Destruição do cerrado avança e quase dobra em apenas um ano

Desmatamento no Cerrado cai 48% em janeiro, mostra instituto

Destruição do cerrado avança e quase dobra em apenas um ano

O Cerrado está ocupando cada vez menos espaço no território brasileiro. As ameaças ao bioma resultaram no desmatamento quase em dobro da vegetação nativa em dezembro de 2022 comparado ao mesmo período do ano anterior. Foram 83.998 hectares derrubados, alta de 89% sobre os 44.486 hectares desmatados no mesmo mês em 2021. 

 

Os municípios que aparecem no topo da lista do acumulado anual de 2022 são Balsas, no Maranhão,  São Desidério, na Bahia,  e Alto Parnaíba, no Tocantins. Os três ficam em uma região chamada Matopiba – um anagrama para Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O solo desses estados é visado por integrarem a nova fronteira agrícola que está sendo aberta dentro do cerrado.

 

“Grande parte da soja brasileira é produzida no Cerrado, por exemplo. Ao utilizar a caracterização de floresta da FAO [Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura], mais de 74% da área de vegetação nativa do bioma estaria desprotegida pela legislação europeia, justamente onde ocorre grande parte do desmatamento: mais de 85% do total”, esclarece a a diretora de Ciência do (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e coordenadora do MapBiomas Fogo e da equipe do Cerrado no MapBiomas, Ane Alencar.

 

Ela se refere a propostas de legislações internacionais anti desmatamento que considerariam como áreas a serem protegidas apenas aquelas caracterizadas como florestas, o que excluiria outros tipos de vegetação nativa não florestal. A consequência seria a permissão de commodities nessas áreas. Por outro lado, o crescimento econômico é uma demanda necessária para acompanhar o aumento populacional global.

 

Os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (Cerrado), ferramenta de monitoramento do bioma desenvolvida pelo IPAM com a rede MapBiomas e com o Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG ), da Universidade Federal de Goiás ( UFG) indicam ainda o perfil dos pontos desmatados. A maior parte da destruição no bioma ocorre em propriedades privadas. Em 2022, cerca de 80% da área desmatada está nesta categoria. O restante está em vazio fundiário (13,5%), assentamentos (4,5%) e áreas protegidas (3,6%).

 

Perspectiva

 

O ambientalista Gerson Neto avalia o assunto como complexo e aponta a falta de planejamento e de fiscalização como os maiores problemas.  Ele aponta ter ocorrido o aumento do número de crimes ambientais de desmatamento e queimadas, que tiveram o encorajamento do governo anterior e o desmonte da fiscalização como estímulo, na opinião dele.

 

“Infelizmente, há muita pastagem degradada que pode ser convertida sem a abertura de novas terras. Mas como o desmatamento é antipático, aproveitaram o governo que encorajava para “passar a boiada”. A conversão de pastagens em lavouras não é uma coisa ruim. Acho natural o avanço da fronteira agrícola no Matopiba. se os desmatamentos obedecerem a lei e tiverem licença, não podemos proibir. A pecuária hoje se faz em áreas menores, ou confinado ou semi confinamento”, afirma.

 

Neto acredita em políticas públicas de preservação, controle da ocupação do solo, respeito às reservas legais. As sugestões dele são planejamento para um zoneamento ambiental do meio rural, estabelecimento de mais unidades de conservação, parques e Áreas de Proteção Ambiental para proteger especialmente as bacias de recarga dos grandes rios, a exemplo de Tocantins, Araguaia, São Francisco e Paraná. Outras perspectivas são a recuperação dos locais desmatados.

 

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Quatro estudantes da PUC-SP são desligados após se envolverem em atos racistas durante jogo

Quatro estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foram desligados de seus estágios em escritórios de advocacia após um vídeo viralizar nas redes sociais, mostrando atos de racismo e aporofobia cometidos durante uma partida de handebol nos Jogos Jurídicos Estaduais. O incidente ocorreu no último sábado, 17, em Americana, interior de São Paulo. Nos registros, os alunos ofenderam colegas da Universidade de São Paulo (USP), chamando-os de “cotistas” e “pobres”.

As demissões foram confirmadas por meio de notas oficiais enviadas às redações. O escritório Machado Meyer Advogados, por exemplo, anunciou a demissão de Marina Lessi de Moraes, afirmando que a decisão estava alinhada aos seus valores institucionais, com o compromisso de manter um ambiente inclusivo e respeitoso. O escritório Tortoro, Madureira e Ragazzi também confirmou a dispensa de Matheus Antiquera Leitzke, reiterando que não tolera práticas discriminatórias em suas instalações. O Castro Barros Advogados fez o mesmo, informando que Arthur Martins Henry foi desligado por atitudes incompatíveis com o ambiente da firma. O escritório Pinheiro Neto Advogados também comunicou que Tatiane Joseph Khoury não faz mais parte de sua equipe, destacando o repúdio ao racismo e qualquer forma de preconceito.

Repercussão do caso

O episódio gerou forte indignação nas redes sociais e foi amplamente criticado. O Centro Acadêmico XI de Agosto, que representa os alunos da Faculdade de Direito da USP, se manifestou, expressando “espanto, indignação e revolta” com as ofensas racistas e aporofóbicas proferidas pelos alunos da PUC-SP. A instituição ressaltou que o incidente representou uma violência contra toda a comunidade acadêmica.

Em resposta, a reitoria da PUC-SP determinou a apuração rigorosa dos fatos pela Faculdade de Direito. Em comunicado, a universidade afirmou que os responsáveis serão devidamente responsabilizados e conscientizados sobre as consequências de suas atitudes. A PUC-SP reiterou que manifestações discriminatórias são inaceitáveis e violam os princípios estabelecidos em seu Estatuto e Regimento.

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