Última atualização 10/04/2017 | 12:06
O projeto do Trem de Passageiros para o Corredor Brasília-Anápolis-Goiânia, também conhecido como Trem-Pequi, deu mais um passo para se tornar realidade. Atualmente o projeto encontra-se na área técnica da Agência Nacional de Transportes Urbanos (ANTT). Estudos acabaram de ser concluídos pelo governo de Goiás e entregues à Agência, que agora debruça sobre os documentos que vão embasar o futuro processo licitatório e, a partir daí, abrir para audiências públicas para viabilidade da obra. Ainda não há previsão de realização desses encontros.
O Estudo de Viabilidade Técnica Econômica e Ambiental prevê que a viagem de Brasília a Goiânia seja de aproximadamente 70 minutos com seis estações de passageiros: Brasília, Samambaia, Alexânia, Abadiânia, Anápolis e Goiânia. Segundo o coordenador do projeto, consultor Bernardo Figueiredo, o trem terá o padrão que circula na Europa e nos Estados Unidos.
O custo para a implantação do sistema ferroviário é de R$ 9,5 bilhões, sendo R$7,5 bilhões vindos da iniciativa privada e R$ 2 bilhões divididos entre os Governos de Goiás, Distrito Federal e União. Segundo Bernardo, já estão sendo articuladas conversas com grupos de investidores interessados. Para esse estudo de viabilidade, a modalidade de contrato é uma Parceria Público-Privada (PPP) com o período de concessão de 33 anos, sendo que as obras ocorrerão nos três primeiros anos e a operação nos 30 anos seguintes.
Em audiência com o presidente Temer no início de março, Marconi disse que se tudo correr dentro da normalidade, a ferrovia deverá ser inaugurada no máximo em três anos após o início da construção. “Se a licitação for resolvida ainda este ano, com certeza em três anos é possível a realização da obra. Estamos otimistas, especialmente com a conclusão da tomada de subsídios”, concluiu.
Alto padrão
O trem será exclusivamente de passageiros, com a passagem no valor aproximado de R$ 100. Segundo o estudo, os passageiros viajarão sentados, haverá ar condicionado, acesso ao wi-fi e banheiros. Bernardo afirma que será um sistema com alta qualidade tanto em conforto como em ganho de tempo. “São trens com condições de viagem acima do padrão. Um sistema de qualidade e seguro”.
Quando comparados ao uso do automóvel, por exemplo, para este mesmo percurso, o sistema ferroviário se destaca principalmente no ganho do tempo de viagem. A velocidade máxima operacional do trem será de até 250Km/h, dependendo de como a via será preparada e do mercado. Numa viagem de carro, este percurso geralmente é feito em duas horas, num custo de R$ 90 reais (na gasolina). Outros fatores como o cansaço físico da viagem e possíveis congestionamentos em entradas e saídas das cidades também são pontos negativos do uso dos automóveis. O ganho de tempo de velocidade do sistema ferroviário, por trafegar com velocidades superiores, pode competir com os usuários da rodovia, bem como passageiros de ônibus e avião.
Trajeto em Goiânia
Segundo projeto, no rumo para a cidade de Goiânia, a ferrovia corre paralelamente à BR-060, onde cruza com a rodovia em dois pontos, por viaduto e por um túnel. Após atravessar a rodovia BR-060 por túnel, a ferrovia vai na direção oeste até a várzea do Rio Meio Ponte e entrar na mancha urbana da Região Metropolitana. Já dentro do município, a ferrovia vai em superfície até a Rua Dr. Constantino Gomes. Para evitar grande interferência no funcionamento da cidade, optou-se pelo subterrâneo até o fim da linha na Estação de Goiânia na Praça do Trabalhador.
O traçado em subterrâneo terá uma extensão de 1.531 metros, a estação será enterrada e estará localizada à Praça do Trabalhador. Segundo estudo, a região já é valorizada e possui um uso comercial intenso, além de excelente acessibilidade. Juntas, as Regiões Metropolitanas de Goiânia e Brasília têm 6 milhões de consumidores. Diante desse cenário, o trem poderá potencializar o desenvolvimento econômico regional.
Bernardo alerta que, quando o trem passa por determinados pontos, vai ajudar na estruturação da região, além de revitalizar. “Muitas vezes áreas que estavam degradadas poderão ser revitalizadas. Induz o desenvolvimento dessas áreas”, diz. Este sistema de transporte vai valorizar o espaço urbano e, por outro lado, esses mesmos empreendimentos que vão se desenvolver, também garantirão um fluxo de passageiros adicional à ferrovia.