Eletrochoque em autistas: especialistas criticam proposta do Ministério da Saúde

Eletrochoque em autistas: especialistas criticam proposta do Ministério da Saúde

Uma petição assinada por mais de 50 entidades representativas condenam a proposta do Ministério da Saúde de tratar pessoas autistas com eletrochoque. A orientação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) atualizaria o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para o Comportamento Agressivo no Transtorno do Espectro do Autismo.

Na nota de protesto, as organizações alegam problemas com evidências científicas e ausência de resultados voltados ao autismo grave. O documento aponta a sugestão de eletroconvulsoterapia (ECT) no novo PCDT para as situações de catatonia – perturbação psicomotora que pode ser provocado por fatores psicológicos ou neurológicos – com fonte em um único artigo de opinião que associa o comportamento autolesivo no autismo como um sinal desse estado.

“A inserção da eletroconvulsoterapia como ferramenta terapêutica para pessoas autistas viola princípios éticos e científicos e coloca em risco ainda maior autistas em situação de vulnerabilidade ligada à persistência de barreiras e às adversidades socioeconômicas. O tema no documento se deu por mera pressão e opinião de especialistas e não levou em consideração a participação de autistas na sua formulação, o que viola a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD)”, afirma o grupo contrário ao novo PCDT.

O tratamento com choque é considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma violação da convenção da instituição. Um relatório publicado em 2013 considerou o emprego do recurso para controlar o comportamento de pacientes como um tipo de tortura.

O eletrochoque é desestimulado no Brasil desde a Reforma Antimanicomial, em 2001. Atualmente, o recurso é empregado somente com anestesia e consentimento do paciente em casos bastante específicos, a exemplo de pacientes com depressão em nível gravíssimo ideação suicida ou catatonia associada a esquizofrenia e a outras doenças mentais. A técnica tem produz alterações no comportamento ou melhora sintomas psiquiátricos.

O autismo não se encaixa em nenhuma dessas indicações porque não é uma doença, mas sim um transtorno no desenvolvimento neurológico da criança que gera alterações na comunicação, dificuldade ou ausência de interação social e mudanças no comportamento. O tratamento para pessoas com essa condição é o consumo de medicamentos, acompanhamento multidisciplinar e intervenção comportamental.

Etapas

Questionado sobre o assunto, o Ministério da Saúde se manifestou por meio de nota na qual afirma que a indicação presente no documento é preliminar e que considerará a opinião da sociedade externada em consulta pública ainda a ser realizada para a redação do texto final.

Leia na íntegra a Nota de Protesto à Consulta Pública Conitec/SCTIE nº 107/2021 já assinada por mais de 50 entidades ligadas à área da saúde repudiando a proposta de eletrochoque como terapêutica em casos graves de autismo clicando aqui.

 

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Quatro estudantes da PUC-SP são desligados após se envolverem em atos racistas durante jogo

Quatro estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foram desligados de seus estágios em escritórios de advocacia após um vídeo viralizar nas redes sociais, mostrando atos de racismo e aporofobia cometidos durante uma partida de handebol nos Jogos Jurídicos Estaduais. O incidente ocorreu no último sábado, 17, em Americana, interior de São Paulo. Nos registros, os alunos ofenderam colegas da Universidade de São Paulo (USP), chamando-os de “cotistas” e “pobres”.

As demissões foram confirmadas por meio de notas oficiais enviadas às redações. O escritório Machado Meyer Advogados, por exemplo, anunciou a demissão de Marina Lessi de Moraes, afirmando que a decisão estava alinhada aos seus valores institucionais, com o compromisso de manter um ambiente inclusivo e respeitoso. O escritório Tortoro, Madureira e Ragazzi também confirmou a dispensa de Matheus Antiquera Leitzke, reiterando que não tolera práticas discriminatórias em suas instalações. O Castro Barros Advogados fez o mesmo, informando que Arthur Martins Henry foi desligado por atitudes incompatíveis com o ambiente da firma. O escritório Pinheiro Neto Advogados também comunicou que Tatiane Joseph Khoury não faz mais parte de sua equipe, destacando o repúdio ao racismo e qualquer forma de preconceito.

Repercussão do caso

O episódio gerou forte indignação nas redes sociais e foi amplamente criticado. O Centro Acadêmico XI de Agosto, que representa os alunos da Faculdade de Direito da USP, se manifestou, expressando “espanto, indignação e revolta” com as ofensas racistas e aporofóbicas proferidas pelos alunos da PUC-SP. A instituição ressaltou que o incidente representou uma violência contra toda a comunidade acadêmica.

Em resposta, a reitoria da PUC-SP determinou a apuração rigorosa dos fatos pela Faculdade de Direito. Em comunicado, a universidade afirmou que os responsáveis serão devidamente responsabilizados e conscientizados sobre as consequências de suas atitudes. A PUC-SP reiterou que manifestações discriminatórias são inaceitáveis e violam os princípios estabelecidos em seu Estatuto e Regimento.

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