Durante pandemia, internação de bebês desnutridos aumenta 30% no Centro-Oeste

A taxa de crianças menores de um ano de idade internadas para tratamento de desnutrição subiu 30% no Centro-Oeste. A região foi campeã na estatística durante o segundo de pandemia, em 2021, apontada no levantamento Observa Infância da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Em Goiás, a quantidade de bebês nascidos com baixo peso se mantém com média de 6,7 mil entre 2020 e 2021. Somente neste ano já foram 3.411.

Os dados gerais mostram que bebês negros corresponderam a dois a cada três internações por desnutrição entre janeiro de 2018 e agosto de 2022 no Sistema Público de Saúde (SUS). Nesse período foram 13.202 hospitalizações, sendo 5.246 foram de bebês pretos e pardos, mas falta informação sobre raça/cor em um de cada três registros. 

Desde 2016, o índice de hospitalização por esse motivo nesta faixa etária vem subindo no Brasil. A pior marca ocorreu em 2021, quando houve acréscimo de 51% em relação a 2011. A tendência é diferente da observada no número de mortes e na taxa de mortalidade entre os bebês já que houve redução constante desde 2009.

A desnutrição ocorre por questões nutricionais ou metabólicas da mãe, como pressão alta, e ainda problemas na placenta. Isso favorece o nascimento de crianças com baixo peso. É uma situação menos comum atualmente, comparada aos anos 1990. A incidência maior nas últimas décadas tem sido obesidade e deficiência de micronutrientes nem sempre perceptíveis pela exclusiva avaliação de peso”, esclarece o pediatra Ronaldo Moura.

Segundo o especialista, a suspensão do acompanhamento de mães e crianças durante a pandemia também pode ter interferido nas estatísticas. Ele lembra que entre 2020 e 2021 a prioridade de atendimento era urgência e emergência para pessoas com suspeita de covid. Apesar disso, Ronaldo atrela a prática de hábitos saudáveis como um fator decisivo para evitar e tratar o problema nas gestantes e bebês. As consequências são crianças com maior risco de adoecimento, problemas no desenvolvimento neuropsicomotor e no aprendizado, o que no futuro pode afetar a inserção no mercado de trabalho. 

“É importante reforçar políticas públicas sobre a importância de as pessoas terem alimentação saudável, com frutas e verduras. Uma das estratégias de incentivo seria a taxação menor desse tipo de alimento em relação aos industrializados e com baixo valor nutricional. Consultas de rotina fazem muita diferença, assim como orientação para as famílias. Um exemplo de como a falta disso interfere na sociedade é a queda acentuada da vacinação infantil”, detalha.

Mortes maternas

Um outro estudo relacionado a questões sociais aponta que 70% de excesso de mortes maternas no Brasil na pandemia,  principalmente na fase mais crítica da segunda onda da epidemia de covid-19 em todas as faixas etárias e regiões do país no trimestre de março a maio de 2021. O epidemiologista Jesem Orellana acredita que os dados sinalizam o acirramento de desigualdades, especialmente regionais.

“O estudo também sugere que o atraso na inclusão de gestantes e puérperas entre os grupos prioritários à vacinação, em meados de maio de 2021, a subsequente e equivocada suspensão da mesma naquelas sem comorbidades, bem com a lenta vacinação contra a Covid-19 no restante da população geral, evidenciando a urgente necessidade de aperfeiçoamento das políticas de saúde materno-infantil durante crises sanitárias”, diz.

Confira os números:

-Brasil: média oito internações de bebês por dia devido à desnutrição em 2021

-2.979 hospitalizações nessa faixa etária em 2021, o maior número absoluto dos últimos 13 anos

– Em 2021, houve aumento da taxa de hospitalização por desnutrição entre bebês menores de um ano de 51% em relação a 2011 (eram 75 para cada 100 mil nascidos vivos e saltou para 113 para cada 100 mil nascidos vivos)

– Região Sul:  a única com queda na taxa de hospitalização

-Região Centro-Oeste: maior aumento nacional (30% entre o primeiro e o segundo ano da pandemia)

-Região Nordeste: pior taxa de hospitalização por desnutrição com 171 internações para cada 100 mil nascidos vivos em 2021 ( 51% acima da taxa nacional)

 

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Calendário de pagamento do Bolsa Família 2025 é divulgado; saiba quando recebe

Os cerca de 21 milhões de beneficiários do Bolsa Família já podem conferir a data de pagamento do programa social para o ano de 2025. O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) divulgou o calendário dos benefícios, que ocorrerão nos últimos dez dias úteis de cada mês, de forma escalonada conforme o dígito final do Número de Inscrição Social (NIS).

Os pagamentos começarão em 20 de janeiro para as famílias com NIS de final 1 e terminarão em 23 de dezembro para as famílias com NIS de final 0. Em dezembro, o cronograma é antecipado em cerca de uma semana devido ao Natal. Esse escalonamento ajuda a organizar e facilitar o acesso aos benefícios para todos os beneficiários.

Confira o calendário:

Calendário Bolsa Família 2025

Atualização de Dados no CadÚnico

Para evitar a perda do benefício, o MDS recomenda que cada beneficiário atualize os dados dele e da família no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) a cada 24 meses. Após a aprovação do pacote de corte de gastos, o processo exigirá biometria. A pessoa responsável pela família deve ir a um posto de atendimento socioassistencial, como o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), ou a um posto de atendimento do Cadastro Único, apresentando os documentos de cada pessoa da família e comprovando a renda domiciliar.

Para estar habilitada a receber o Bolsa Família, a família deve ter uma renda de no máximo R$ 218 mensais por integrante que vive na mesma casa. Além disso, é necessário que a família esteja inscrita no CadÚnico. O cadastramento é feito em postos de atendimento da assistência social dos municípios. Desde março de 2023, o Governo Federal garante um repasse mínimo de R$ 600 por família inscrita, com adicionais conforme a composição da família.

Adicionais e formas de recebimento

O Benefício Variável Familiar Nutriz paga seis parcelas de R$ 50 a mães de bebês de até seis meses de idade, garantindo a alimentação da criança. Além disso, o Bolsa Família oferece um acréscimo de R$ 50 a famílias com gestantes e filhos de 7 a 18 anos, e um adicional de R$ 150 a famílias com crianças de até 6 anos. Os pagamentos podem ser feitos pelo aplicativo Caixa Tem ou podem ser sacados em caixas eletrônicos por quem tem o cartão do programa social.

Quem tiver dúvidas sobre o Bolsa Família pode ligar no Disque Social, no número 121, ou acionar o canal de atendimento da Caixa Econômica Federal, por meio do número 111. Os beneficiários também podem consultar os aplicativos do Bolsa Família e da Caixa, disponíveis para download gratuito nas lojas virtuais.

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