Família sepulta corpos de cabeleireira e filhos em Planaltina sob gritos de justiça

corpos

Os corpos da cabeleireira Elizamar Silva e dos filhos Rafael, Rafaela e Gabriel foram enterrados na tarde desta segunda-feira, 23. A família antecipou o sepultamento em uma hora devido à forte comoção e exigiu justiça. A mãe da mulher morta brutalmente em 12 de janeiro precisou se sentar para acompanhar o enterro. A cerimônia foi em um cemitério de Planaltina, no interior de Goiás, cidade natal da vítima que foi carbonizada com as crianças dentro do próprio carro.

Devido à situação em que foram encontrados os corpos, os caixões permaneceram fechados durante todo o funeral. O irmão de Elizamar, Ismael Rocha agradeceu o apoio oferecido aos familiares. Ele cobrou resposta das autoridades para esclarecer o crime bárbaro, considerado uma das maiores chacinas do Distrito Federal. 

Três pessoas envolvidas no caso que foi motivado por dinheiro continuam desaparecidas: O marido de Elizamar, Thiago Gabriel Belchior, a amante e a filha do sogro, Claudia Regina Marques e Ana Beatriz Marques. A venda de um imóvel seria a razão do assassinato dentro da família. Os mandantes ficariam sozinhos com R$ 400 mil do negócio. 

Na  semana passada, um vídeo foi divulgado com imagens de câmera de segurança mostrando o pai do marido de Elizamar, Marcos Antônio Lopes, em um carro com os suspeitos de terem cometido o assassinato em Brasília. O registro é do último domingo, 15, dois dias depois em que os corpos da nora e dos três netos foram encontrados em Cristalina, em Goiás. Sete pessoas já teriam sido mortas no crime.

O carro visto na gravação seria de Gideon Batista, mas Horário Carlos é quem o dirigia. O porta-malas aparece entreaberto. Eles disseram em depoimento que Marcos e o filho Thiago, marido da cabeleireira Elizamar, os contrataram por R$ 100 mil para matarem as esposas e filhos. A versão está sendo considerada improvável pela polícia do DF. Ele foi encontrado dias depois esquartejado no quintal da casa que serviu de cativeiro para outras duas vítimas, a esposa e uma outra filha dele. 

Relembre

A cabeleireira Elizamar foi morta após sair da casa dos sogros com os três filhos. De acordo com Gideon e Horácio, Thiago a teria atraído até o local. Ela desapareceu, o que causou desconfiança no filho mais velho dela, de outro relacionamento. O rapaz disse à polícia que ligou para o padrasto, que teria afirmado ter havido uma discussão de casal. A mulher teria ido embora e ele optou por ficar na casa dos pais. O caso foi registrado na delegacia. Depois, os sogros e a cunhada da mulher sumiram. 

Os investigadores chegaram até Horácio porque ele foi flagrado comprando um galão de gasolina em em um posto próximo ao local em que Elizamar e os filhos foram carbonizados. Ele e Gideon moravam no mesmo lote da família. O homem afirmou que Thiago estava no carro com a dupla e a família. O próprio marido da cabeleireira teria matado os filhos e ela asfixiados. A gasolina e o fogo teriam ficado por conta de Horácio, que acrescentou ter deixado a esposa e filha de Marcos em cárcere privado vigiadas por Fabrício Canhedo.

A casa que teria sido vendida e motivou o crime seria de Renata. O marido estaria precisando do dinehiro e tramou o assassinato, mas não conseguiu sacar o dinheiro, de acordo com o suspeito. Ainda não se sabe o por quê de Elizamar e os filhos ter sido morta. Os suspeitos devem responder por extorsão mediante sequestro qualificado por resultado morte, com pena de 24 a 30 anos de prisão.

Confira a lista dos desaparecidos:

  • A cabeleireira Elizamar Silva, de 39 anos;
  • Os três filhos dela: os gêmeos Rafael e Rafaela, de 6 anos, e Gabriel, de 7 anos;
  • O marido de Elizamar, Thiago Gabriel Belchior, de 30 anos;
  • O sogro de Elizamar, Marcos Antônio Lopes de Oliveira, de 54 anos;
  • A sogra de Elizamar, Renata Juliene Belchior, de 52 anos;
  • A cunhada de Elizamar, Gabriela Belchior, de 24 anos;
  • A amante de Marcos Antônio, Claudia Regina Marques de Oliveira;
  • A filha de Marcos com Claudia Regina, Ana Beatriz Marques de Oliveira

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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