DE mapeia migração de organizações criminosas para crimes cibernéticos
Bancos registraram fraudes de R$ 18,7 bilhões entre 2023 e 2024 no Brasil
O acesso à internet no Brasil chega a 84% da população brasileira com 10 anos ou
mais, o que representa 156 milhões de pessoas. Esse número cresceu, se comparado
a 2022, quando o índice era de 81%, segundo pesquisa TIC Domicílios 2023, do
Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação
(Cetic.br). No mundo, a ONU estima que cerca de 5,4 bilhões de pessoas tenham
acesso à internet, 67% da população mundial.
Com o aumento dessa globalização e acesso instantâneo, também crescem os crimes
na internet, segundo autoridades de segurança pública. Mais que isso, a Polícia
Federal identifica uma migração do crime organizado, antes nacional, agora de
forma transnacional no mundo digital.
As principais facções do Brasil estão presentes na internet e são monitoradas
por investigadores especializados no ambiente virtual.
Muitos dos crimes são praticados contra bancos públicos. Nesses casos, a
Diretoria de Combate a Crimes Cibernéticos da PF (DCiber) investiga a autoria e
segue o caminho do dinheiro. Quando as vítimas são correntistas, as polícias
civis dos estados fazem a apuração.
Dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) reforçam esse fenômeno. Em
2024, foram registrados R$ 2,7 bilhões envolvendo ocorrências de fraudes, golpes
e sequestros vinculados somente ao Pix.
Entre 2023 e 2024, o valor totalizou R$ 4,5 bilhões no Pix.
No quesito fraudes em canais digitais e cartão de débito, em 2024 foram R$ 10,1
bilhões. Somando 2023 e 2024, o valor totalizou vultuosos R$ 18,7 bilhões,
segundo a Febraban.
Investigadores da PF e da Interpol (rede internacional de polícias) dizem à CNN
que essa migração está relacionada à facilidade de se cometer um crime de
lavagem de dinheiro, por exemplo, ocultação de bens ou realizar pagamentos no
exterior. Destacam também que o crime organizado saiu do próprio território
nacional e essa digitalização ajuda nas transferências de renda para outras
localidades do globo.
Algumas investigações que correm na Polícia Federal apontam qual a rota que o
dinheiro levado das contas está tomando e algumas organizações criminosas são
mapeadas.
Nesta semana, a Febraban e a PF participaram de um evento sobre combate e
prevenção a fraudes cibernéticas e discutiram esse tema.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, citou a importância da integração entre
os setores público e privado e entre as agências públicas no combate à
criminalidade cibernética e a relevância da cooperação internacional.
O presidente da Febraban, Isaac Sidney, destacou que os bancos têm sido
protagonistas na proteção a golpes e fraudes financeiras e bancárias. “Mas temos
a consciência de que é absolutamente crucial que continuemos as parcerias, por
exemplo, com o Ministério da Justiça, com as forças da Segurança Pública, as
forças policiais federais e estaduais e, também, com outras entidades que
representam os setores diversos da economia”, disse.
O executivo defendeu punição a quem empresta sua conta para a criminalidade, os
famosos “laranjas”.