Em ritmo de campanha, falas sobre Jesus viram debate entre Bolsonaro e Lula

Qual seria o posicionamento de Cristo acerca do uso de armas? Para Bolsonaro, ele seria a favor, enquanto para Lula, contra. A discussão ganhou espaço na pré-campanha eleitoral nesta semana. Os dois primeiros colocados na intenção de votos para a presidência da República apelaram à religião para conquistar eleitores, especialmente os cristãos. Jesus, inclusive, se tornou um dos assuntos mais comentados pelos internautas no Twitter.

Jair Bolsonaro afirmou que Jesus “não comprou pistola porque não tinha” à época em que viveu e justificou a afirmação com um trecho bíblico do livro de Lucas. “Agora, porém, quem tem bolsa, pegue-a, assim como a mochila de viagem; e quem não tem espada, venda a própria capa e compre uma”, argumentou em defesa do armamento da população para garantir a segurança pessoal e familiar. Além disso, ele declarou que Lula simplifica a prática do aborto à extração dentária.

Em resposta, o petista rebateu a opinião do principal adversário nas urnas associando armas a um sentido negativo. “Não é possível que uma pessoa que pensa algo assim – e fala uma cretinice dessa – diga que é cristão ou crê em Deus. Vocês podem ter certeza que o Deus de uma pessoa dessa não é o teu Deus e não é o meu. Meu Deus significa amor, humanismo, bondade, carinho e respeito pelos outros seres humanos”, disse Lula.

O ex-presidente aproveitou um encontro com apoiadores em Minas Gerais para prometer que, se eleito novamente, combaterá a garimpagem em terras indígenas. A proteção aos povos originários e aos direitos deles é o que teria motivado o assassinato do servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips há pouco mais de 10 dias no Amazonas.

O caso se tornou uma questão de direitos humanos e também diplomática, devido à acusação de que o governo brasileiro demorou a procurar pelos desaparecidos.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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