Eventos climáticos extremos têm impactado Santa Catarina, causando prejuízos públicos de R$ 724 milhões ao longo da última década. Um levantamento realizado pela Codex, empresa especializada em análise de dados sobre mudanças climáticas e governança, revelou esses números, com base nas informações da Plataforma Nacional de Desastres (S2iD), vinculada ao governo federal. Os danos contabilizados entre 2015 e 2024 dizem respeito a infraestruturas e serviços sob responsabilidade do poder público, como pontes, tubulações e sistemas de energia.
Entre os eventos climáticos analisados em Santa Catarina, as chuvas intensas se destacam como o principal causador de prejuízos, acumulando um total de R$ 565,8 milhões em danos ao longo de uma década. Além das chuvas intensas, outros fenômenos como tempestades, inundações, alagamentos, estiagens e deslizamentos também contribuíram para os prejuízos no estado. No cenário nacional, prejuízos aos cofres públicos estaduais somaram R$ 61 bilhões em 10 anos, colocando Santa Catarina na 12ª posição no ranking, atrás de estados como Paraíba, São Paulo e Pernambuco.
Santa Catarina, historicamente afetada por eventos climáticos extremos como enchentes, deslizamentos e outras ocorrências, tem enfrentado desafios significativos. Em 2020, o Vale do Itajaí foi duramente atingido por chuvas intensas, resultando em danos tanto públicos quanto privados e causando a perda de vidas humanas. Em 2023, o estado registrou cerca de 180 cidades em estado de emergência devido a chuvas, inundações, alagamentos e estiagem, representando 61% do território catarinense.
Para lidar com essas situações de emergência de forma mais eficaz e preventiva, a Defesa Civil de Santa Catarina desenvolveu o Programa Proteção Levada a Sério, considerado pela administração como a maior iniciativa de prevenção de desastres do estado. O programa prevê a realização de 26 obras, sendo a maioria delas na região do Vale do Itajaí. Com um foco na proteção da população e na redução dos riscos de desastres, o programa busca implementar ações estruturais e não estruturais para tornar o estado mais resiliente diante de eventos climáticos extremos.
O professor Paulo Horta, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), destaca a importância de um diagnóstico abrangente dos desastres naturais do estado para orientar ações preventivas e de adaptação. Ele ressalta a necessidade de uma gestão fundamentada na prevenção, precaução e ética do cuidado, priorizando a proteção dos setores mais vulneráveis da sociedade e a promoção de uma economia regenerativa e distributiva.
O Programa Proteção Levada a Sério, com um investimento previsto de R$ 351 milhões até 2026, contempla obras de melhoramento fluvial, manutenção de estruturas existentes, ampliação do monitoramento meteorológico e construção de novas barragens. Além disso, o programa visa atuar na mitigação dos efeitos da estiagem e fortalecer a infraestrutura hídrica dos municípios, demonstrando um esforço significativo do governo estadual para lidar com os desafios climáticos e garantir a segurança da população.