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Chacina Ceilândia: Lázaro cometeu primeiro crime aos 20 anos

Última atualização 16/06/2021 | 18:43

Há 12 anos, quando Lázaro Barbosa de Sousa ainda tinha o apelido de Leandro e era ouvido pela primeira vez por seu primeiro crime, o rapaz de 20 anos era conhecido por ser muito trabalhador. No campo da ficha onde consta profissão estava escrito jardineiro. No depoimento, disse que fazia qualquer serviço na roça. Testemunhas ouvidas na época pela Justiça atestavam a idoneidade do rapaz.

De lá pra cá, no entanto, a profissão deixou de ser citada e exercida e Lázaro, que ganhou na cadeia o apelido de Índio, hoje é procurado pelos crimes de homicídio, latrocínio, roubo, estupro, desacato e resistência à prisão, crimes praticados em Barra do Mendes, na Bahia, sua cidade natal; no Distrito Federal e em Goiás.

Ele nasceu e cresceu no Povoado de Melancia, em Barra do Mendes, no sertão baiano. Os pais eram separados e ele morava com a mãe, Eva Maria Sousa Magalhães, que tinha problemas com um vizinho que a acusava de jogar ossos para que o gado adoecesse. Por algumas vezes, segundo depoimento de Lázaro na época, o vizinho o acusara de furtos e brigava por causa de galinhas e cães, o que continuou mesmo depois que se mudaram para outra casa.

Lázaro parou de estudar na 7ª série do Ensino Fundamental. A mãe, temendo alguma ação do vizinho, mandou o filho para Goiás. Ele veio trabalhar no Povoado de Girassol, município de Cocalzinho de Goiás, para onde depois a mãe se mudou. O pai, Edenaldo Barbosa Magalhães já havia se mudado para a localidade onde mora até hoje com uma nova família.

Foi férias de Lázaro, em abril de 2009, que a vida de Lázaro ganhou novos rumos. Depois de passar o dia todo bebendo saiu de noite armado com uma espingarda e no caminho de volta da casa de um amigo matou duas pessoas: o antigo vizinho que ele alega que ameaçava a ele e a mãe, Manoel Desidério Silva e o enteado de Manoel, José Carlos Benício de Oliveira, o Carlito. Na época cogitou-se que o crime havia sido cometido por causa de uma jovem chamada Adriana, mas Lázaro negou a versão na Justiça. Ele negou ter tido algum tipo de relacionamento com Adriana. Alegou que matou sem intenção Carlito e com medo de represália, matou Manoel.

Lázaro fugiu por oito dias até se entregar para a polícia. Na época, segundo disse em depoimento, entrava nas casas apenas para se alimentar e fugia novamente para o mato. Tomado pelo arrependimento na época, se entregou para a polícia, mas teria fugido 10 dias depois. O fato da mãe e dele próprio serem envolvidos com ocultismo não chegou a ser apontado como um dos motivos prováveis de Manoel tê-los acusado de tentar adoecer o gado e de supostamente não se dar bem com os dois.

Em 16 de novembro de 2009 ele foi recolhido ao presídio, em Brasília, onde cumpriu pena de 6 anos, 4 meses e 14 dias até fugir no dia 29 de março de 2016. Foi recapturado e levado de volta para o presídio dia 23 de julho de 2018, permanecendo mais 4 meses e 17 dias até fugir novamente. Do total de 15 anos, oito meses e 19 dias de pena, Lázaro falta cumprir 8 anos, 11 meses e 18 dias pelos crimes de estupro, latrocínio e porte de arma ocorridos em Ceilândia, conforme o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. Atualmente, Lázaro tem contra si três mandados de prisão em aberto. Dois de Ceilândia (DF) e um de Barra do Mendes (BA).

