Decisão judicial pode gerar efeito cascata em Goiás com postos sem frentistas

Uma decisão inédita da Justiça de Santa Catarina, datada deste mês de maio, pode repercutir nos postos de combustíveis goianos. Uma sentença divulgada nesta semana autorizou consumidores a operarem as bombas sem intermediação de frentistas, na cidade de Jaraguá do Sul, região Norte do estado, apesar de a legislação federal proibir a prática.

De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista dos Derivados de Petróleo em Goiás (Sindiposto-GO), Márcio Andrade, a entidade ainda não tem opinião definida sobre o assunto. No entanto, ele acredita que o autosserviço seja uma tendência.

“Este assunto sempre está voltando à discussão, acredito que mais cedo ou mais tarde será liberado. Creio que vamos aguardar o trânsito em julgado da ação, uma vez que a decisão ainda não é definitiva, para que seja aplicado em Goiás”, afirmou.

O pedido feito pelo dono do posto de Santa Catarina foi embasado em dois argumentos. O primeiro deles é na recarga de carro elétrico feita pelo próprio motorista e o segundo foi a falta de profissionais interessados em atuar como frentista. A questão da mão-de-obra também é um problema para os empresários goianos do setor, conforme explica Márcio. 

A aplicação da novidade nos postos goianos esbarra em outros obstáculos.O presidente destaca que não haveria risco ao consumidor em acionar a estrutura, mas seria necessário alto investimento em equipamentos e automação.

A perspectiva do presidente do Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços e Derivados de Petróleo em Goiás (Sinpospetro-GO), Hélio Araújo, é diferente. Ele defende que não faltam candidatos para as vagas e que o interesse seria baixar custos.

“Temos milhões de desempregados em todo o País. Um anúncio de emprego desses geraria uma fila enorme de pessoas. O fim desse posto de trabalho é natural, assim como ocorreu com o de cobradores de ônibus, mas não é o momento para discutirmos isso. Como seria mais meio milhão de desempregados nas estatísticas?”, ressalta. Segundo Araújo, o Brasil tem 500 mil frentistas sendo 15 mil no estado em 2 mil na capital. 

A legislação federal não permite o auto atendimento em bombas de combustíveis há 22 anos e o descumprimento pode acarretar  em multa ao posto de combustíveis infrator e à distribuidora vinculada. Cabe recurso à decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) .

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp