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Fabrício Rosa: Campanha do PSOL vem para “incomodar”

Última atualização 23/03/2018 | 09:03

O PSOL – Partido Socialismo e Liberdade lançou dois pré-candidatos ao governo de Goiás. O policial Rodoviário Federal, Fabrício Rosa e o Professor universitário Wesley Garcia, da Região do Entorno do Distrito Federal. Considerado pelos integrantes um partido da ética, criou ferramentas para combater a corrupção internamente. Nesta eleição, pretende intensificar o debate sobre a reestruturação da esquerda no país e colocar o dedo na ferida sobre temas polêmicos como as questões de gênero, LGBTs e a liberação das drogas.

No dia 22 de abril será realizado fórum no Diretório Estadual para decidir qual nome será levado para as urnas. Em Goiás, o partido conta com vinte e um comitês e diversos diretórios. Nacionalmente é um pouco maior. Tem seis deputados federais, dezenas de estaduais e vários vereadores. A legenda surgiu há 13 anos e nesta eleição vai ampliar a discussão sobre a reestruturação da esquerda no país.

O PSOL não aceita ser chamado de puxadinho do PT, pois sempre fez oposição ao Partido dos Trabalhadores. Os integrantes nunca assumiram cargos nos ministérios ou secretárias durante os governos dos ex-presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Ao contrário de outros partidos como MDB, PP e PR que tinham cargos nos governos petistas. Está mais alinhado com partidos de esquerda como PSTU e PCdoB.

Durante entrevista ao vivo ontem cedo nas redes sociais do Diário do Estado, o pré-candidato Fabrício Rosa falou sobre o seu perfil. Ele tem 38 anos, é policial há mais de 18 anos, formado em Direito e Segurança Pública, pós-graduado em Direito Político e mestre em Direitos Humanos pela Universidade Federal de Goiás. Desenvolve ações de enfrentamento a crimes como a violência sexual contra crianças e adolescentes, trabalho escravo, tráfico de pessoas e o trabalho infantil.

Um dos projetos sociais criado por ele, o “Policiais contra o câncer”, visa a arrecadação de donativos para ajudar o Hospital Araujo Jorge a comprar equipamentos para realização de exames nas crianças vítimas da doença. Os policias promovem um dia de diversão com as crianças com viaturas, motocicletas, teatro, entre outras brincadeiras. Ao final, os policiais raspam as cabeças, num gesto simbólico em solidariedade às crianças. O projeto já foi copiado e está em 35 cidades do país.

Fabrício Rosa disse que foi atraído pelo PSOL porque é um partido comprometido com a ética, que nunca aceitou doação de campanha de empresários, mesmo quando era permitido. O partido também não faz coligação com partidos envolvidos com grupos empresariais por entender que isso é um investimento que será cobrado mais na frente, como mostra a Operação Lava Jato.  Segundo ele, a legenda repudia a transformação da política em balcão de negócios. “Acreditamos que somos um partido que tem ideias novas, que oxigena a política brasileira que se opõem aos grandes oligarcas, empresários e fazendeiros que sempre estiveram no poder por 20, 30 anos,” ponderou.

A sigla tem como bandeira a defesa da justiça social e a distribuição de riquezas. Essas mudanças passam pela economia, com o financiamento e fomento dos pequenos e médios investidores como o dono da padaria, da pizzaria, do salão de beleza do comerciante que está presente nas comunidades. O atual governo tem olhos apenas para os grandes empresários tais como Joesley Batista e Odebrecht, entre outros envolvidos em corrupção e desvio de dinheiro. Para reduzir a desigualdade, a meta é criar mecanismos de produção de riqueza, além de fomentar o desenvolvimento de tecnologia com a criação e ampliação dos centros tecnológicos.

Para o PSOL, a política de tributação é cruel e defende a redução do ICMS para o pobre e o aumento para o rico. Fabrício citou como exemplo os Estados Unidos, que tem carga de imposto de 40% sobre a herança para os ricos e criticou a taxação sobre o consumo, adotada pelo Brasil, que prejudica sobremaneira os mais pobres.

Assumidamente gay, Fabrício garante que não tem nenhum problema com a orientação sexual. Vítima de preconceito, foi expulso de casa e apanhou muito na escola e gostaria muito que esse tema entrasse nos debates durante a campanha. “Precisamos discutir sobre essa parcela da sociedade que paga imposto e contribui para a riqueza do estado e merece políticas públicas voltadas para o combate do preconceito e violência contra os homossexuais”, reforçou.

Quanto a geração de emprego e renda para melhor a qualidade de vida da população, Fabrício ressaltou que é preciso atrair mais empresas melhorando a logística de escoamento de mercadorias com rodovias adequadas, criação de novos moldais ferroviários e aquaviários para diminuir os custos do transporte. “Goiás está numa posição geográfica estratégica. Temos que oferecer condições para instalações de novas empresas”, completou. Ele defende mais investimentos em capacitação de mão de obra qualificada para que o jovem vá para o mercado de trabalho mais preparado. Para isso terá que ampliar a criação de centros tecnológicos.

Como a Segurança Pública está no centro do debate político, Fabrício apontou como possíveis soluções a renovação do modelo privilegiando o serviço de inteligência e a investigação. Mudar a estrutura das polícias, a forma de ascensão na carreira, acabar com a discrepância de salários. “Tem delegado ganhando R$ 15 mil e agente ganhando R$ 1 mil reais. Quem ingressa na Policia Militar recebe R$ 1.050 líquido. Isso é um absurdo”. Ele é favorável a desmilitarização das polícias, contra o encarceramento em massa.

Segundo ele, 70% das mulheres presas por tráfico de drogas não são perigosas e deveriam receber penas alternativas como serviço comunitário, multa, confisco de bens e cerceamento de direitos, como ficar proibida de transitar em determinados locais. “O aprisionamento não resolve o problema da sociedade. A pessoa que comete um crime de menor poder ofensivo vai presa e sai de lá PHD em crimes mais graves”.

O pré-candidato do PSOL afirma que o problema da segurança no país é a impunidade. São 70 mil homicídios por ano no pais, sendo mais de 3 mil em Goiás. E, segundo ele, a polícia não consegue descobrir a autoria em 90% dos casos. Por fim, acrescentou que o PSOL quer um mundo mais igualitário com educação pública e gratuita, saúde de qualidade com profissionais valorizados  e a manutenção do Sistema Único de Saúde SUS. Ele reconhece os desafios que terá nesta eleição para competir com os partidos que vão polarizar as eleições em Goiás: o MDB e PSDB. Entre as maiores dificuldades, além da falta de recursos financeiros e a densidade eleitoral será a mudança de mentalidade do eleitor.