Absurdo: vereador quer Dia do Orgulho Hétero em Goiânia

Vereador Ronilson Reis

O vereador Ronilson Reis (PODE) protocolou nesta quinta-feira (22), na Câmara Municipal de Goiânia, um projeto de lei que institui o ‘Dia do Orgulho Hétero’. A data deverá ser comemorada no terceiro domingo do mês de dezembro.

A exemplo de Cuiabá, que teve recentemente um projeto no mesmo molde aprovado em primeira votação no plenário, o do vereador goiano vai passar ainda pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Segundo Ronilson, ele já conversou com os membros da CCJ e foi manifestado que o projeto é constitucional.

Para Ronilson, trata-se de um projeto que busca exercer o direito da livre manifestação pacifica “É um dia para afirmar o orgulho em ser heterossexual, da mesma forma que existem tantas outras datas”, afirma.

O vereador, de postura conservadora, pontua que o aspecto religioso, de maneira alguma, está inserido no contexto. O Diário do Estado tentou contato com o vereador Ronilson Reis mas até o fechamento dessa matéria não houve retorno. O espaço permanece aberto.

Revolta nas redes sociais

Nas redes sociais, internautas se mostraram indignados com a proposta do vereador. Na própria postagem do vereador em seu Instagram, uma pessoa chegou a comentar “Ninguém morre por ser hétero, ninguém é expulso de casa por ser hetéro, ninguem é maltratado por ser hetéro. Vai procurar um projeto melhor para aprovar, honra esse cargo […]”. Outro comenta “Fome, desemprego, violência. O negócio é ter orgulho de ser hetéro, já que é uma classe que sofre horrores por ser quem são”.

O “orgulho do grupo LGBT” é pela luta de direitos

O ativista pelos direitos humanos Marco Aurélio de Oliveira, 54, critica o projeto do vereador. Marco é fundador da Associação Ipê Rosa e do Grupo Oxumare de Direitos Humanos de Negritude e Homossexualidade. Ele afirma que isso é uma reação do setor conservador que usa o discurso do grupo LGBTQIA+ “O vereador em questão não está preocupado com o calendário da cidade. A preocupação é pautar o conservadorismo e a ideologia em cima dos setores mais vulneráveis”, diz.

Marco afirma ainda que a ideia vem simplesmente porque lê o orgulho e interpreta a palavra apenas no sentido simples “A pessoa pensa: se tem o dia do orgulho gay, precisa também o dia do orgulho hétero. Da mesma forma com o dia da mulher ‘vamos fazer um dia do homem’. A pessoa não está preocupada com a historicidade do processo e se sabe, não está preocupado, de fato, com a vida e a dignidade das pessoas”, pontua.

O ativista ressalta ainda que a proposta não se preocupa nem com o setor em que presta homenagem “Em que momento o grupo heterossexual passa vulnerabilidade? Essas pessoas negam o racismo e o preconceito. O orgulho LGBTQIA+ é pela conquista de direitos em ocupar espaços”.

Dia do Orgulho LGBT – 28 de junho

O início do movimento LGBTQIA+ começou com a Revolta de StoneWall. No dia 28 de junho de 1969, nos Estados Unidos, os frequentadores do bar StoneWall Inn, resolveram colocar um fim nas batidas policiais que aconteciam no local.

O bar era frequentado pelos grupos mais vulneráveis, como negros, prostitutas, LGBTs e as batidas policiais eram realizadas sempre com truculência. Cansados das perseguições, os frequentadores, que já não aguentavam mais serem desrespeitados, reagiram violentamente aos policiais.

Bar StoneWall Inn – Nova York (EUA). Foto: Reprodução

Com um ano do ocorrido, pessoas se juntaram e saíram às ruas para mostrar o orgulho de ser quem se é, apesar do preconceito sofrido e da vulnerabilidade. Marco, ao final da entrevista, diz “A discriminação começa dentro de casa, depois na escola, na igreja, no trabalho e depois chega na rua”.

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Policial Militar é indiciado por homicídio doloso após atirar em estudante de medicina

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou que as câmeras corporais registraram a ocorrência. O autor do disparo e o segundo policial militar que participou da abordagem prestaram depoimento e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações. A investigação abrange toda a conduta dos agentes envolvidos, e as imagens das câmeras corporais serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
 
O governador Tarcísio de Freitas, de São Paulo, lamentou a morte de Marco Aurélio por meio de rede social. “Essa não é a conduta que a polícia do Estado de São Paulo deve ter com nenhum cidadão, sob nenhuma circunstância. A Polícia Militar é uma instituição de quase 200 anos, e a polícia mais preparada do país, e está nas ruas para proteger. Abusos nunca vão ser tolerados e serão severamente punidos,” disse o governador.
 
O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Claudio Silva, avalia que há um retrocesso em todas as áreas da segurança pública no estado. Segundo ele, discursos de autoridades que validam uma polícia mais letal, o enfraquecimento dos organismos de controle interno da tropa e a descaracterização da política de câmeras corporais são alguns dos elementos que impactam negativamente a segurança no estado. O número de pessoas mortas por policiais militares em serviço aumentou 84,3% este ano, de janeiro a novembro, na comparação com o mesmo período do ano passado, subindo de 313 para 577 vítimas fatais, segundo dados divulgados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) até 17 de novembro.
 
O Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp) do MPSP faz o controle externo da atividade policial e divulga dados decorrentes de intervenção policial. As informações são repassadas diretamente pelas polícias civil e militar à promotoria, conforme determinações legais e resolução da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP).

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