Recentemente, um escândalo ocorrido na cidade de Trindade ganhou repercussão nacional. Os desvios de doações de fiéis envolvendo o padre Robson de Oliveira foi motivo para um verdadeiro abalo na cidade, que envolveu até o Vaticano. Nesta segunda-feira, 21, a Operação Vendilhões completa um mês.
A partir da operação deflagrada pelo Ministério Público e que investiga os crimes de associação criminosa, desvio de dinheiro, apropriação indébita, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e falsificação de documentos, o pároco foi afastado da Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade. Além disso, ele foi retirado da presidência da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), que recebia o dinheiro dos fiéis. Segundo as investigações, a entidade chegava a receber R$ 20 milhões por mês, em doações.
Uma apuração realizada pelo Diário do Estado esclareceu que cerca de 200 pessoas, divididas em três turnos, trabalham no call center da Afipe para a venda de produtos, orientações sobre doações e atendimento à pedidos de orações. Parte do dinheiro arrecadado deveria ser usado para a construção da nova Basílica.
Entretanto, cerca de R$ 120 milhões teriam sido desviados. Entre os bens comprados com o valor estão um avião, uma casa na praia em Guarajuba, na Bahia, empresas de rádio e mais de 50 fazendas. Enquanto isso, em Trindade, os fiéis não concordam com as atitudes tomadas pelo padre.
Para a aposentada Regina Alcântara, de 74 anos, o pároco deve assumir a culpa pelos crimes. “Ele tinha que ter investido na nova igreja, porque a construção está parada há muito tempo. Não tem como sair dessa culpa, ele tem que assumir”, afirma a aposentada.
A professora Nide Morais, de 49 anos, católica e moradora de Trindade há 44 anos, acredita que o Padre Robson aproveitava da boa vontade dos fiéis. “Acho que ele gostava dos fiéis, mas aproveitava da boa vontade de cada um. O padre pode ter ajudado a levar a palavra do Divino Pai Eterno para muito longe, mas para mim não vai mudar nada. Minha fé está no Divino Pai Eterno e não nele”, explica.
Para Regina Alcântara, que costumava frequentar as missas celebradas pelo padre Robson, mesmo se assumir a culpa pelos crimes, ele deve ser perdoado. “Ele é ser humano como a gente e erra também”, comenta a aposentada. O religioso, que ainda não foi ouvido pelos promotores, sempre negou qualquer irregularidade. O Ministério Público não divulgou o balanço das ações feitas pela Operação Vendilhões no último mês.
Taissa Gracik
Veja mais:
Exclusivo: boatos de casos amorosos do Padre Robson eram comuns em Trindade
Call Center de padre Robson funcionava em três turnos com 200 pessoas arrecadando dinheiro
Entidade fundada por padre Robson comprou mais de 50 fazendas
Vídeo: Polícia faz buscas na casa do padre Robson
Vídeo: meme do Padre Robson circula na internet
Urgente: MP pediu prisão de Padre Robson
Padre Robson comprou até casa de praia com a Afip, diz MP
Hacker que extorquiu Padre Robson relatou ter um romance com ele, aponta decisão