Crimes

No dia 7 de março de 2018, Lázaro foi preso em flagrante por resistência à prisão, quando estava próximo a uma panificadora no Bairro de Águas Bonitas 1, etapa B, em Águas Lindas de Goiás. Agentes do Grupo de Investigações de Homicídios (GIH) de Águas Lindas o abordaram para cumprir mandatos de prisão pelo duplo homicídio qualificado na Bahia, por um latrocínio no DF e por porte de arma e tiveram trabalho para contê-lo. Ele fugiu e ao ser alcançado, só foi algemado depois que três agentes conseguiram imobilizá-lo no chão. Dia 23 de julho do mesmo ano, Lázaro novamente fugiu.

Durante os anos como foragido da Justiça, Lázaro continuou morando no Povoado de Girassol, em Cocalzinho de Goiás. Ele é suspeito de tentar roubar uma chácara na região e de matar o caseiro, que percebeu a presença dele. Na época, os chacareiros da região chegaram a oferecer um prêmio para quem conseguisse matar o criminoso. Depois deste crime, a mãe dele mudou-se do povoado. O pai ainda mora lá com a família e teme a volta do filho. Tem medo de que ele faça algum mal para a família. “Ele é um monstro”, afirmou em reportagem ao “Correio”.

No dia 8 de abril de 2020, Lázaro invadiu uma casa em Santo Antônio do Descoberto (GO), pegando de surpresa os quatro moradores idosos que jogavam dominó na varanda da casa. Ele desligou o fornecimento de energia e entrou no local, ameaçando e agredindo as vítimas com violência. “Além da ameaças psicológicas e do terror causado a todo momento, o denunciado restringiu a liberdade das vítimas trancando-as no quarto. Posteriormente, valendo-se de um machado danificou as janelas dos quartos, a porta da sala, da cozinha e dos fundos”, diz o processo judicial a que o Diário do Estado teve acesso.

Ele foi denunciado pelo crime de roubo majorado pelo emprego de violência com arma branca e restrição da liberdade das vítimas Lidelny Rocha Pimenta, Abadia Guimarães Rocha e Abadia Aparecida Duarte Guimarães e por tentativa de latrocínio contra Waldomir Belchior Guimarães, que foi atingido com um golpe de machado na cabeça, “causando-lhe uma fratura de base de crânio com traumatismo crânioencefálico, que o deixou em estado vegetativo permanente”.

Em seguida, o acusado pegou um facão e passou a agredir a vítima Lidelny no rosto, nas costas e nos braços. Ato contínuo, o denunciado subtraiu um celular smartphone, R$ 500,00 reais em espécie e uma arma de fogo revólver calibre 38, de Lidelny, e os três celulares smartphone pertencentes às vítimas Abadia Guimarães, Waldomir e Abadia Aparecida.

Em maio deste ano, o criminoso invadiu uma chácara no Entorno do DF, onde rendeu e prendeu em um quarto os homens da casa e deixou as mulheres nuas servindo comida para ele. Nenhuma pessoa da casa ficou ferida. Em 2013 foi submetido a exame cujo laudo diz que Lázaro é impulsivo, ansioso, desequilibrado mentalmente e com preocupações sexuais. Em abril deste ano ele estuprou uma mulher ao invadir a casa dela na região do Sol Nascente, em Brasília. Dia 17 de maio, invadiu outra casa na região e ameaçou os moradores. Fugiu sem ferir ninguém.

No dia 9 de junho deste ano, Lázaro atacou novamente. Ele invadiu um sítio em Incra 9, em Ceilândia, no Distrito Federal e matou quatro pessoas da mesma família. Ele executou Cláudio Vidal, de 48 anos; os filhos, Gustavo Marques Vidal, de 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, de 15; e raptou Cleonice Marques, de 43, esposa de Cláudio e mãe de Gustavo e Carlos Eduardo. Ela foi morta na beira de um córrego, a tiros e facadas, indicando que o crime possa ter relação com os rituais satânicos que Lázaro seria adepto.

