Atraso na entregue da sonhada casa própria? Conheça seus direitos

Atrasos em obras podem ocorrer, seja por atraso de material, mudanças no cronograma ou outros fatores. Mas, quem conta com a entrega de uma casa não está interessado nesses detalhes. O problema é recorrente naqueles vendidos na planta e já há entendimento pacificado nas instâncias superiores de justiça no Brasil. Nesse momento, saber como a legislação ampara os clientes ajuda a evitar muitas dores de cabeça.

Os direitos variam conforme a decisão do futuro dono da casa. A demora precisa ultrapassar o prazo de seis meses para configurar um atraso injustificado e estar prevista em contrato, de acordo com decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O primeiro passo para tentar resolver a situação é procurar a construtora e verificar se há uma nova data para entrega.

A partir do fim do prazo contratual, taxas como de evolução da obra não podem mais ser cobradas e correção sobre o Habite-se passa a ser pela variação mais favorável ao comprador: o  Índice Nacional da Construção Civil (INCC) ou o  IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado). Em seguida, as opções são rescindir o contrato ou redobrar a paciência e insistir na entrega, mas todos deverão ser resolvidos judicialmente.

“O adquirente pode entrar com ação de rescisão contratual exigindo também indenização por dano material e moral e devolução imediata de valores pagos, além de requerer o pagamento de 1% sobre o valor do imóvel atualizado. Se o cliente estiver pagando aluguel por causa do atraso, ele pode pedir o reembolso desse valor e caso prefira aguardar a entrega em um imóvel alugado, esse custo também tem a possibilidade de ficar por conta da construtora”, explica a advogada Sirley Oliveira.

Ela orienta as pessoas a procurar um especialista em Direito Imobiliário antes de assinar o contrato da compra do imóvel. A consulta ajuda a evitar situações embaraçosas e cláusulas abusivas nas quais o comprador tende a ficar em posição desfavorável na negociação. A profissional destaca que existe a chance de ser elaborado um contrato conjunto e justo para ambas as partes.

Na semana passada, o Tribunal de Justiça de Goiás determinou o pagamento de R$ 4 mil por danos morais e ainda uma indenização para um casal de compradores. Eles reclamavam que o imóvel não foi entregue mesmo após sete anos de atraso e mediante quitação de 90%  das obrigações contraídas no contrato de compromisso de compra e venda. Os valores deverão ser pagos pela cooperativa habitacional, uma incorporadora e uma construtora.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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