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Chacina em Cavalcante: MP apura caso com a colaboração da comunidade

Última atualização 07/02/2022 | 17:43

A chacina de quatro homens em Cavalcante, a 375 quilômetros de Goiânia, será apurada pelo Ministério Público em inquérito policial à parte. O compromisso na apuração foi anunciado pelo procurador-geral de Justiça de Goiás, Aylton Flávio Vechi, a familiares e organizações da sociedade civil. Ele promete atuação em duas vertentes: responsabilização criminal e educação junto às forças policiais por intermédio da Secretaria de Segurança Pública e Comando-Geral da Polícia Militar.

Um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) foi instaurado pelo Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial (NCAP) que terá a apuração realizada com a colaboração da comunidade e de testemunhas. A instituição pode denunciar, processar e pedir a condenação de alguém, conforme o resultado do PIC. O objetivo é apurar a responsabilização em casos de eventuais abusos e de indução de práticas e iniciativas que materializem uma política criminal de Estado que possa ferir os direitos humanos.

Além disso, os promotores acompanharão de perto as investigações a cargo da Polícia Civil, que seguem em andamento. Uma perícia já realizada no local onde ocorreu o suposto confronto em 20 de janeiro no qual os militares atiraram 60 vezes com fuzis e pistolas para revidar tiros do grupo formado por Salviano Souza, de 63 anos, Ozanir Batista, de 47 anos, Antônio da Cunha, 35 anos, e Alan Pereira, de 27 anos.

Vecchi se manifestou durante reunião com a irmã de uma das vítimas, Maria Donizete de França, os advogados Luís Gustavo Delgado e Osman Sales Júnior, Cláudia Nunes, Ângela Cristina dos Santos, Eduardo de Carvalho, Murilo Aleixo, representantes de entidades de direitos humanos e da comunidade de Alto Paraíso e com o vereador de Goiânia Mauro Rubem.

Relembre

Atendendo a uma denúncia anônima de plantação de maconha, policiais militares se dirigiram a um lugar de difícil acesso em Cavalcante. Eles afirmam que foram recebidos no local com tiros e revidaram, o que matou quatro dos sete suspeitos enquanto três teriam fugido.

Os pés de maconha foram encontrados e incinerados após a ação policial, o que contraria a legislação e foi considerado estranho pelos investigadores. De acordo com o delegado do caso, Alex Rodrigues, apenas ele tem a competência legal para o ato e a situação encontrada não é rotina nem praxe. “A droga foi incinerada antes da minha chegada. Isso vai ser apurado o motivo”, ressalta.

Afastamento

Quatro dias depois da chacina, a Polícia Militar afastou das atividades operacionais os policias envolvidos na ação e abriu um Inquérito Policial Militar. Eles estão lotados em Niquelândia e, por isso, a 1ª Promotoria de Justiça instaurou procedimento administrativo para acompanhar o andamento da investigação.

Repúdio

Nenhum dos suspeitos mortos pelos policiais militares tinha passagem pela polícia. A população local contraria a versão dos militares ao defender no enterro dos suspeitos que os homens não tinham armas de fogo e exigiram justiça.

Uma nota de repúdio foi publicada nesta semana com a assinatura de mais de 134 organizações da sociedade civil condenando e acusando os militares de crimes como violação de domicílio, ausência de mandado judicial e extrapolação de competência.repp