Durante a trama golpista, o general “kid preto” expressou temores relacionados às multas do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF). Conversas revelam que a preocupação com a atuação do Detran-DF era uma das principais entre os oficiais do Exército Brasileiro, incluindo o tenente-coronel José Luiz Sávio Costa Filho. Em novembro de 2022, ele enviou um áudio preocupado com possíveis multas aos veículos estacionados próximo à Praça dos Cristais, um local utilizado como “QG bolsonarista” por extremistas.
Do QG bolsonarista saíram os participantes dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. O general da reserva Mário Fernandes, também conhecido como “kid preto”, tentou contornar qualquer problema com os agentes de trânsito na ocasião. Fernandes, ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, é um dos 34 denunciados pela Procuradoria Geral da República por crimes relacionados à tentativa de golpe. A denúncia incluiu o ex-presidente Jair Bolsonaro, ex-ministros, militares de alta patente, ex-assessores da presidência e outros políticos.
A denúncia da PGR ressalta os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa atribuídos ao grupo de Bolsonaro. Enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a decisão sobre tornar os 34 denunciados réus cabe à corte. O procurador-geral da República considerou Bolsonaro como líder de uma organização criminosa que planejou um golpe para mantê-lo no poder, mesmo após a derrota nas eleições de 2022 para Lula.
A investigação da PGR, baseada em um extenso inquérito da PF com mais de 884 páginas, resultou no indiciamento de 40 pessoas no total. A força-tarefa da PGR se concentrou em analisar as informações para embasar as denúncias e levar o caso ao STF. A retaliação de Bolsonaro após a denúncia, culminando em uma escalada de tensão política, foi amplamente repercutida.
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