Última atualização 23/07/2022 | 09:07
Em breve, escolas e unidades de saúde públicas de Goiânia realizarão teste que pode apontar indícios de autismo. A ideia é ajudar no diagnóstico precoce, já na faixa etária dos 18 aos 24 meses, embora apenas avaliação médica confirme o resultado nos pequenos a partir dos dois anos de idade. O questionário M-CHAT tem 24 perguntas relacionadas ao comportamento da criança e será mais um benefício oferecido às famílias da Capital.
A obrigatoriedade do teste coincide com a criação da Casa do Autista, pelo prefeito Rogério Cruz. O local receberá pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) para promoção do desenvolvimento da interação social, comunicação e habilidades cognitivas e motoras e ainda prestará assistência aos familiares dos pacientes. Haverá nutricionistas, neuropediatras, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais e psicopedagogos no espaço.
A jornalista Carla Lacerda defende o diagnóstico precoce como uma forma de garantir qualidade de vida para crianças com autismo e familiares. Ela é mãe de João Lucas, de 9 anos, que foi diagnosticado com TEA com pouco mais de dois anos de idade. O estranhamento com a falta de reação do filho em situações específicas fizeram com que ela o encaminhasse para atendimento especializado. Com a realização de terapias, o garoto progrediu bastante.
“Hoje, eu consigo sair com ele, quando quer algo, aponta, e convive bem com outras pessoas. Tudo isso ele aprendeu com uma equipe multidisciplinar. O teste pode ajudar muito para um acolhimento diferenciado e acender o alerta dos pais para sinais que não tinham se atentado”, afirma, destacando a relevância de tornar o tema visível para a sociedade.
A busca de informações também é importante nesse processo. Carla lembra que antes de João Lucas ser diagnosticado, ela acreditava que TEA era uma doença e que poderia haver cura. Os esclarecimentos dos profissionais envolvidos no acompanhamento do pequeno a fizeram entender que se trata apenas de um transtorno de comportamento e, como o menino não está doente, não há o que ser curado.
Não há dados oficiais sobre a quantidade de brasileiros com autismo, mas as estimativas sugerem um grupo de 2 milhões de pessoas. O dado é baseado em um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos que aponta uma proporção de um caso a cada 110 pessoas. Em Goiás, um projeto de lei pretende oficializar um mapeamento dessa população para ajudar na criação de políticas públicas específicas na área da saúde, educação e trabalho. A proposta é realizar um censo a cada quatro anos.
Causa
A ciência ainda não sabe exatamente o que provoca o autismo. Os pesquisadores apontam razões multifatoriais e acreditam numa relação com a menor produção de neurotransmissores, como serotonina, no cérebro de pessoas com essa condição. Dos cerca de 20 mil genes que o ser humano possui, 881 podem ter associação com o quadro e, destes, pelo menos 71 já mostraram aumentar a susceptibilidade ao desenvolvimento do transtorno.