Última atualização 28/06/2022 | 10:34
Anualmente, comemora-se o Dia do Orgulho LGBTQIA+ em 28 de junho. A data existe em alusão a uma revolta no bar Stonewall, em Nova York, no ano de 1969. Naquela ocasião, policiais começaram a agredir clientes e funcionários do local. Como uma forma de simbolizar a luta, este dia se tornou um marco. Mais de 50 anos depois, a violência continua, e Goiânia é um desses exemplos.
Realidade das pessoas LGBTQIA+
Apesar de estar ganhando cada vez mais espaço midiático, a balança ainda está longe de ficar em equilíbrio quando se leva em conta pessoas LGBTQIA+. De acordo com Gustavo Yohan, um homem trans de 24 anos, o Dia do Orgulho é um marco, mas que precisa ir além.
“Todas as datas que a gente estabelece, escolhe como movimento social. Só que a gente sempre bate muito na tecla que luta política não se constrói em um dia só. Por mais que a data signifique muito para o movimento, a gente prefere tratar todos os dias como dias de luta pelos LGBTQIA+”, afirma o estudante de Jornalismo pela UFG.
Especificamente em cenário goiano, Gustavo acredita que vive em um berço de vários fatores culturais que são anti-LGBTQIA+, como o agronegócio e o sertanejo. Nesses lugares, eles não conseguem se inserir.
“É muito difícil ser uma pessoa LGBTQIA+ em Goiás. A gente ainda está em um dos estados mais intolerantes do Brasil, o Centro-Oeste é bastante violento para o nosso público. Têm desafios muito grandes aqui, e um deles bem específico pela nossa dificuldade de nos organizar politicamente”, afirma.
De acordo com Gustavo, esse problema se prova com uma evasão grande de pessoas LGBTQIA+ nas escolas. Por isso, ele acredita que é necessário realizar maneiras de conscientização, além de capacitar pessoas de órgãos públicos a atendê-los sem distinção.
“Infelizmente, não é um lugar muito acolhedor”, descreve.
Nesta data em específico, Gustavo prefere direcionar as suas palavras para aqueles que necessitam de ajuda, e não àqueles que seguem destilando preconceitos.
“Nós, como movimento, às vezes gastamos muito tempo tentando conversar com pessoas de fora. Chegamos em um momento em que a gente não precisa ficar implorando por respeito, é um direito nosso. Quero passar muita força para pessoas que são como eu”, conclui.
O Projeto Farol
Gustavo Yohan é idealizador do Projeto Farol, que luta por direitos da comunidade. Eles têm mais de um viés de atuação, com enfoque em saúde mental e social. Por conta de questões burocráticas, a ONG não consegue atuar com CNPJ, mas ainda assim não deixa de se mostrar presente.
O projeto começou a focar em outros grupos além dos LGBTQIA+, como distribuição de cestas básicas para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Eles também organizam eventos específicos, como no terreiro Ilê Ogun Asé Abí Awó, em Aparecida de Goiânia, no combate à intolerância religiosa.