As despesas do cartão corporativo do presidente Bolsonaro serão auditadas pelo Tribunal de Contas da União. A revisão ocorre a pedido do deputado federal por Goiás, Elias Vaz, após constatação de incoerências entre as justificativas apresentadas pelo chefe do Executivo federal para o alto valor e a comprovação diferente para os gastos computados. O parlamentar deve anexar uma solicitação de urgência no julgamento de auditoria requerido no início da semana passada.
De acordo com Elias, o primeiro fato questionável é o custeio de diárias da comitiva pelo cartão mesmo sendo arcadas pelo governo Federal por meio de requerimento e prestação de contas online feito pelo próprio agente que viajou a trabalho. O pagamento dessa despesa, segundo ele, ocorre por conta da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Apesar disso, a presidência da república teria empenhado e gastado R$ 4.572.209,25 com diárias destinadas a militares que integraram as comitivas de Bolsonaro e Mourão no ano passado, todos sob o comando do GSI. A discriminação da despesa consta dentro da previsão “Ação Orçamentária 4693 – Segurança Institucional do Presidente da República e do Vice-Presidente da República, respectivos familiares, e outras autoridades.
“Cai por terra essa explicação fajuta de ter que bancar guarda-costas. Essas contradições do presidente indicam que tem algo errado nessa história dos gastos do cartão corporativo. E essa situação precisa ser explicada. A sociedade já está há muito tempo esperando uma satisfação. Os gastos do cartão corporativo do Bolsonaro superam os de outros presidentes e estão altíssimos”, defende ele. Nos últimos três anos de governo Bolsonaro, o cartão corporativo dele somou R$30 milhões.
O pagamento das passagens aéreas destinadas aos integrantes da equipe de segurança institucional incluídas no cartão corporativo presidencial também não teria ocorrido. Elias alega que o pagamento de R$5.343.616,93 dos R$ 5.992.662,01 pagos com a mesma “Ação Orçamentária 4693” foram diretamente para a empresa Miranda Turismo e Representações Ltda por meio de contrato firmado através de um pregão eletrônico.
Acima da média
O valor conjunto dos cartões da presidência, da Abin e do GSI ultrapassa a marca de R$52, 9 milhões, conforme aponta o parlamentar. Na última segunda (07), Jair Bolsonaro argumentou que entregou mais obras do que antecessores e, por isso, usou mais os cartões corporativos e não haveria exageros.
“Essa última comparação foi de um senador do Espírito Santo. Ele pegou dois anos da Dilma, dois anos do Temer e três anos meus, fez a proporcionalidade e deu um pouco a mais do meu lado. Só que a Dilma viajava para onde, para inaugurar o quê? Não fizeram nada. Gastavam com segurança com ela? Não tinha ninguém que estava atrás de fazer uma besteira com ela”, afirmou o presidente.