Ao menos sete cidades goianas tiveram eventos cancelados pela Justiça, em 2022

Ao menos sete municípios goianos tiveram eventos cancelados pela Justiça neste ano, por contratações indevidas de apresentações musicais. Outras duas cidades foram investigadas pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO). Em todos os casos, os gestores municipais contrataram cantores sertanejos com cachês milionários, usando verba pública.

A determinação mais recente ocorreu em Itauçu. Lá a Justiça proibiu a Prefeitura de fazer o pagamento de R$ 1,8 milhão para cantores sertanejos que se apresentariam na 30ª Festa do Peão. A cidade, no centro goiano, tem menos de 9 mil habitantes. Portanto, para o MP, os gastos “excessivos” causariam um “prejuízo na saúde financeira” do município.

A decisão do juiz Natanael Reinaldo, a pedido do (MP), foi publicada ao final na tarde desta quarta-feira, 14, horas antes do evento começar. Mesmo assim, o prefeito da cidade, Clayton Pereira de Melo, que a prefeitura “buscou meios cabíveis” junto ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), portanto, a abertura do evento aconteceu normalmente, como previsto antes da decisão judicial.

“Estou passando para reafirmar o nosso compromisso que hoje às 20h estaremos fazendo a abertura da 30ª Festa do Peão. Tem uma decisão correndo aí, mas nós já buscamos nossos meios cabíveis junto ao Tribunal e não temos dúvidas de que a festa vai acontecer”, disse o prefeito nas redes sociais.

No palco da festa, prevista para terminar no próximo sábado, 17, devem passar os sertanejos Zezé Di Camargo com cachê de R$ 300 mil, Matheus & Kauan recebe R$ 250 mil, Naiara Azevedo R$ 175 mil, João Neto & Frederico R$ 150 mil.

Como dito anteriormente, Itauçu não foi o único município que este ano teve eventos cancelados. Cachoeira Alta, Cachoeira de Goiás, Formosa, Taquaral, Vianópolis e São Miguel do Araguaia também passaram pela mesma situação. Além disso, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo chegaram a ser investigadas pela realização de festas.

Aparecida de Goiânia

Para a realização do Aparecida é Show, a prefeitura gastou em maio cerca de R$ 2,2 milhões com atrações musicais. Entre os artistas que se apresentaram estão: Wesley Safadão (R$ 700 mil), Xand Avião recebeu cachê de R$ 300 mil, Zé Vaqueiro (250 mil), a dupla Zé Ricardo e Thiago (R$ 90 mil), cantora gospel Isadora Pompeo (R$ 75 mil), Cesar Menotti e Fabiano (R$ 245 mil), Léo Magalhães (R$ 180 mil), Saia Rodada (R$ 240 mil) e banda cristão Rosa de Saron (R$ 80 mil). Gusttavo Lima, que receberia R$ 750 mil), mas cancelou a apresentação.

Na época, ao ser questionada pelo Diário do Estado, por meio de nota, a Prefeitura de Aparecida de Goiânia disse que “eventos como o Aparecida é Show movimentam a economia local e geram renda para milhares de famílias”.

Senador Canedo

Já em Senador Canedo, a história é um pouco diferente, mas também despertou a atenção do órgão, após reportagem do Diário do Estado. Na época, a gestão municipal contratou shows caros e pretendia cobrar ingressos com valores entre R$ 30 e R$ 50. Ao tomar conhecimento da situação, o DE acionou o MP e apresentou documentação que foi analisada pela promotora Tamara Cybelle, da 4ª Promotoria de Justiça. O Ministério Público deu 48 horas para que a Prefeitura de Senador Canedo prestasse as informações sobre o caso, para a adoção das medidas cabíveis.

Antes de vencer o prazo em questão, o prefeito da cidade Fernando Pellozo convocou entrevista coletiva e anunciou a abertura dos portões. Ainda assim, a documentação segue com a promotoria e o caso ainda pode ter novos desdobramentos.

CPI do sertanejo

Após o cantor Zé Neto, criticar a Anitta e a Lei Rouanet, no dia 12 de maio, o Ministério Público de seis estados investiga a realização de shows, em mais de 35 cidades. A apuração é para saber se houve desvio de verba pública por parte das prefeituras para a realização de eventos.

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