Bolsonaro terá que bancar defesa por fake news e interferência na PF

Após derrota de Bolsonaro, PL vai pedir anulação das eleições

A partir de 1º de janeiro, o atual presidente Bolsonaro perde o foro privilegiado e deverá ser investigado por uma série de suspeitas de crimes cometidos durante o mandato. A lista inclui apuração sobre fake news, divulgação de notícias falsas sobre vacinas, disseminação de  dados sigilosos da urna eletrônica, interferência na Polícia Federal (PF) e desinformação. Será a primeira vez em 31 anos que ele responderá a processos na Justiça comum.

Na prática, a saída do cargo significa que ele poderá ser investigado pela PF sem autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, os documentos com a Procuradoria Geral da República (PGR) seguem para instâncias abaixo do Ministério Público e as apurações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) são remetidas ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do local da infração.

Bolsonaro está sendo alvo de quatro inquéritos e mais dois relativos à CPI da Covid podem ser incluídos na lista. Um seria por incentivar aglomeração e o não uso de máscara e o outro por ter apresentado um documento oficial falso falsificação do Tribunal de Contas da União para provar fraude nos dados de mortes de pessoas por covid no País. 

A defesa do presidente passará a ser custeada pelo próprio bolso já que, como chefe do Executivo, o trabalho era feito pela Advocacia Geral da União (AGU). Até então, as denúncias eram feitas na Justiça pela PGR mediante autorização prévia da Câmara dos Deputados. No cargo, Bolsonaro poderia responder após julgamento do STF, que arbitraria uma pena e consideraria a perda da função. A exceção são os crimes de responsabilidade nos quais a apuração e julgamento cabem aos senadores.

Investigações contra Bolsonaro:

-Divulgação de notícias falsas sobre a vacina contra covid-19;

-Vazamento de dados sigilosos sobre ataque ao TSE;

-Inquérito das fake news, sobre ataques e notícias falsas contra ministros do STF;

-Interferência na Polícia Federal.

Investigações em andamento:

-incitação ao crime

-falsificação de documento particular 

Investigações arquivadas (podem ser reabertas se surgirem novas provas):

-suspeita de ter causado epidemia com resultado morte por suspeita de propagar o vírus;

-charlatanismo por defender o uso de medicamentos sem eficácia;

-infração de medida sanitária preventiva ao promover aglomerações e não usar máscara;

-uso irregular de verbas públicas na compra de medicamentos ineficazes;

-prevaricação ao não determinar investigação de denúncias de corrupção na compra de vacinas.

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Gabinete de transição ganha reforço com Simone Tebet e Kátia Abreu 

Duas semanas após as eleições, o grupo de trabalho responsável pela transição do governo para a posse Lula ganhará reforços. Na lista de integrantes do gabinete que devem ser nomeados estão a ex-presidenciável Simone Tebet, a filha do cantor Gilberto Gil, Bela Gil, e a ex-ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Os nomes foram anunciados pelo vice-presidente eleito e coordenador do trabalho, Geraldo Alckmin,  nesta segunda-feira. Ao todo são 31 grupos técnicos.

Gil e Tebet fazem parte do tópico Desenvolvimento Social e Combate a Fome, enquanto Abreu de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. As áreas ainda sem nomes definidos são Infraestrutura, Minas e Energia, Previdência Social, Trabalho, Ciência, Tecnologia e Inovação, Desenvolvimento Agrário, Pesca e Turismo. (Veja abaixo todos os nomeados no gabinete de transição).

Na semana passada, a goiana Iêda Leal  foi incluída no grupo para cuidar do eixo e Igualdade Racial com outras seis pessoas, incluindo a ex-ministra da área na gestão de Dilma Rousseff, Nilma Gomes. As outras formações para discussão e planejamento são  Comunicação, Igualdade Racial, Direitos Humanos, Planejamento, Orçamento e Gestão, Indústria, Comércio, Serviços e Pequenas Empresas e Mulheres. 

Há 20 anos, uma lei federal garante acesso de uma equipe formada por 50  pessoas e de um coordenador a informações e dados de instituições públicas. A medida visa colaborar no planejamento de ações a partir da posse do presidente eleito. O trabalho está autorizado a  começar no segundo dia útil do anúncio do vencedor da eleição e deve ser finalizada até o décimo dia após a posse presidencial.

Confira a lista completa dos integrantes do gabinete de transição:

Economia

-Persio Arida, banqueiro, foi presidente do BNDES e do BC

-Guilherme Mello, economista, colaborou com o programa de Lula

-Nelson Barbosa, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento de Dilma (PT)

-André Lara Resende, economista e um dos pais do Plano Real

Planejamento, Orçamento e Gestão

-Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento 

-Esther Dweck, professora da UFRJ

-Antônio Correia Lacerda, presidente do Conselho Federal de -Economia

-Enio Verri, deputado federal (PT-PR)

Comunicações

-Paulo Bernardo, ministro das Comunicações de Dilma

-Jorge Bittar, ex-deputado (PT)

-Cézar Alvarez, ex-secretário no Ministério das Comunicações

-Alessandra Orofino, especialista em economia e direitos humanos

Indústria, Comércio e Serviços

-Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES sob Lula e sob Dilma (2007-2016)

-Germano Rigotto, ex-governador do RS (MDB)

-Jackson Schneider, executivo da Embraer e ex-presidente da Anfavea

-Rafael Lucchesi, Senai Nacional

-Marcelo Ramos, deputado federal (PSD-AM)

Micro e Pequenas Empresas

-Tatiana Conceição Valente, especialista em economia solidária

-Paulo Okamotto, ex-presidente do Sebrae

-André Ceciliano, candidato derrotado ao Senado pelo PT no Rio

-Paulo Feldmann, professor da USP

Desenvolvimento Social e Combate à fome

-Simone Tebet, senadora (MDB)

-André Quintão, deputado estadual (PT-MG), sociólogo e assistente social

-Márcia Lopes, ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Lula

-Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Dilma Rousseff

-Bela Gil, apresentadora

Agricultura, Pecuária e Abastecimento

-Carlos Fávaro, senador (PSD-MT)

-Kátia Abreu, senadora (Progressistas-TO)

-Carlos Ernesto Augustin, empresário

-Neri Geller, deputado (PP-MT)

Cidades

-Márcio França, ex-governador de São Paulo (PSB)

-João Campos, prefeito do Recife (PSB)

Desenvolvimento Regional

-Randolfe Rodrigues, senador (Rede-AP)

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