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Médica fala sobre permanência dos sintomas após cura da Covid-19

Última atualização 09/12/2020 | 19:07

O Diário do Estado entrevistou, nesta quarta-feira, 9, a médica nutróloga, Drª Aline Longatti, para falar das “sequelas” que podem ser deixadas pela Covid-19. “É muito novo esse quadro, mas tem sido estudado muito. O que a gente percebe é que na grande maioria das pessoas que tem a Covid, é uma infecção branda, leve e que não tem tantas repercussões. Agora, tem uma porcentagem, inclusive crescente, destes pacientes que contraem a doença e ficam com alguns sintomas persistentes”, conta Aline.

Como funcionam estes sintomas prolongados? “O que chama mais a atenção é a fadiga crônica. É a fadiga muito grande e os pacientes se referem também a uma falta de ar aos pequenos esforços, Isso não acontece só nos casos mais graves, em pacientes que ficaram internados, mas pacientes com Covid branda que continuam tendo sintomas a longo prazo”. Mas a médica pontua que este “longo prazo” é relativo, pois se trata de uma doença com apenas um ano de existência.

“Tem pacientes que reclamam de dor muscular, dores nas articulações, perda de olfato e paladar que não voltam logo de imediato”, conta. “Só que a gente não sabe até onde vai e a que grau a complicação pode surgir”, admite. Outros casos possíveis são de pessoas que se curaram por agora, mas que por conta de já terem tido a Covid-19, desenvolverem problemas no futuro. “Há pacientes que podem ter repercussões cardiovasculares mais precoces, porque a gente nãos sabe até onde foram comprometidos os pequenos vasos”, afirma Longatti.

Ela relata também uma pesquisa interessante: “Na Rússia, tem se acompanhado pacientes em caso pós-hospitalar, mais graves… eu sei que foram 183 pacientes acompanhados. Destes, após 90 dias, 87% permaneceram com sintomas”, relata. “Acredita-se também que mais ou menos 2% dos pacientes que não foram hospitalizados, também permanecem com sintomas”. Mas a nutróloga tem reparado também repercussões emocionais: “Tem pacientes que falam comigo que começaram a ter depressão, ansiedade… assim, uma sensibilidade extrema”, aponta, preocupada.