O Ministério Público de Goiás (MPGO) denunciou João de Lima Pereira, de 30 anos, por matar Izadora Alves de Faria, que confessou ter assassinado as duas filhas em Edéia, no sul goiano. O caso, que ocorreu em novembro de 2023, foi inicialmente apontado como suicídio pela Polícia Civil.
A denúncia contra João foi aceita pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) em 11 de julho deste ano. Segundo o documento, o acusado estrangulou Izadora com uma corda e a jogou no Rio Meia-Ponte em 3 de novembro de 2023. O corpo da mulher foi encontrado às margens do rio, com a corda amarrada no pescoço, quatro dias depois.
Depoimentos contraditórios
No primeiro depoimento, em 23 de fevereiro deste ano, João afirmou que tinha um relacionamento com Izadora e que, no dia do crime, estava bêbado e discutiu com ela. Ele alegou ter empurrado a mulher acidentalmente durante uma discussão enquanto estavam na ponte.
Já em 21 de março, ao mesmo delegado, João apresentou um laudo de “retardo mental leve”, prestou um novo depoimento e mudou a versão do interrogatório anterior. Ele negou ter tido um relacionamento amoroso com Izadora, negou estar com ela quando a mulher pulou no rio ou foi jogada da ponta, e negou tê-la empurrado.
A prisão de João foi determinada no dia 11 do último mês, mas ele não está preso. Por não possuir advogado, foi nomeado um defensor público para atuar na defesa do réu.
Detalhes do crime
Segundo a denúncia do MPGO, no dia da morte, por volta das 17h40, Izadora Alves de Faria comprou uma corda em um estabelecimento e, à noite, ela e João foram filmados por câmeras de segurança caminhado perto do local do crime.
A denúncia aponta que, às 21h20, Izadora fez uma transferência de R$ 1 mil para João. Depois, ela e o homem discutiram, e ele aproveitou para utilizar a corda comprada durante a tarde para estrangulá-la. Em seguida, o acusado a empurrou da ponte.
O corpo da vítima foi encontrado quatro dias depois, em avançado estado de decomposição. “Pelo local onde o corpo foi encontrado, estando distante de qualquer anteparo que pudesse sustentar a corda para um suicídio por enforcamento e pela posição que estava, provavelmente não foi uma morte por enforcamento proveniente de suicídio, mesmo sendo o laudo de caráter inconclusivo”, escreveu o delegado Marcus Vinicius Cardoso no inquérito policial.
Crime contra as filhas
O crime aconteceu em setembro do ano passado. No dia do homicídio, Izadora fugiu de casa após matar as filhas, Maria Alice, de 6 anos, e Lavínia, de 10. As meninas foram encontradas pelo pai, já mortas, em um colchão na garagem de casa.
A mulher foi encontrada na noite do mesmo dia, após buscas realizadas com cães farejadores em um matagal próximo à casa. Ela apresentava sinais de tentativa de suicídio e, por isso, foi internada.
Izadora confessou os crimes para a polícia e contou que havia envenenado, afogado e depois esfaqueado as filhas.
“Na mente dela, ela acreditava que tinha feito algo bom para as crianças. Ela achava que as livrou de viver uma vida como a que ela viveu,” disse o delegado.
Um exame realizado pela defesa da acusada constatou que ela possuía transtorno psicótico e que não era capaz de entender que seus atos eram errados durante o crime. “A promotora responsável pela manifestação esclarece que o pedido está de acordo com as normas técnicas e jurídicas, respeitando os devidos processos penal e constitucional”, afirmou o MP-GO à reportagem na época.
O MPGO pediu absolvição de Izadora Alves cerca de meses antes de sua morte .