Michelle Bolsonaro justifica uso de cartão de amiga e diz que Jair é “pão-duro”

Michelle

O advogado da família Bolsonaro afirmou que a ex-primeira-dama Michelle usou o cartão de crédito de uma amiga para despesas pessoais porque o ex-presidente Jair é “pão-duro”. O dinheiro que custeou os gastos teria sido desviado da Presidência da República, conforme apontam suspeitas apuradas pela Polícia Federal (PF). A prática teria sido liderada pelo ex-chefe dos ajudantes de ordens do Planalto, Mauro Cid.

 

As investigações sugerem que Cid orientou as assessoras de Michelle a fazerem depósitos em espécie e fracionados para pessoas próximas à ex-primeira-dama. Em uma entrevista coletiva, a defesa liderada por  Fabio Wajngarten alegou que a própria ex-primeira-dama deu declaração sobre a dificuldade em conseguir dinheiro do marido. Por esse motivo, ela nunca teria tido um cartão com o nome dele como titular.

 

O controle dos gastos à época em que era presidente não seria responsabilidade de Bolsonaro. Cid é quem sacava dinheiro para bancar  “pequenos serviços” de “manutenção da família”. A movimentação financeira em espécie dificultou o rastreio por parte dos investigadores, por isso levantou suspeitas dos policiais federais. 

 

De acordo com a PF, uma tia de Michelle Bolsonaro chamada Maria Graces de Moraes Braga recebeu 12 depósitos em dinheiro e a amiga da ex-primeira-dama, Rosemary Cardoso, recebeu três depósitos.A apuração começou após acesso a dados do celular de Cid, autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Os policiais verificaram indícios de práticas ilegais. 

 

Mauro Cid e do ex-ajudante de ordens da Presidência Luís dos Reis estão presos por suspeita de terem fraudados dados do cartão de vacina de Bolsonaro no sistema do Ministério da Saúde. 

 

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Restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos faz descoberta de cemitério de africanos escravizados

A restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Jaraguá, culminou em uma importante descoberta arqueológica: um cemitério com mais de 200 anos. Durante as escavações para a implantação de um sistema de drenagem, os arqueólogos encontraram ossadas que, segundo especialistas, são possivelmente de africanos escravizados e negros libertos.

A obra, iniciada em abril deste ano, é realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), com um investimento de R$ 3,5 milhões. A conclusão está prevista para 2025. A descoberta das ossadas aconteceu em novembro, quando 35 ossadas foram exumadas sob o calçamento externo, e centenas de outros túmulos foram identificados.

Importância Histórica e Cultural

“É uma descoberta importantíssima para a história de Jaraguá e do estado de Goiás, pois nos permite resgatar a memória histórica de um período significativo para a formação cultural”, ressalta a secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes. Este achado reforça a importância da preservação do patrimônio material e imaterial, conectando-nos com as raízes de nossa história.

Além das ossadas, os trabalhos também revelaram, com a remoção do piso de madeira, 56 campas funerárias numeradas dentro da igreja. Segundo os arqueólogos, há cerca de 150 sepultamentos nas laterais, no fundo e no pátio frontal da igreja. “Tem um sepultamento atravessado embaixo da escada da igreja, então quer dizer que aquela escada não é tão antiga, não é a original da construção. Em alguns locais a gente encontrou sobreposição de esqueleto, ou seja, existia o uso contínuo dessas covas”, conta o arqueólogo Wagner Magalhães.

A equipe agora enfrenta o desafio de extrair o máximo de informações possíveis sobre os esqueletos, que estão em péssimas condições de preservação devido ao solo úmido do local. As ossadas retiradas serão estudadas em laboratório para obter informações sobre sexo e faixa etária. Posteriormente, será feito um levantamento histórico com base nos registros de batismo e morte.

“Foi um trabalho surpreendente não só porque é inédito, mas é uma coisa que está mexendo com a memória. Quem eram essas pessoas? Apesar de não ter a história completa, a gente tem uma ideia do que aconteceu ali”, ressalta a arqueóloga Elaine Alencastro.

Educação patrimonial

Após o trabalho de curadoria da equipe arqueológica, a Secult, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Goiás, vai oferecer uma ação de educação patrimonial na igreja. “Todas as nossas obras já possuem tapumes educativos que contam a história do edifício, mas, com essa descoberta, vamos montar uma estrutura na igreja para que todos possam conhecer mais sobre essa história que ficou escondida durante tantos anos”, adianta a superintendente de Patrimônio Histórico e Artístico da Secult, Bruna Arruda.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi construída em 1776 pela irmandade de negros de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Nessa época, era comum a construção de igrejas específicas para a população negra. “Essa igreja foi dedicada aos pretos e foi construída por eles, e a população africana teve um papel importantíssimo até para a formação da cidade de Jaraguá. Então o que a gente tem aqui é um pouquinho da nossa história e traz também um pouco da história do início das minas de ouro, desses povos que trabalharam lá”, explica Wagner Magalhães.

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