Aumento no preço do gás de cozinha faz famílias optarem por cozinhar no álcool, em Goiás

O aumento da inflação tem feito a população goianiense sofrer, devido a dificuldade de acesso a itens básicos. O preço do gás de cozinha, por exemplo, subiu 39,62% em Goiânia em 2021. Já nos últimos 12 meses, o produto registrou uma alta acumulada de 43,8%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em entrevista ao Diário do Estado, a dona de casa e mãe de três filhos, Luana Oliveira de Jesus, de 27 anos, explicou que teve de vender o gás que tinha em cada há cerca de três meses para comprar alimento. Entretendo, não conseguiu comprar outro recipiente que custa em média R$ 300. Hoje, apenas o botijão de gás pode ser encontrado entre R$ 110 a R$ 115 reais, em Goiânia.

“Está muito caro, aumentou muito. Vendi o gás para comprar alimento e pagar o aluguel que estava atrasado há muito tempo. Eu iria comprar outro depois, mas ficou muito caro e não consegui comprar. Eu como na obra que tem perto aqui de casa, quando eles dão marmita ou na casa da minha mãe. Não consigo trabalhar por agora porque tenho uma filha de 16 dias’, disse.

Cozinhar no álcool

Ainda de acordo com Luana, por não ter condições de comprar o gás e pela dificuldade de coletar lenha nas proximidades da sua casa, o jeito tem sido cozinhar usando álcool, mesmo que isso represente um perigo para a sua vida.

“Aqui perto não tem lenha, apenas os pedaços de madeira na obra. Porém, a gente não pode pegar porque eles usam, então nunca cozinhei na lenha. Às vezes eu cozinho no álcool quando dá, a minha mãe fica brigando, mas é o jeito mais fácil que achei quando não tem onde comer. Graças a Deus nunca cheguei a me queimar”.

Fogão parado por não ter como cozinhar / Foto: Arquivo pessoal

Perigo

Para o Corpo de Bombeiros, cozinhar usando álcool é perigoso, uma vez que o produto inflamável pode provocar acidentes. No inicio de setembro, por exemplo, uma família sofreu queimaduras graves por todo o corpo ao usar álcool para cozinhar por não ter dinheiro para comprar o botijão de gás, em Anápolis. Benta Maciel Correa e o marido, Israel Rosa, estavam fazendo um almoço na casa do cunhado quando o material inflamável explodiu. O casal sofreu queimaduras por todo o corpo.

“A cozinha é um dos locais com maior risco de acidentes na utilização do álcool dentro de casa, pois neste ambiente possuem equipamentos que produzem fogo, o agente ígneo responsável pela combustão do álcool e ainda possui muitos equipamentos elétricos. A recomendação é para que não use álcool etílico ou etanol para acender churrasqueiras, ou substituir o gás de cozinha na cocção de alimentos, pois estes produtos são altamente inflamáveis, podendo causar incêndios e queimaduras, devido a sua combustão”, explicou a corporação.

Casal que se queimou ao tentar cozinhar com álcool / Foto: Reprodução

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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