Última atualização 18/05/2024 | 16:03
Uma holandesa de 29 anos conseguiu permissão do governador para realizar eutanásia, após anos sofrendo com doenças mentais. Zoraya ter Beek ficou conhecida ao compartilhar seu enfrentamento com as séries de doenças diagnósticas ao logo da vida: depressão crônica, ansiedade, trauma, transtorno de personalidade não especificado e transtorno do espectro autista (TEA).
Zoraya ficou conhecida na Holanda ao contar um pouco de sua história na rede The Free Press. Segundo a holandesa, a decisão da eutanásia veio após o psiquiatra afirmar que todos os recursos terapêuticos existem havia se esgotado e afirmou que a atual situação da paciente “nunca iria melhorar”.
“Na terapia, aprendi muito sobre mim mesma e sobre os mecanismos de enfrentamento, mas isso não resolveu os problemas principais. No início do tratamento, você começa esperançoso. Achei que iria melhorar. Mas quanto mais o tratamento dura, você começa a perder a esperança”, relatou. Após anos de tratamento, Zoraya percebeu que não havia mais escapatória.
A holandesa contou que passou por um período aceitando que não havia mais tratamento para sua condição mental, até que resolveu fazer o pedido oficial para o governo. “Eu sabia que não conseguiria lidar com a maneira como vivo agora”, disse Zoraya ao tabloide The Guardian.
Zoraya contou ter passado por diversos tratamentos intensivos durante anos, indo de psicoterapia, medicamentos e mais de 30 sessões de eletroconvulsoterapia (ECT). No entanto, ela não percebeu nenhuma alteração e continuou com pensamentos suicidas e autoagressiva.
Quando a notícia da eutanásia foi publicada, a holandesa chegou a receber diversas mensagens, principalmente dos Estados Unidos, implorando para que não fizesse isso e que a vida era ‘preciosa’. Muitas das mensagens sugeriram ‘curas’ alternativas e, até mesmo, condenações religiosas.
No entanto, nada mudou a decisão de Zoraya. A mulher passou por um longo processo até que o pedido de eutanásia foi concedido, passando por avaliação de médicos. “Você tem que ser avaliado por uma equipe, ter uma segunda opinião sobre sua elegibilidade, e a decisão deles deve ser revisada por outro médico independente”, explicou.
Com a decisão acatada, a holandesa se prepara para seus momentos finais. Ao jornal britânico, Zoraya assumiu que, apesar de sentir medo do sofrimento que trará ao parceiro, amigos e família, ela está absolutamente determinada a continuar com o plano. “Para mim, será como adormecer. Meu parceiro estará lá, mas eu disse a ele que está tudo bem se ele precisar sair da sala antes do momento da morte”, diz a holandesa.
Os últimos momentos da paciente serão em sua casa, em uma pequena cidade próxima a fronteira com a Alemanha. Uma médica, responsável pela eutanásia, deve ir até a casa onde Zoraya vive com seus dois gatos.
Eutanásia
Pioneira na legalização da eutanásia ativa e do suicídio assistido, a Holanda permiti que uma pessoa solicite o procedimento se estiver sofrendo de forma insuportável e sem perspectiva de melhoras. A lei no país exige que o pedido seja feito de forma séria e com plena convicção, e que um médico avalie as condições do paciente.