O estado de São Paulo tem os primeiros dois casos confirmados de ômicron no Brasil. A informação foi confirmado pelo laboratório Adolfo Lutz no fim da tarde desta terça (30). Há ainda um terceiro caso suspeito sob investigação.
Trata-se de um homem de 41 anos e de uma mulher de 37 anos que chegaram ao Brasil em um voo da África do Sul em 23 de novembro. O casal está sendo monitorado e apresenta sintomas leves, porém está isolado.
Por meio de nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que a análise da amostra do casal ocorreu após testagem positiva para covid realizada no dia do desembarque no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
“Diante dos resultados positivos, o laboratório Albert Einstein adotou a iniciativa de realizar o sequenciamento genético das amostras. O laboratório notificou a Anvisa sobre os resultados positivos dos testes e sobre o início dos procedimentos para sequenciamento genético no dia 29 novembro e, na data de hoje, 30 de novembro, informou que, em análises prévias, foi identificada a variante Ômicron do Sars-Cov-2″, consta na publicação oficial.
O governo federal e a Anvisa ainda discutem a obrigatoriedade do cartão de vacinação na entrada ao Brasil.
Suspeitas em Brasília
Também nesta terça (20), um caso suspeito de ômicron em Brasília foi divulgado pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal (DF). A informação deixou os goianos em alerta com o risco de a variante estar circulando no estado devido à proximidade geográfica com a capital do país.
O homem está sendo monitorado pela equipe de saúde do DF desde 29 de novembro, quando realizou um teste para Covid-19. Ele tem entre 40 e 49 anos, recebeu três doses de vacina, não tem sintomas e está em isolamento domiciliar desde a chegada à capital brasileira.
Ele desembarcou em Brasília em 27 de novembro, após entrada no país em Guarulhos, em São Paulo no mesmo dia. O voo do homem é o mesmo em que estava o outro caso confirmado de covid-19 identificado no aeroporto paulistano. A confirmação da cepa infectante depende de um exame para sequenciamento genético. O resultado sai em quatro dias.
Covid em não vacinados
Fontes de dentro do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás informaram com exclusividade ao Diário do Estado que na manhã de hoje havia 14 casos de Covid-19 em pacientes que não se vacinaram sequer com a primeira dose.
Em entrevista coletiva ontem, segunda (29), o secretário de saúde de Goiás tentou acalmar o ânimo da população. De acordo com ele, não motivo para alarde, destacou a necessidade de imunização completa e sinalizou que pode rever a estrutura de atendimento para o caso de aumento de casos da doença.
“Naturalmente, com a diminuição do número de casos, estamos convertendo os leitos que eram exclusivamente da covid-19 em leitos gerais. Caso venha um número de casos exacerbado, uma outra onda, a gente faz o caminho inverso”, explicou o secretário.
Mesmo com o tom apaziguador, Ismael deve recomendar oficialmente ainda nesta semana que não sejam realizados eventos de rua, como Réveillon e Carnaval. Caso ocorram, a proposta é que sejam em lugares aberto com exigência do comprovante de vacinação.
Questionada sobre dados em relação à cobertura vacinal atualizada no estado e de estimativa de pessoas que não tiveram a covid, a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás não respondeu até o fechamento desta edição.
Réveillon
Por causa do alto risco de disseminação da nova variante e incertezas em relação às características da nova cepa, o governador do DF, Ibaneis Rocha, cancelou a programação do Réveillon 2022. Em Goiânia, a festa de virada de ano já estava suspensa. Apesar da confirmação de casos de ômicron, o prefeito de São Paulo mantém a festa de Réveillon.
Cepa dominante?
Embora mais transmissível, a ômicron pode ter o mesmo caminho da variante Delta em relação às vacinas. O temor era de que os imunizantes não fossem tão eficazes para evitar casos graves e, consequentemente diminuir a letalidade.
A dúvida persiste, mas os laboratórios responsáveis pela fabricação de doses de vacina anti-covid estão acelerando pesquisas e iniciar a produção de um produto com alta eficácia contra a ômicron.
Para o executivo-chefe da Moderna, Stéphane Bancel, já é uma certeza: as atuais vacinas anticovid são menos eficazes no combate à variante ômicron, conforme declarou em entrevista ao Financial Times nesta terça (30). “Acho que será uma queda substancial. Só não sei quanto, porque precisamos esperar pelos dados“, afirmou.
Cobertura vacinal x mutações
Um dos motivos para local de surgimento da nova variante estar associada à África é a baixa cobertura vacinal completa. Segundo dados da Our World in Data, o continente tem apenas 7,2% da população com imunização com duas doses.
Nas demais regiões do planeta, as taxas estão próximas ou acima da metade do total de habitantes: América do Sul e Europa lideram com 58%, em seguida a América do Norte e a Oceania com 55% e, depois, a Ásia, com 48%.