Desde então, Lázaro tem sido alvo de uma operação com mais de 220 agentes de segurança de Goiás e do Distrito Federal. Durante a fuga, ele já trocou tiros duas vezes com policiais e com civis. Ele deixou três pessoas de uma chácara baleadas e feriu dois policiais militares. De acordo com o secretário Rodney Miranda, da Segurança Pública de Goiás, o criminoso é altamente perigoso e mateiro (termo que ele usa para tentar explicar a astúcia de Lázaro em áreas rurais).

Depoimento mostra que Lázaro teria cometido duplo homicídio sem planejar crime

Ainda digitado em uma máquina de escrever, o depoimento de Lázaro à Justiça da Bahia revela que criminoso é uma pessoa comum, sem o ar mítico que polícia e imprensa tentam imprimir ao acusado. Confira!

Aos 15 (quinze) dias do mês de abril de 2009, às 11h30m na presença da Exmº. Dra. Dalia Zaro Queiroz, Juíza de Direito da Comarca de Barra do Mendes-Bahia, no Fórum Alberic Campos, na sala das audiências, comigo escrevente do seu cargo abaixo assinado, servindo de porteiro o Oficial de Justiça designado, pela escrevente, foram apresentados os autos de nº 909/2008 que a Justiça Pública move contra LÁZARO BARBOSA DE SOUSA, como incurso nas penas do artigo 121, parágrafo 2, IV, c/c art. 71 parágrafo único do C. Penal. Feito o pregão de lei, foi dada por fé a presença da “Representante do Ministério Público na pessoa do Doutor André Garcia de Jesus e do denunciado LÁZARO BARBOSA DE SOUSA. Foi concedido ao interrogado entrevista reservada com Advogado nos termos do artigo 185 S II do/ CPP. Após passou a MM. Juíza a interrogar o réu na forma que segue:

P- Qual o seu nome?
R -— Lázaro Barbosa de Sousa
P- De onde é natural?
R- Barra do Mendes
P- Qual o seu estado civil?
R- solteiro
P. Qual a sua idade?
R- 20 anos, 27/08/1988
P. De quem é filho?
R- Eva Maria de Sousa e Edinaldo Barbosa Magalhães
P. Onde reside?
R – Povoado de Melancia
P. Quais os meios de vida ou profissão e em que lugar exerce a sua atividade?
R- que trabalha em tudo, em roça.
P. Sabe ler e escrever?
R- Sim, estudou até a 7º série. Que parou de estudar para trabalhar.

Em seguida a MM. Juíza, depois de haver observado ao acusado que nos termos da constituição não está obrigado a responder as perguntas que lhe forem formuladas, e que o seu silêncio não poderá ser interpretado em prejuízo da própria defesa, e de ter-lhe cientificado da acusação que lhe estava sendo intentada passou a interrogá-lo na forma do artigo 188 do CPP como se segue:

P- Onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta?
R- que no dia do fato o depoente estava no Povoado de Melancia;
P. Se conhece as provas já apuradas contra a sua pessoa?
R- não
P. Se conhece as testemunhas do processo e desde quando?
R- sim
P. Se tem alguma coisa a alegar contra as testemunhas?
R — não
P. Se é verdadeira a imputação que lhe é feita?
R — sim.

