Tema frequentemente debatido entre as autoridades de saúde, a gravidez na adolescência pode ser prejudicial à saúde da mulher e também a do feto. Em Goiás, entre os anos de 2020 e 2022, a Secretária Estadual de Saúde (SES) registrou 29.230 adolescentes entre 10 e 19 anos que se tornaram mães. Apenas neste ano, conforme a pasta, 43 mulheres nesta faixa de idade deram à luz por dia, totalizando 5.209 gestações entre janeiro e abril.
Grande parte das mamães são pessoas de baixa renda e algumas, inclusive, participam de programas governamentais durante e após a gestação. A Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), por exemplo, atende mensalmente 150 adolescentes no projeto Meninas de Luz.
O programa oferece amparo a gestantes em situação de vulnerabilidade social, com idade de até 21 anos. As adolescentes e jovens recebem apoio desde o pré-natal até o bebê completar um ano de vida. O acolhimento é feito por uma equipe multiprofissional, com acompanhamento na saúde, informações nutricionais, orientações sobre educação sexual, planejamento familiar e atendimento odontológico.
“Todas as ações são desenvolvidas para proporcionar conhecimento às jovens para que elas possam ter uma gestação mais saudável e tranquila, além de aprenderem a cuidar do filho. O atendimento garante cidadania e respeito às grávidas e mães. Elas têm a oportunidade de participar de diversas atividades manuais e de oficinas de qualificação profissional, que estimulam a criatividade e despertam o espírito empreendedor”, explicou a organização em nota.
Perigos
Nem sempre o amadurecimento biológico coincide com o desenvolvimento emocional e cognitivo, gerando riscos para uma iniciação sexual prematura e suas consequências como uma possível gravidez na adolescência, conforme o médico obstetra, Diego Rezende. Para o especialista, a gravidez prematura é um problema de saúde público, que pode gerar complicações tanto na gestante, quanto no feto.
“O corpo da adolescente não está preparado para uma gravidez, já que isso vai demandar um gasto maior de calorias e nutrientes. O feto naturalmente vai depender dos nutrientes da mãe e isso com certeza vai impactar no corpo da adolescente. Além disso, eles também estão sujeitos a complicações durante a gestação, no parto e após o pós-parto. As crianças, por exemplo, estão sujeitas a complicações pulmonares, cognitivas e mentais”, explicou.
Ainda de acordo com o especialista, no ponto de vista biológico, a adolescente dificilmente conseguirá levar a gestação durante os nove meses, devido que o seu corpo ainda está em formação. Ou seja, o risco de um parto prematura é real. Outro fator comum é o aumento da pressão arterial da gestante, gerando riscos de pré-eclâmpsia.
“Toda gestação de adolescentes é considerada de risco, principalmente abaixo dos 16 anos. É preciso que essas mães sejam acompanhadas por uma equipe multiplicar, com diversos profissionais de saúde. Há também a necessidade de acompanhamento de uma equipe capacitada em pré-natal de adolescentes. Ou seja, é um acompanhamento especifico, que necessita de atenção”, concluiu.