Desde 2005, por meio da Lei Nº 11.133, o dia 21 de setembro marca o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. A data, comemorada antes mesmo da oficialização, desde 1982, serve para chamar a atenção para a busca por transformações que possam garantir igualdade de condições para pessoas com deficiências físicas, intelectuais ou sensoriais (como auditiva ou visual, por exemplo),
Em Goiânia, parte da luta passa pelo trabalho do vereador Willian Veloso (PL), usuário de cadeira de rodas desde os 19 anos de idade, em 1983. Atualmente, ele é o único representante da Câmara Municipal com deficiência na capital.
Segundo o vereador, a luta por mais acessibilidade em Goiânia em apresentado muitos avanços, apesar das dificuldades:
“Nos últimos dois meses, foram mais de 250 modificações em espaços e prédios públicos para dar independência, autonomia e liberdade para pessoas com mobilidade reduzida na cidade”, destaca.
Entre as obras, na semana passada foi inaugurado o elevador da Secretaria de Mobilidade do município, permitindo o acesso a novos andares dentro do prédio. Até então, o vereador conhecia somente o primeiro andar do prédio, mesmo visitando o local com frequência para compromissos como político e como usuário contribuinte.
“Até mesmo o secretário estava numa grande alegria, porque antes só despachava comigo no térreo. Eu não conhecia outros andares e agora tenho liberdade de ir e vir”.
Desafios
Apesar das conquistas, Willian Veloso também reconhece que ainda há muitos percalços na luta, que passam principalmente pela falta de compreensão e empatia da sociedade.
“Algumas pessoas ainda não perceberam que isso é algo necessário. Estamos falando de um direito, não de um benefício. É algo que está na lei e a lei deve ser cumprida”, comenta. “Além disso, é preciso mais empatia, tentar perceber a outra pessoa em você nessas situações”.
Ele também reconhece que a mudança parte da transformação dos próprios representantes. A partir da inserção das pessoas com deficiência cada vez mais frequentes nas escolas e no mercado de trabalho, público ou privado, mais pessoas são capazes de compreender as dificuldades do deficiente, ao mesmo tempo que deixam de reduzi-los às suas deficiências.
Preconceito e aceitação
O Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência também chama atenção para discussões sobre capacitismo. O termo refere-se à discriminações feitas contra pessoas com deficiência, quando são entendidas como exceções ou problemas a serem corrigidos, e não pessoas normais.
“As pessoas ainda estão aprendendo a lidar com terminologias e comportamentos. O que defendemos é que o deficiente seja notado pelas suas capacidades, habilidades profissionais, não pela sua deficiência”, explica.
O vereador destaca até mesmo situações em que, a princípio, as pessoas acreditam que estão apresentando comportamentos positivos ou comentários com elogio, mas esbarram em preconceitos. “Essa história de deficiente como vencedor, exemplo de superação, isso deve ser expurgado. A deficiência tem que passar despercebida”, enfatiza.
Diante disso, Willian Veloso destaca que o caminho para a melhora está na mudança do comportamento da sociedade por meio das oportunidades. “Muitas vezes a pessoa com deficiência estuda, se decida, e é ‘premiada’ com falta de oportunidades no mercado, e não é isso que a gente quer. O objetivo é construir ambientes com mais oportunidades para pessoas com deficiência, valorizando suas capacidades”.