Hollywood entra na maior greve desde 1960; entenda

O SAG-AFTRA, da sigla em inglês para o sindicato que representa os atores em Hollywood, anunciou oficialmente a greve a partir de meia-noite da última quinta-feira, 13. Com a oficialização, grande parte dos membros se junta aos roteiristas, que estão paralisados desde maio, na maior greve do entretenimento americano desde 1960. As negociações se concentram em melhores salários e outros benefícios.

A presidente da SAG, Fran Drescher, e o líder das negociações, Duncan Crabtree-Ireland, dialogaram sobre a decisão em coletiva de imprensa. Eles afirmaram que alguns membros, como atores de comerciais ou de audiolivros, devem manter as atividades.

“Quando empregadores fazem de Wall Street e da ganância suas prioridades e esquecem dos contribuidores essenciais que fazem a máquina funcionar, nós temos um problema, e estamos vivendo isso neste momento. Este é um momento muito seminal para nós. Comecei pensando seriamente que poderíamos evitar uma greve. A gravidade dessa mudança não passou despercebida por mim ou por nosso comitê de negociação, ou por nossos membros do conselho, que votaram unanimemente para prosseguir com uma greve. É uma coisa muito séria que afeta milhares, senão milhões de pessoas em todo o país e ao redor do mundo”, disse Drescher.

A organização da greve havia anunciado o fracasso nas negociações com representantes dos estúdios após o fim do contrato vigente, na quarta-feira, 12. O prazo já tinha sido prorrogado por 12 dias no início do mês.

Sindicato dos atores

Ao todo são 160 mil membros que se juntaram aos roteiristas. Por meio de um comunicado divulgado na última terça-feira, 11, o Sindicato dos Atores afirmou que não confiava que os empresários teriam intenção em entrar em um consenso. A organização tinha votado e aprovado a realização de uma greve em caso de fracasso nas negociações, o que de fato aconteceu.

Além de melhores salários e outros benefícios, as negociações também visam definir o uso da inteligência artificial na produção de filmes e programas de televisão, garantindo que as imagens digitais não sejam recriadas sem que eles autorizem.

Bruna Marquezine também aderiu a greve

Os impactos devem causar uma paralisação quase que total da produção cinematográfica e televisiva em Hollywood. Pode refletir também no impedimento da divulgação por parte as estrelas de alguns lançamentos de verão bastante aguardados, como foi o caso da atriz brasileira Bruna Marquezine.

Por meio dos stories do Instagram a atriz comunicou a decisão de aderir a greve, pedindo ajuda dos fãs que estavam ansiosos pelas ações de estreia do filme Besouro Azul. A previsão era que a trama fosse lançada no Brasil no dia 17 de agosto. Bruna tem um papel de destaque na produção e surpreendeu ao dublar a própria personagem.

Na rede social, ela agradeceu o carinho dos fãs e afirmou estar “sempre ao lado de iniciativas que lutem pelo progresso da comunidade artística, seja no meu país ou no exterior”. A atriz ainda pediu pelo apoio dos fãs. O recado foi dado tanto em português, como em inglês.

“Como os atores não podem mais participar de qualquer divulgação de seus projetos até o fim da greve, o apoio dos fãs será fundamental para trazer a visibilidade e o reconhecimento que Besouro Azul merece. Serei sempre grata a minha família Besouro Azul, elenco e equipe. Estou com vocês”, finalizou.

Resposta dos estúdios

A Aliança dos Produtores de Filmes e Televisão (AMPTP, em inglês) se defendeu dizendo que a SAG recusou propostas, inclusive em relação ao aumento em pagamentos mínimos e residuais de exibições internacionais e uma proposta inovadora de inteligência artificial. “[A proposta] protege as imagens digitais dos artistas, incluindo a exigência de consentimento do artista para a criação e uso de réplicas digitais ou para alterações digitais de uma performance”, disseram.

Entretanto, o líder das negociações refutou, dizendo que a proposta foi relacionada a digitalização dos figurantes e que eles “recebessem o salário por um dia de trabalho, e suas empresas possuíram essa digitalização, sua imagem, e poderiam usá-la pelo resto da eternidade em qualquer projeto que desejassem. Sem consentimento e sem compensação”.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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