Em Goiás, combate à insegurança alimentar ganha reforço com projeto especial

A melhor ilustração dos reflexos socioeconômicos da pandemia é a mesa das famílias mais pobres. Um levantamento da Unicef, o órgão das Nações Unidas para os direitos das crianças, apontou que a alimentação de mais da metade dos entrevistados piorou nesse período, especialmente a das crianças. Apesar da transferência de renda de programas sociais já consolidados em nível nacional, as goianas receberam uma ajuda extra com um projeto especial.

O “Mães de Goiás” assiste cerca de cem mil famílias com um cartão de R$ 250 por mês para mães com filhos de até seis anos de idade e em situação de vulnerabilidade a serem utilizados na compra de mantimentos e remédios em estabelecimentos cadastrados nas cidades do estado.

O benefício se baseia dos dados o Cadastro Único do Governo Federal (CadÚnico) e dura um ano, prorrogável por mais três. O dinheiro é um reforço ao orçamento familiar, considerando que a inflação achatou o poder de compra de itens básicos da alimentação da população.

Na pesquisa da Unicef, os dados constataram que 72% das crianças com menos de 6 anos de idade beneficiárias do Bolsa Família (agora ampliado e com o nome Auxílio Brasil) receberam alimentação insuficiente ou deixaram de fazer refeições em função da diminuição na renda de suas famílias. O número é ainda mais assustador se for levado em conta o impacto da insegurança alimentar para as futuras gerações.

A desnutrição infantil compromete a saúde física e cognitiva dos pequenos e o progresso do País. Nessa fase da vida ocorrem 90% das conexões cerebrais e o desenvolvimento psicomotor que, se afetados, podem comprometer a capacidade produtiva na vida adulta.

No entanto, o problema não se restringe à falta de nutrientes na primeira infância porque engloba a qualidade da comida das crianças. A prevalência de consumo de ultraprocessados tende a desenvolver adultos com doenças cardíacas e metabólicas, como a obesidade.

Sabor, custo e praticidade levaram 80% dos entrevistados no estudo do Unicef a alimentarem as crianças com pelo menos um tipo de item desse grupo de alimentos no dia anterior à pesquisa, com destaque para biscoitos e bolachas recheadas, bebidas açucaradas e doces e guloseimas.

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PF indiciou Bolsonaro e militares por plano de golpe e assassinato de autoridades

A Polícia Federal (PF) indiciou, nesta quinta-feira, 21, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em um inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado no Brasil, após as eleições presidenciais de 2022, nas quais Bolsonaro foi derrotado. Além do ex-presidente, a PF concluiu que mais 36 pessoas estão envolvidas, entre elas ex-ministros do governo, como Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (GSI), e Braga Netto (Defesa), além de outros militares e aliados do ex-presidente.

O relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e aponta que os indiciados foram responsáveis por tramas golpistas, ações relacionadas aos atos de 8 de janeiro, e até um plano para assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSD), e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, também foi indiciado e prestou depoimento ao STF nesta quinta-feira, 21, sendo considerado um dos últimos testemunhos a serem ouvidos no caso.

Entre os crimes atribuídos aos indiciados estão: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Plano de assassinato

Além das investigações sobre os atos golpistas, a PF realizou uma operação, na terça-feira (19), contra uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos de Lula, Alckmin e Moraes. A organização, composta principalmente por militares das Forças Especiais, visava a realização de um golpe para impedir a posse do governo eleito em 2022.

A investigação revelou que o plano de assassinato foi preparado para o dia 15 de dezembro de 2022, e que Moraes estava sendo monitorado de forma contínua. A organização também tinha a intenção de criar um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” para gerenciar as consequências de suas ações.

A PF concluiu que Bolsonaro tinha pleno conhecimento do plano, o que agrava ainda mais a situação do ex-presidente.

O 8 de Janeiro e as consequências

Em 8 de janeiro de 2023, seguidores de Bolsonaro invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes em Brasília, em protesto contra o resultado das eleições de 2022. O governo federal decretou intervenção na segurança do Distrito Federal e mais de 1.800 pessoas foram presas nos dias seguintes.

As investigações sobre os atos de 8 de janeiro identificaram financiadores e grupos organizados que planejaram os ataques. Bolsonaro passou a ser investigado após surgirem evidências de que ele havia incentivado discursos golpistas, levando o STF a aceitar denúncias contra centenas de envolvidos. Vários réus já foram condenados por crimes como associação criminosa, dano ao patrimônio público e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

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