Empresas de ônibus em SP: 326 mil multas em 2024 por falta de viagens

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Empresas de ônibus em SP receberam 326 mil multas em 2024; mais da metade são por falta de viagens

Reportagem da TV Globo analisou todas as multas que as empresas receberam em 2024; dos quase R$ 80 milhões cobrados pela SPTrans, mais da metade é porque nem todas as viagens que deveriam ter sido feitas foram realizadas. Lotação e atrasos de ônibus são reclamações constantes.

As linhas de ônibus não estão cumprindo o número mínimo de viagens contratado pela Prefeitura de São Paulo. É o que aponta um levantamento feito pela produção do SP2 ao analisar as 326 mil multas que as empresas de transporte público receberam em 2024 pela SPTrans.

Dos quase R$ 80 milhões cobrados nas multas do ano passado, mais da metade é porque as empresas não fizeram o número de viagens que deveriam.

“A gente fica um tempão na fila, fila rodando a estação e não tem ônibus”, ressalta a estudante Fernanda Cardoso.

Empresas de ônibus em SP receberam 326 mil multas em 2024 e mais da metade são por falta de viagens

O levantamento do SP2 também constatou que a linha mais multada da capital em 2024 foi a 2202-10, que liga o Jardim das Oliveiras à Estação Guaianases da Linha 11-Coral da CPTM, na Zona Leste.

Foram mais de mil infrações para a linha 2202-10, da empresa Transunião. Dessas, 357 por não cumprir todas as viagens programadas.

Apesar das multas aplicadas pela SPTrans, a situação piorou. Em janeiro do ano passado, a linha cumpriu 80% das viagens que era obrigada a fazer. Neste ano, foram 71%. O mínimo, por contrato, são 97%.

A TV Globo foi até um dos pontos da linha e verificou que os ônibus não estavam passando com os intervalos de partida a cada quatro minutos, o que é recomendado pela SPtrans.

Era por volta das 17h em um dia da semana e não havia nenhum ônibus parado. Durante a gravação, quatro fiscais da empresa foram até o ponto. Mesmo assim, os ônibus não saíram nos horários programados.

A equipe da TV ainda gravou a movimentação por meia hora sem parar. No período, segundo a SPTrans, estavam programadas dez partidas. Porém, o ônibus das 17h44 saiu 17h47. Depois, saíram ônibus às 18h09, 18h12 e 18h15. Ou seja, menos da metade das partidas previstas. E, mesmo atrasados, os veículos só saíram quando estavam lotados.

O não cumprimento de viagens ajuda a explicar duas das principais reclamações dos passageiros. “Lotado, lotado. Demora demais para chegar”, afirmou a passageira Carolaine Arruda, auxiliar de limpeza.

Das cinco linhas que menos cumpriram a meta de viagens em janeiro, três estão na Zona Sul e são da mesma empresa: a A2 Transportes, multada no ano passado em R$ 5 milhões pelo mesmo motivo.

“A gente espera muito tempo, né? E o ônibus não passa. Às vezes passa e está muito cheio que não dá para entrar. A gente paga caro para andar desse jeito”, diz a promotora de eventos Renata Silva.

Desde o começo do mês, o SP2 fez 12 pedidos de entrevista para o presidente da SPTrans, Victor Hugo Borges. Oficialmente, a companhia nem sequer respondeu. Informalmente, a assessoria de imprensa disse que o presidente estava sem agenda.

Em nota, a companhia disse que está implantando um novo sistema para melhorar o monitoramento em tempo real da operação, e que vai intensificar a fiscalização das empresas.

A A2 Transportes, empresa que tem três linhas entre as que menos cumpriram viagens em janeiro, falou que a quantidade de uma delas foi reduzida a pedido da própria SPTrans, já que o ponto final é num colégio que estava em férias escolares. Mas não citou as outras linhas com queixas.

A Transunião, que opera a linha mais multada no ano passado, disse que a lei que proibiu a aquisição de novos veículos a diesel na capital dificultou a renovação da frota, mas que tenta, com a Enel, viabilizar a compra de veículos elétricos. Sobre o não cumprimento de viagens, a empresa não explicou as razões.

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