Isenção do IR até R$ 5 mil em 2026: O que você precisa saber

Isenção do IR até R$ 5 mil em 2026: O que você precisa saber

O governo anunciou a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês. Saiba como isso afetará 36 milhões de contribuintes e o orçamento nacional a partir de 2026.

O governo federal, cumprindo uma das promessas de campanha do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apresentou um projeto para isentar o Imposto de Renda (IR) para aqueles que recebem até R$ 5 mil por mês. Essa medida foi anunciada pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão na quarta-feira, 27 de novembro de 2024.

A proposta divide opiniões entre especialistas. Alguns defendem a isonomia que essa medida traz à tributação, enquanto outros avaliam que este não é o momento ideal para anunciar uma renúncia fiscal tão significativa. Com a nova faixa de isenção, o piso para ser contribuinte do IR passará a ser de R$ 5 mil, uma faixa que atualmente paga alíquota de 27,5%. A tabela progressiva vigente deixará de existir, uma vez que o novo teto de isenção está acima do valor mínimo da alíquota máxima atual, que é de R$ 4.664,68.

O advogado tributarista Leonardo Branco destaca que “essa medida é importante porque o imposto de renda deve incidir somente sobre aquilo que excede o mínimo existencial, que é considerado como o mínimo para a pessoa viver com dignidade e estar possibilitada a acessar e exercitar seus direitos e garantias fundamentais, como saúde e educação.” Branco também aponta que a maior preocupação jurídica do momento diz respeito à tributação compensatória da renúncia. “Não se pode incorrer em oportunismos fiscais no sentido de que não se justifica instituir um tributo ilegal ou inconstitucional mesmo que para promover justiça fiscal,” alerta.

O governo sinalizou que o pacote de corte de gastos inclui mecanismos para taxar os super-ricos, a fim de compensar a renúncia. Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, explica que, por ser um benefício tributário e não envolver aumento de alíquota, a isenção do IR para quem recebe até R$ 5 mil pode valer imediatamente após sua aprovação. No entanto, a tributação dos super-ricos, que implementa uma nova alíquota, seguirá o princípio de anuidade, valendo apenas em 2026 se aprovada em 2025.

A medida ainda precisa ser aprovada pelo Congresso e será discutida em 2025 para entrar em vigor em 2026. Se aprovada, isentará aproximadamente 36 milhões de contribuintes do IR, segundo a Associação Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco).

Rodrigo Schwartz, professor do Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET), reforça que o momento do anúncio torna a implementação da medida mais desafiadora. “A perda de receita estimada pode agravar o déficit público em um momento em que o governo busca estabilizar as contas e reconquistar a confiança do mercado,” avalia Schwartz. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, sinalizou que a discussão sobre a reforma da tabela do IR deve ficar para 2025, dependendo da capacidade do Brasil de crescer e gerar riqueza sem aumento de impostos.

Com a isenção, os trabalhadores que recebem até R$ 5 mil por mês passarão a receber um salário líquido maior, uma vez que o desconto do IR na folha de pagamento será extinto para esse grupo. No entanto, a nova tabela progressiva do Imposto de Renda e as alíquotas para salários acima de R$ 5 mil ainda não foram detalhadas oficialmente.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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