P. Se pode dizer todos os demais fatos e pormenores que conduzem à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração?
R — que um tempo atrás o interrogado com sua mãe morava perto da vítima Manoel; que Seu Manoel começou a ter rixa com o interrogado e sua família por causa de cachorro, galinha; que a rixa com a mãe do interrogado e o padrasto; que então mudaram para uma casa mais distante da casa de Seu Manoel; que mesmo assim seu Manoel gostava muito de procurar indaga com a família do interrogado; que Seu Manoel chegou a ameaçar a mãe do interrogado; que a mãe do interrogado foi falar com seu Manoel e a situação ficou mais ou menos resolvida; mesmo assim depois Seu Manoel encontrou o interrogado e sua mãe na estrada e começou a discutir com sua mãe acusando a família do interrogado de ter jogado osso para o gado dele morrer; que ele pegou uma garrafa e tentou agredir o interrogado; que chegou a atingir o braço do interrogado cuja marca tem até hoje; que depois desse fato a mãe do interrogado mandou o interrogado ir embora para Goiás; que o interrogado foi para o Goiás ficou um ano trabalhando lá; que então voltou para a Melancia; que a mãe do interrogado continuou morando na Melancia; que quando o interrogado voltou as ameaças continuaram, não diretamente mais ele dizia que se visse eles atropelava; que a mãe do interrogado tornou a mandar o interrogado para o Goiás e o interrogado foi para o Goiás; que ficou um tempo lá arrumou um emprego para mãe e ela foi pra lá; que o interrogado ficou lá mais um ano e voltou para Melancia para passear; que no domingo (dia anterior ao fato) o interrogado juntamente com Joezio alugou uma moto para passear; que o interrogado acabou bebendo demais; que chegou em casa meio bêbado; que tomaram mais duas doses de cachaça e foi levar Joezio para casa dele; que foram a pé pois a moto já tinha entregue; que como era de noite para não sair sem nada com receio o interrogado saiu com a espingarda; que o interrogado levou na volta o interrogado bateu na casa de Adriana; que Adriana morava só e o interrogado queria só fazer medo para ela; que Adriana começou a gritar e o interrogado saiu; que ainda estava escuro; que quando o interrogado avistou viu uma pessoa atrás dele com um cachorro; que não sabia quem era; que então atirou pra trás não tinha noção de quem estava atrás do interrogado; que na hora que o interrogado atirou a pessoa gritou então o interrogado reconheceu pela voz que se tratava de um conhecido do interrogado; que se tratava de Carlito; que o interrogado então saiu correndo; que foi para casa e ficou pensando no que tinha feito; que Manoel era padrasto de Carlito; que o interrogado ficou pensando que na hora em que Manoel ficasse sabendo do ocorrido iria querer matar o interrogado; que então o interrogado foi para casa de Seu Manoel e chegando lá chamou Seu Manoel; que quem veio foi o filho de Seu Manoel chamado Edejalma; que na hora que Edejalma viu que era o interrogado entrou na casa e disse “ é o Lázaro”; que na hora que seu Manoel Vinha de dentro de casa já vinha com alguma coisa; que o interrogado não sabe o que era pois já estava escuro; que quando o interrogado viu que ele estava armado com alguma coisa, com medo de que ele atirasse o interrogado atirou também; que depois que atirou no Seu Manoel o interrogado não sabia que ele tinha morrido e com medo dele correu; que então ficou fugindo da policia por uns oito dias e depois se entregou, resolveu pagar pelo que tinha feito; que antes de ir para casa de Seu Manoel o interrogado passou na casa de Seu Getúlio e falou para Getúlio que tinha atirado em Carlito; que em seguida o interrogado foi em direção a casa de Manoel; que o interrogado foi para casa de Manoel já com intenção de matar Manoel já com medo da vingança de Manoel; que a parte do interrogatório em que consta que o interrogado tinha ido para casa da Adriana roubar a moto foi colocada pelo delegado.

