessoas jurídicas de direito público, como municípios, estados e União.

É importante ressaltar que essa regra não se aplica a situações mais graves, como o rompimento de barragens ou deslizamento de pilhas de estéril. O objetivo é incentivar a regularização de empresas e entidades que já estejam em processo administrativo de multa ambiental. Mesmo com 50% da dívida perdoada, o restante deverá ser dividido em duas partes, sendo pelo menos metade paga em dinheiro ao Estado e a outra parte investida nos projetos de recuperação e preservação.

Essas diretrizes fazem parte de um amplo pacote que abrange diferentes acordos para a regularização de débitos na dívida ativa do Estado, conduzido pelo líder de governo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), João Magalhães, e pelo deputado Zé Guilherme, da base de Zema. Entre os programas nos quais os infratores podem investir estão o reflorestamento, a recuperação de áreas degradadas, a proteção de nascentes e mananciais, a educação ambiental, a fiscalização, a pesquisa e inovação na área ambiental, bem como o bem-estar e a proteção de animais domésticos e silvestres.

Em relação a novas multas aplicadas após a sanção da lei, será possível converter metade do valor em projetos de preservação e recuperação ambiental, sem descontos. A outra metade deverá ser paga em dinheiro ao estado. O Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos terá a responsabilidade de autorizar as ações executadas pelos infratores e de definir as diretrizes para o uso da verba arrecadada com as multas.

Além disso, a nova legislação prevê que 20% da receita arrecadada ou executada com a conversão de multas seja destinada a projetos indicados pela Mesa da Assembleia Legislativa, com foco na prevenção de eventos críticos e na mitigação de impactos das mudanças climáticas. A lei nº 25.144/2025, que trata das normas para multas ambientais e de transação de dívidas, foi aprovada em Plenário em dezembro de 2024, como parte de um conjunto de medidas para a regularização de débitos em vários setores do Estado.

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Fhemig é convocada pelo Ministério Público para explicar fechamento de bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins: polêmica e repercussão no setor de saúde

Ministério Público convoca Fhemig a prestar esclarecimento sobre fechamento de bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins

Críticos à medida dizem que fechamento do bloco cirúrgico do HMAL gera sobrecarga no Hospital João XXIII e aumenta fila de espera por cirurgias eletivas no estado.

Leitos vazios no Hospital Maria Amélia Lins — Foto: Foto de arquivo / Redes sociais

Órgãos públicos estão cobrando esclarecimentos da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) sobre a decisão de fechar o bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), em Belo Horizonte.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) deu prazo de 48 horas para que sejam fornecidas informações, e a Superintendência Regional de Trabalho e Emprego convocou assembleia para a próxima segunda-feira (13).

Desde a última segunda-feira (6), as cirurgias ortopédicas e de trauma que eram feitas no HMAL – cerca de 230 por mês – foram transferidas para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII.

Funcionários do HMAL também estão sendo removidos para o João XXIII. A medida está sendo duramente criticada por profissionais da saúde, porque sobrecarrega o João XXIII e aumenta a fila de espera de cirurgias eletivas no estado.

Desde 2019, o HMAL atua na retaguarda do Hospital João XXIII, apesar de os dois funcionarem de maneira independente. Enquanto o João XXIII realizava atendimento de urgência e emergência, o HMAL era responsável pelo tratamento após o quadro agudo de trauma, o que corresponde a cirurgias mais complexas e demoradas.

Como o João XXIII é referência no estado para cirurgias de urgência, o HMAL tem importância estratégica de desafogá-lo. Com a concentração de todos os atendimentos no João XXIII, as cirurgias programadas são canceladas para dar lugar ao paciente que chega em estado grave.

De acordo com a diretora clínica e coordenadora da equipe médica do HMAL, Andrea Fontenelle, o Hospital João XXIII não está preparado para assumir toda a demanda.

Também se manifestaram contra o fechamento do bloco cirúrgico o Sindicato dos Servidores da Saúde (Sind-Saúde) e o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed MG).

A entidade divulgou uma nota de repúdio dizendo que o “fechamento representa um retrocesso na garantia de direitos fundamentais, como o acesso à saúde” e que “a medida e reflete falta de respeito e diálogo com os servidores públicos e as entidades representativas”.

O diretor técnico assistencial do Complexo Hospitalar de Urgência e Emergência, que administra o Hospital João XXIII e o HMAL, Samuel Cruz, alegou que a estrutura do HMAL estava muito defasada, e o fechamento do bloco cirúrgico foi a solução encontrada.

Para Andrea Fontenelle, o fechamento é uma solução “completamente equivocada”. Segundo ela, das cirurgias que o HMAL realizava, mesmo com os problemas estruturais, 30% poderiam continuar sendo feitas.

Ainda de acordo com Andrea, em março de 2023, todo o quadro clínico do HMAL se reuniu para elaborar um plano de reestruturação do hospital, mas nenhuma providência foi tomada em relação às demandas. O processo foi feito na administração anterior do Complexo Hospitalar de Urgência e Emergência.

Fundado em 1947, o Hospital Maria Amélia Lins (HMAL) é referência em cirurgias de alta complexidade em traumato-ortopedia e bucomaxilofacial. A maioria dos pacientes do HMAL é vítima de acidentes de trânsito, especialmente motociclistas jovens, que necessitam de procedimentos cirúrgicos variados e complexos.

O Diário do Estado entrou em contato com a Fhemig, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

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