Fim da escala 6×1: Associação de farmácias critica proposta que reduz jornada de trabalho

A proposta de reduzir a jornada de trabalho no Brasil, encerrando a escala 6×1 (onde há um único dia de descanso remunerado por semana), tem gerado preocupação entre empresários do setor varejista, especialmente nas farmácias. Sérgio Mena, CEO da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), expressou sua apreensão quanto ao avanço da medida, que foi apresentada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP).

Em uma conferência em Nova York, Mena afirmou que a proposta pegou o setor de surpresa. Segundo ele, a ideia tem um caráter “populista” e poderia inviabilizar operações, já que o segmento de farmácias é altamente dependente de mão de obra intensiva. A Abrafarma representa 11 mil das 32 mil farmácias no Brasil, responsáveis por cerca de 49% da movimentação do setor, com aproximadamente 1,1 bilhão de atendimentos anuais.

A iniciativa de Hilton ganhou força após um abaixo-assinado organizado por um ex-balconista de farmácia, que recentemente foi eleito vereador no Rio de Janeiro. O documento já conta com mais de 2 milhões de assinaturas em apoio à proposta. Em resposta à pressão popular, a deputada anunciou que conseguiu reunir as 171 assinaturas necessárias para protocolar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

Mena, no entanto, questiona como seria possível manter a eficiência no atendimento ao público com uma carga horária reduzida. “Também adoraria trabalhar menos, mas como entregar resultados em um setor como o nosso? Há uma grande diferença entre o que desejamos e o que é necessário para manter a operação”, afirmou.

A PEC ainda precisa passar por várias etapas no Congresso, incluindo a análise de uma comissão especial e da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), antes de ser votada em plenário. O representante da Abrafarma espera que o Congresso promova um debate amplo, com audiências públicas que considerem os impactos da medida para todas as partes envolvidas.

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Operação desarticula esquema de fraude no recolhimento do ICMS no agronegócio

A Receita Estadual deflagrou, na manhã desta quinta-feira, 28, a Operação Fora do Mapa. A ação foi realizada por meio de auditoria fiscal da Coordenação do Agronegócio da Secretaria da Economia, que detectou, inicialmente, 73 empresas que estariam obtendo benefícios fiscais concedidos exclusivamente a fabricantes de alimentos para animais.

No esquema, as empresas conseguiram reduzir o pagamento de ICMS e até a isenção do tributo, o que configura crime contra a ordem tributária. Estima-se que a sonegação fiscal total atrelada a esse tipo de fraude ultrapasse a cifra de R$ 500 milhões em 2024. Levantamento aponta que as empresas faturaram R$ 2 bilhões no período.

Para operar a fraude fiscal, os empresários colocavam dados falsos no momento de cadastrar a empresa, informando que o estabelecimento era destinado à indústria de ração animal, mas sem praticar, efetivamente, operações de industrialização.

Na realidade eles compravam cereais, diretamente dos produtores rurais, e comercializavam a mercadoria, sem qualquer processamento e sem o devido recolhimento do ICMS.

Um dos alvos da operação, empresa localizada em Goiânia apresentava características incompatíveis com seu faturamento, que chegou a R$ 220 milhões só em 2024. O estabelecimento ocupava um espaço de apenas 200 metros quadrados e contava com uma única máquina de pequeno porte, que não estava em operação.

Superintendente de Fiscalização Regionalizada da Secretaria de Economia, Gabriela Vitorino destacou que a operação visa não apenas recuperar os valores devidos ao Tesouro Estadual, mas também coibir práticas ilícitas que prejudicam a concorrência justa entre empresas.

“Essas fraudes impactam diretamente o equilíbrio fiscal do Estado e impactam negativamente o mercado, prejudicando as empresas que atuam dentro da legalidade”, afirmou.

Além de aplicar as normas vigentes para reaver o ICMS sonegado, a Receita Estadual aplicará as devidas multas e encaminhará o caso para investigação criminal por parte da Polícia Civil.

“Com essa operação, nós buscamos também um efeito educativo, desencorajando outros empresários a adotarem práticas semelhantes”, ressaltou o gerente de Fiscalização Integrada, Montaigne Mariano.

A ação contou com a participação das equipes das Delegacias Regionais de Fiscalização (DRF’s) que cobrem todas as regiões do Estado, atuando de forma simultânea para garantir o cumprimento da Legislação Tributária do Estado e a identificação das irregularidades.

Alerta

A Receita Estadual alerta os produtores rurais sobre os riscos de negociar com empresas envolvidas nesse tipo de fraude.

“É importante que os produtores fiquem atentos e priorizem a comercialização com empresas regulares. Negociar com empresas que cometem fraudes fiscais gera um desequilíbrio em todo o mercado, trazendo prejuízo ao Estado e à população”, assinalou a auditora fiscal Giovana Lima, da Coordenação do Agronegócio da Economia.

A consulta de empresas registradas como fabricantes de ração animal é pública, podendo ser efetivada no site do Ministério da Agricultura e Pecuária.

Próximos passos

Com o avanço das investigações, a Receita Estadual pretende aprofundar e ampliar a fiscalização no segmento alvo da Operação Fora do Mapa. A Secretaria da Economia reforça que denúncias sobre irregularidades fiscais podem ser feitas de forma anônima por meio de seus canais oficiais. A colaboração da sociedade é essencial para combater fraudes e promover um ambiente de negócios mais justo e transparente.

A operação terá continuidade em 2025, com novas seleções de empresas que apresentam os mesmos indícios de fraude e adoção dos procedimentos de auditoria cabíveis, além de encaminhamento à Polícia Civil e Ministério Público.

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