P. Se foi preso ou processado alguma vez, e caso afirmativo qual o Juízo do processo qual a pena imposta e se a cumpriu?
R- não
P. Se tem Advogado?
R- sim. Drº Nivaldo
P. Se tem algo mais a alegar em sua defesa?
R- não
Perguntado ao MP se tem algo mais a ser esclarecido e à perguntas deste, respondeu:
R- que não chegou a entrar na casa de Carlito; que no interrogatório feito pelo delegado o interrogado estava com a cabeça quente e com a perna doendo e que não disse quase nada; que a maioria das coisas foi completado pelo delegado; que o interrogado não entrou na casa de Carlito; procurando por Adriana; que Adriana era uma amiga do interrogado; que o interrogado encontrava com ela na casa do pai dela mas nunca teve aproximação com ela; que o interrogado não encontrou Willian; que das pessoas que encontrou além das vítimas foi Edjalma; que não encontrou Carisvaldo de jeito nenhum; que depois de ter atirado em Seu Manoel o interrogado fugiu; que na casa de Carlito não encontrou ninguém; que Carlito estava atrás do interrogado e o interrogado não sabia que se tratava de Carlito; que durante o tempo que esteve fugido o interrogado não ameaçou ninguém; que quando estava fugido o interrogado estava com a mesma arma; que durante o período em que estava foragido entrou para almoçar na casa de um vizinho encontrou a cartucheira e ficou com a cartucheira dispensando a espingarda que quando pegou a cartucheira pegou também um carro; que tentou sair com o carro mais o carro quebrou a direção; que então deixou o carro e continuou andando a pé; que antes do fato o interrogado nunca tinha intenção de matar ninguém; que achava um horror; que não tinha intenção de matar Adriana; que atualmente acha triste nem por ele mesmo mais pelas filhas e esposa de Carlito; que acha difícil encarar a realidade e saber que fez isso; que se arrepende muito de ter matado Manoel; que não se lembra de ter dito a Joezio que tinha um relacionamento ás escondidas com Adriana; As perguntas do advogado da defesa respondeu que: que todos. os dias, ia para casa de Carlito; que tinha amizade com todas, as pessoas que moravam na casa de Carlito; que a espingarda que utilizou era do interrogado; que era difícil o interrogado andar armado; que só utilizava ela quando ia pro mato a noite ou quando ia/ caçar; que Carisvaldo não estava na casa de Seu Manoel no momento “do fato;“que/foi para casa de Manoel mais ou menos com a intenção de matá-lo, mas acha que não teria matado ele se ele, não tivesse vindo com alguma coisa que parecia ser uma arma; que oito dias após os fatos o interrogado se entregou na delegacia de Barra do Mendes; que após os fatos o interrogado não teve contato com as famílias das vítimas.

Crônica policial e suas lições

A crônica policial goiana tem em seus registros que há 25 anos o sequestrador Leonardo Pareja também desafiou a polícia ao empreender fuga pela zona rural. Do alto de um pé de manga ele acompanhou todo o planejamento da ação de sua captura que era traçada pelos policiais. Dias depois, ao se entregar a uma equipe de tv local, ele contou o que teria ouvido e descreveu a ação da polícia, vasculhando o matagal próximo e as margens de um riacho.
Agora, ao deparar-se novamente com alguém que sabe se esconder da polícia não habituada a policiar regiões inóspitas e sem desenvolvimento, é dado ao foragido uma aura de mistério, criando uma figura mítica, que pode ser confundida com um galho de árvore sobre um telhado em noite sem lua, a uma pessoa invisível aos olhos da polícia ou de corpo fechado, praticante de cultos satânicos que teria feito a promessa de “levar” o máximo de gente com ele. O problema de discursos como este é que cria no imaginário popular um pânico generalizado e alimenta uma rede interminável de folclores em cima de um fato.
Vale lembrar que na última segunda-feira, moradores do Setor Aeroporto, em Goiânia, entraram em pânico com a possibilidade do criminoso estar na cidade por causa de uma grande ação policial na região central da capital que contou inclusive com helicópteros. Ninguém se lembrou que as forças policiais fazem a segurança das delegações que participam da Copa América. Muita gente se manifestou nas redes sociais e chegou a ligar para a polícia.
Falar em caçada e divulgar a fuga de Lázaro como algo espetacular beira a irresponsabilidade, uma vez que legitima o justiçamento e sua consequente morte. A diferença entre ele e a polícia na região é que ele conhece o local e a polícia não. Não há nada de anormal nisso. A polícia, a justiça e a ciência criminal têm muito a aprender sobre comportamentos como o de Lázaro e de tantos outros criminosos. Aprender para identificar condutas e combatê-las; para identificar perfis e evitar que a Justiça conceda que presos como Lázaro cumpram a pena em regime semiaberto, como concedeu em determinado momento com ele. Muitos crimes poderiam ter sido evitados se ele estivesse preso em uma unidade de segurança máxima, não passível de fugas.

* Rosana Melo, especial para o Diário do Estado