Entenda como idosos eram recrutados por bando que movimentou R$ 23 mi
Em alguns casos, uma mesma pessoa era vinculada a mais de 30 identidades
diferentes
Na manhã desta quinta-feira (6/2), a Polícia Federal, em parceria com o Núcleo
de Inteligência Previdenciária, desencadeou a segunda fase da Operação Melhor
Idade, que investiga um esquema de fraudes envolvendo o Benefício de Prestação
Continuada (BPC) destinado a idosos. O grupo usava “idosos de aluguel” para dar
aparência de legitimidade aos documentos falsos.
Os idosos eram recrutados para emprestar suas características biométricas, como
impressões digitais e fotografias, para a criação de identidades fictícias. Em
alguns casos, uma mesma pessoa era vinculada a mais de 30 identidades
diferentes. Com essa estratégia, o grupo conseguiu abrir contas bancárias,
ingressar no Cadastro Único do Governo Federal e obter indevidamente cerca de
259 Benefícios de Prestação Continuada ao Idoso, que paga um salário-mínimo por
mês.
A fraude envolvia a falsificação em larga escala de Certidões de Nascimento,
Carteiras de Identidade (RG), Títulos Eleitorais e CPFs, permitindo que os
“idosos de aluguel” figurassem como beneficiários autênticos. Utilizando esses
documentos, o grupo criminoso não apenas obteve benefícios assistenciais, mas
também contratou vários empréstimos consignados, ampliando ainda mais o
prejuízo aos cofres públicos.
Diante da gravidade da situação, a Justiça Federal determinou diversas medidas
cautelares, incluindo mandados de busca e apreensão, bloqueio de contas
bancárias, cancelamento de CPFs fraudulentos, suspensão de benefícios
irregulares e sequestro de bens. Na fase anterior da operação, realizada em 23
de janeiro de 2024, três pessoas foram presas, e vários documentos falsos,
celulares e extratos bancários foram apreendidos.
A análise do material coletado revelou movimentações financeiras incompatíveis
com a renda dos investigados, além de indícios de lavagem de dinheiro. Mesmo
após a primeira fase da operação, os criminosos continuaram a realizar saques de
benefícios irregulares. Por isso, na operação deflagrada nesta quinta (6/2), a
Polícia Federal cumpriu novos mandados contra 16 investigados em quatro estados:
Piauí, São Paulo, Goiás e Distrito Federal.
Até o momento, foram identificados 21 “idosos de aluguel”, que ajudaram a criar
aproximadamente 285 CPFs e Títulos Eleitorais falsos. Com a atuação da Polícia
Federal, foi possível evitar um prejuízo estimado de R$ 35 milhões, além de
interromper a atuação dessa quadrilha especializada em fraudes previdenciárias.
As investigações continuarão para identificar outros envolvidos e desarticular
completamente a organização criminosa.